A semana passada foi especial. Recebemos, aqui em São Paulo, a visita dos irmãos do Ministério Restauração do Louvor, de Rio Branco (AC). Foram hospedados pelo Pr. Hector e sua esposa Pra. Raquel, da Igreja Paz. Vieram a princípio como convidados no Troféu de Ouro, mas participaram também do culto no IV Salão Internacional Gospel.
Mas vamos por partes:
O IV Salão Internacional Gospel, no Expo Center Norte (São Paulo SP), é uma feira de negócios evangélica. Começou privilegiando o ramo musical, mas com o passar dos anos se diversificou. Nesse ano, teve como expositores ministérios, editoras, grupos de louvor e artistas gospel e outros produtos.
Um evento como o Salão Internacional Gospel deveria ser um dos últimos lugares a receber a faixa “Voltemos ao Evangelho puro e simples, o $how tem que parar” e permitir a distribuição de panfletos contrários a teologias como a da prosperidade. Sim, pois tal frase vai contra os interesses de muitos dos expositores, que pagam para ali divulgar seus produtos e serviços. É importante pontuar que não somos contra o mercado. Nós, como qualquer outro, compramos roupas, alimentos, livros. Compramos até a Bíblia. Porém, somos contra o comércio de Deus: venda de indulgências, de objetos “ungidos”, de “louvor” (cantores que dizem ter ministério de louvor, mas só se apresentam nas igrejas mediante pagamento de cachê), da Palavra (pregadores que só funcionam movidos a gordas e preestabelecidas ofertas), de bênçãos. E como há expositores, nas feiras gospel, ofertando esse tipo de (mau) produto!
Porém, apesar da insatisfação de alguns dos expositores, os organizadores do Salão Internacional Gospel (Luciana Mazza e Marcelo Rabelo) sempre nos convidaram para abrir nossas faixas do lado de dentro da feira.
Nos anos anteriores, tivemos a oportunidade de palestrar sobre a necessidade da volta das igrejas à pregação e vivência da pureza e simplicidade do Evangelho. Desta vez, tivemos espaço para um culto a Deus. O louvor ficou a cargo da banda da Igreja Paz e do Ministério Restauração do Louvor. Na Palavra dividiram-se o irmão Marquinhos (abertura), o Pr. Hector e o Pr. Paulo Siqueira. O tema das mensagens: um avivamento é possível? Sim, se vivermos os Evangelhos!
Enfim, muitos dos que estavam na feira se aproximaram para tirar fotos segurando a faixa, demonstrando aprovação. A verdade é que são muitos os que estão cansados das falsas promessas que os falsos profetas têm trazido no nosso tempo. O Espírito Santo tem impulsionado os sinceros a buscar a Deus. Aos poucos, muitos têm tido seus olhos abertos para os enganos teológicos e a idolatria a pseudos homens e mulheres de Deus.
Realmente foi um sábado especial para todos.
Dois dias depois, na segunda, foi a entrega do Troféu de Ouro. Esse troféu tem substituído o antigo Troféu Promessas, que era entregue por uma empresa ligada à Rede Globo aos melhores “levitas” (como se escolhe o melhor adorador? Pelo número de almas que se convertem após ele cantar uma música?).
A cerimônia do Troféu de Ouro aconteceu no Teatro Bradesco, e lá estava boa parte dos artistas gospel do momento, a grande parte disputando a estatueta irmã-gêmea do Oscar de Hollywood. E lá estava o Ministério Restauração do Louvor, que foi convidado a abrir a cerimônia. E os pastores Hector e família e Paulo, que foram acompanhar o grupo.
Foi um $how de horror. Claro que entre a grande maioria de artistas gospel havia cantores sinceros. Mas o ambiente era de espetáculo, de exibição. Um fato resumiu o espírito do lugar: uma fulana artista gospel, ao subir para pegar seu “Oscar”, disse: “gente, eu tenho um sonho, e vocês precisam realizar o meu sonho: todo mundo levanta e me aplaude!”. E mais: “esse troféu é tão lindo que, se eu não ganhasse, eu comprava um”.
A coisa foi tamanha que em certa parte da cerimônia os organizadores perderam totalmente o controle. A multidão que pagou no mínimo R$ 50,00 para entrar ficou enlouquecida atrás dos artistas, de autógrafos, de fotos. Muitos gritos, muito alvoroço atrás de homens e mulheres. Deus ficou do lado de fora.
Enquanto os ânimos se exaltavam de glamour, os nossos estavam cabisbaixos, tristes, horrorizados com a situação. Afinal, os que ali estavam diziam estar para a glória de Deus. Em meio a tudo isso, alguém pegou uma das revistas que estavam espalhadas em todas as cadeiras do teatro. Era um exemplar da Revista Prisma, com cerca de 90% das páginas divulgando os artistas, uma espécie de Caras gospel. Ao folhear a revista, qual não foi a surpresa ao ver que havia uma reportagem falando do episódio em que Silas Malafaia chama os blogueiros cristãos de “filhos do diabo”, e contrapondo essa fala no mínimo infeliz trechos de um artigo do Paulo Siqueira em seu blog As Pedras Clamam!
Absurdo, não? O tipo de reportagem que poderia estar em qualquer lugar, menos ali, naquele lugar de exaltação ao ser humano e de valorização de artistas, através do troféu, para uma majoração na cobrança dos cachês.
Sim, as pedras clamam. E estão clamando em todo o lugar. Ninguém poderá, naquele dia, dizer que não ouviu, que não foi alertado da Verdade.
Quem estava ali gritando pelos artistas, e os próprios artistas que incentivam o culto à sua pessoa, se folhearam e leram a revista, leram também tal reportagem. Deus tem feito as pedras não apenas clamar, mas gritar aos quatro cantos. Até no meio de $how da vaidade gospel.
Sinceramente, estamos sem palavras. Apenas profundamente gratos a Deus, que faz além do que pedimos ou pensamos.
Glorifico a Deus pela vida de homens e mulheres que, mesmo diante das riquezas e dos benefícios que o “mundo gospel” pode lhes dar, ainda assim vêem o verdadeiro valor no tomar a sua cruz e seguir a Cristo.
Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!
O $how tem que parar!
(abaixo alguns dos irmãos que estenderam a faixa)
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