Especial
O dedo em riste,
os gestos amplos e o olhar desafiador já viraram suas marcas
registradas. Há mais de três décadas no ministério pastoral, Silas Lima
Malafaia, de 54 anos, é hoje uma das personalidades mais famosas do
país. Nem tanto pela exposição na TV, que vem desde 1982, quando entrou
no ar com o programa Renascer (não, nada a ver com a igreja de Estevam
Hernandes): foram a pregação eloquente, muitas vezes aos gritos, e as
polêmicas nas quais sempre se meteu que o tornaram conhecido,
requisitado e combatido. Dizendo-se chamado para falar o que muito
crente não tem coragem, Malafaia é tido como porta-voz por aqueles que o
veem como profeta levantado por Deus. Por outro lado, o líder da Igreja
Assembleia de Deus Vitória em Cristo – denominação que criou em 2010,
quando desligou-se da Convenção Geral das Assembleias de Deus, a CGADB,
denunciando desmandos e irregularidades na entidade que integrou por
muitos anos – coleciona desafetos. E não é apenas a militância gay quer
vê-o pelas costas. Dentro da Igreja Evangélica, são muitos os que o
desautorizam, inconformados por ver sua fé representada por alguém como
ele.
Hoje,
o Silas Malafaia que o Brasil conhece é muito diferente do jovem
pregador que começou seu ministério na Assembleia de Deus da Penha,
subúrbio do Rio. À frente das câmeras, diante de congregações lotadas ou
nas constantes aparições via mídia, o pastor tem sempre algo a dizer
sobre tudo – da política nacional à bioética, passando pelo aborto e
pela questão dos direitos civis dos homossexuais, sua principal bandeira
hoje. As pregações, geralmente, não se aprofundam na teologia que
aprendeu nos bancos do Instituto Bíblico Pentecostal. Gravadas e
comercializadas aos borbotões de CDs e DVDs, têm caráter essencialmente
prático na vida do crente – "vitória", "conquista" e "colheita" são
expressões recorrentes, inclusive nos livros que publica. Além da ADVEC,
o pastor dirige um conglomerado empresarial que inclui a Editora
Central Gospel, a gravadora do mesmo nome e a Associação Vitória em
Cristo, além do site Verdade Gospel.
Com tamanha
projeção, Silas Malafaia é o pastor mais conhecido do país. Porém, sua
liderança é severamente questionada toda vez que ele aparece afrontando
adversários ou pedindo que as pessoas lhe deem dinheiro. "O pastor Silas
fala para agredir. Muitos têm a mesma opinião que ele, mas a maneira
como as expressa demonstra arrogância", aponta a universitária Natália
Conceição, evangélica de Recife (PE). "Não concordo com a visão dele, e
por isso, Malafaia não me representa". Uma página na rede social
Facebook, intitulada Bereanos, circula na internet com o mote "Sou
evangélico e o pastor Silas Malafaia não me representa", pedindo
assinaturas de apoio. "Se você é evangélico e está cansado de ter um
pseudo-representante, falando em seu nome. Você que se envergonha das
grosserias deste pastor. De sua teologia da prosperidade, que transforma
Deus em um servo e não Senhor. Das suas intenções políticas em época de
eleições. De sua sede de crescimento de igrejas a qualquer custo. De
sua presunção e arrogância", diz o texto.
"Imaginar-se a
voz de mais de 40 milhões de fiéis é algo completamente irreal e sem
nenhum sentido", avalia o pastor Oswaldo Prado, da Igreja Presbiteriana
Independente e secretário executivo do ministério Servindo pastores e
Líderes (Sepal). "A Igreja, no decorrer da história, teve seus piores
períodos quando esteve nas mãos de líderes que não foram colocados por
ela mesma nessa posição".
MUDANÇA
Em diversos
momentos, Silas já surgiu tentando mobilizar os evangélicos. Foi assim
por volta do ano 2000, quando chegou com força ao país, oriundo da
Colômbia, o movimento eclesiástico conhecido como G12. Discordando do
que chamou de heresia e "palhaçada de gente que não conhece a Bíblia",
Malafaia chamou para a briga os lideres do G12 no Brasil, pastores Renê
Terra Nova e Valnice Milhomens. Contudo, não conseguiu impedir a
expansão do movimento, que foi adotado por denominações inteiras, como a
Igreja do Evangelho Quadrangular. Com o tempo, até aproximou-se de
Terra Nova, líder do Ministério Internacional da Restauração, em Manaus
(AM).
Na esfera
política, Malafaia também tem tentado ser formador de opinião. Sem
sucesso, muitas vezes: na corrida presidencial de 2010, após retirar seu
apoio a Marina Silva, ligada à Assembleia de Deus, criticando-a por
defender a legalização mais ampla do aborto no Brasil, viu a então
candidata do PV se transformar num fenômeno das urnas. O maciço apoio
evangélico quase a levou ao segundo turno. Já na segunda etapa daquela
disputa, o pastor usou seu programa para defender José Serra, tendo até
um vídeo seu usado na campanha de TV do tucano. Mas Dilma Rousseff
venceu com ampla margem de votos. Ano passado, conclamou os crentes a
"cair de pau em cima de [Fernando] Haddad" na corrida pela Prefeitura de
São Paulo. É que o candidato petista, ex-ministro da Educação,
promovera a distribuição do famigerado "kit gay" – conjunto de materiais
contra a discriminação aos gays que conteria apologia à
homossexualidade – nas escolas de ensino fundamental. Porém, Haddad
ganhou a cadeira de prefeito.
Em 2002, o pastor
tentou conclamar os eleitores do Rio de Janeiro a derrotar o petista
Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Planalto, dizendo que o
Estado, então governado por Benedita da Silva, também do PT, estava "uma
bagunça". No segundo turno, diante da perspectiva da vitória inevitável
de Lula, que obteve maciça votação dos fluminenses, Malafaia juntou-se a
outros pastores e líderes para apoiá-lo. Mas a proximidade com o mundo
político também dá bons resultados. O pastor Silas ajudou o prefeito do
Rio, Eduardo Paes (PMDB) na sua primeira eleição, em 2008, num disputado
segundo turno contra o deputado verde Fernando Gabeira. Já à frente da
Prefeitura, Paes aprovou verba de cerca de R$ 2,5 milhões para organizar
a Marcha por Jesus na cidade, evento que contou com a liderança do
pastor. Depois do evento, Malafaia até anunciou a devolução de 410 mil
reais, valor que não teria sido usado, aos cofres públicos. Em 2012, na
corrida pela reeleição, Malafaia novamente declarou seu voto ao
prefeito, desta vez negociando o apoio de Paes ao candidato a vereador
Antonio Isquierdo. Ligado à ADVEC, foi eleito com quase 33 mil votos.
Diversos líderes
procurados por CRISTIANISMO HOJE preferiram não se manifestar ao saber o
teor da matéria. O pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança,
em Niterói (RJ), é um dos que expõem seu desconforto: "Eu,
particularmente, preocupo-me com esse tipo de exposição. A forma como
Malafaia se dirige à imprensa dá a impressão de que fala em nome de
todos os evangélicos, o que não é verdade". Mantenedor de um blog com
reflexões e mensagens à luz da teologia reformada, Vargens lembra com
"saudosismo" do Malafaia de antigamente, que usava seu programa de TV
para evangelizar aqueles que não conheciam a Cristo e combater desvios
teológicos da Igreja Evangélica brasileira. "É evidente que Silas se
transformou radicalmente. Ele mudou seus pressupostos teológicos",
continua.
Vargens discorda
do modo altivo como Malafaia tem se manifestado. "Isso vem contribuindo
para uma beligerância desnecessária entre a sociedade civil e a Igreja",
aponta. "Deslizes assim terminam, infelizmente, afetando o grupo como
um todo". E destaca outro aspecto da mensagem de Silas Malafaia que
merece críticas: a pregação com forte ênfase nos desafios de fé regados a
dinheiro. "Discordo veementemente quanto à sua teologia, principalmente
quando prega sobre confissão positiva. Na verdade, considero herético o
seu ensino sobre prosperidade", critica Vargens. Para ele, o fato de
muitos líderes evangélicos viverem nababescamente tem contribuído para
que a sociedade construa a imagem de que todo pastor é rico. "Ora, todos
sabemos que a realidade não é essa."
Não há, claro,
nenhuma lei que proíba ninguém de pedir dinheiro. O pastor Silas faz
apelos frequentes por ofertas para os mais variados fins – a manutenção
de seus programas no ar, as ações sociais da Associação Vitória em
Cristo, a implantação e reforma de templos e até a compra de um avião
para o ministério, o que lhe rendeu muitas críticas. Muita gente torce o
nariz não apenas para os apelos insistentes, mas para os métodos
empregados. Causaram rebuliço as campanhas financeiras baseadas em
valores específicos de ofertas, como as chamadas "sementes". Morris
Cerullo, pastor americano de origem judaica, esteve ao seu lado na
campanha dos 900 reais, lançada em 2009 no Vitória em Cristo .Sobre ele,
há acusações em seu país, que vão desde charlatanismo a crimes fiscais,
passando por enriquecimento ilícito. Milionário, Cerullo reside numa
mansão avaliada no equivalente a mais de R$ 20 milhões e é conhecido por
sua habilidade na arrecadação de ofertas para o ministério
internacional que capitaneia, sediado em San Diego, na Califórnia.
Outro colaborador
de Malafaia nas campanhas financeiras pela TV, Mike Murdoch, também tem
trajetória controvertida. Seu ministério recebe muitas doações para
obras assistenciais, mas o pastor americano é criticado por levar um
estilo de vida principesco. A Associação Evangelística Mike Murdoch já
teve problemas com o Fisco e seu líder foi apontado por um
ex-colaborador como alguém que leva uma vida mundana paralela.
Entusiasta da prosperidade, Murdock lançou com Silas a campanha
"Campeões da fé". Qualquer telespectador que se dispusesse a doar R$ 1
mil como teria sua oferta contabilizada na tentativa de arrecadar R$ 3
milhões para projetos da Associação Vitória em Cristo e ganharia livros
de Murdock – além de bênçãos financeiras, é claro. Outra campanha
lançada pela dupla, o "Clube 1 Milhão de Almas", tem objetivo mais
ousado: conquistar um milhão de novos convertidos através dos
ministérios de Malafaia. Para fazer parte, também é necessário uma
doação de 1 mil reais. Até o fechamento desta reportagem, a quantidade
de doadores anunciada pelo site da campanha era de pouco mais de 62 mil.
“Embora Silas Malafaia tenha um pé na teologia da prosperidade, ele usa
o artifício de colocar os apelos mais fortes para suas campanhas de
aumento de ofertas na boca de pastores americanos”, aponta Romulo Amorim
Correa, mestre em Sociologia e professor do Seminário Presbiteriano de
Brasília.
"MAL ESTAR"
A reportagem
encaminhou a Silas Malafaia uma pauta com perguntas. Através de sua
Coordenadoria de Comunicação, o pastor respondeu de maneira pronta e
atenciosa, agradecendo o convite e explicando que, devido a uma série de
compromissos pré-agendados, não poderia atender a revista naqueles
dias. Uma das questões era sobre o desconforto que suas campanhas pela
TV em busca de doações de valores específicos, como 800, 900 ou 1 mil
reais – que teriam significados espirituais e redundariam em bênçãos
materiais como retorno – têm causado à Assembleia de Deus, denominação
na qual fez sua carreira ministerial. "O mal estar é explícito e
inegável. Muitos membros e pastores assembleianos e de outras
denominações tiveram que passar pelo constrangimento de explicar os
apelos financeiros vexatórios (semeaduras), feitos em plena TV aberta",
reclama o teólogo Altair Germano, pastor auxiliar na Assembleia de Deus
em Abreu e Lima (PE) e vice-presidente do Conselho de Educação e Cultura
da CGADB.
Pastor Altair Germano da AD: O constrangimento na denominação é evidente |
Germano deixa
claro que suas observações não visam a atingir a vida pessoal do colega,
mas carrega nas críticas aos seus posicionamentos. "Ao promover e
vender abertamente a Bíblia de estudo batalha espiritual e vitória
financeira em seu programa, de forma clara e direta o pastor Silas
Malafaia se posicionou como promotor de posturas que antes combatia",
observa. Ele acrescenta que Malafaia não é um caso isolado. "Vários
pastores assembleianos têm abraçado a teologia da prosperidade,
distanciando-se dos ensinos bíblicos sobre a verdadeira prosperidade dos
crentes, das motivações e dos meios para alcançá-la". Acontece que,
como estes não possuem muita visibilidade, prossegue, "passam
desapercebidos". No entanto, o teólogo acha que há pontos positivos no
ministério de Malafaia. "Com seu jeito peculiar, ele tem se posicionado
acerca de questões como a homossexualidade. Penso que, se corrigir o
deslize doutrinário aqui tratado, estará dando um grande passo para
voltar a contribuir de forma plena com a pregação do Evangelho e para a
edificação da Igreja. Oro por isso."
A luta contra a
suposta mordaça que os gays estariam tentando colocar na Igreja é a
guerra santa de Malafaia. Tudo por causa do Projeto de Lei 122/06, a
famigerada lei anti-homofobia, que prevê punições contra quem
discriminar homossexuais. Um de seus maiores adversários tem sido o
deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), defensor da causa gay dentro e
fora do Congresso. O movimento homossexual tem feito todo tipo de
chacota com o nome de Malafaia, pintado e apresentado como um nazista
homofóbico, enquanto o debate sobre os direitos da comunidade gay ocupa o
topo de agenda nacional. Na recente e comentadíssima aparição no
programa De frente com Gabi, apresentado pela jornalista Marília
Gabriela no SBT, um Silas agressivo fez afirmações sobre a inexistência
de um gene ligado à homossexualidade. No dia seguinte, foi desmentido
por um geneticista e rebateu desconstruindo o "pseudodoutor", numa
polêmica que, como a do sexo dos anjos, parece não ter fim.
O programa de
Gabriela foi apenas mais um no qual Silas Malafaia tem sido destaque.
Nos últimos tempos, ele deu entrevistas a revistas de circulação
nacional, como Veja, IstoÉ e Época; foi citado em reportagens de grandes
jornais como Folha de São Paulo e O Globo; apareceu no Jornal Nacional e
o Fantástico, da Rede Globo. Deu as caras até em atrações populares,
como o Programa do Ratinho, do SBT, e Pânico na Band, entrevistado pela
apresentadora-modelo Sabrina Sato em um sofá. Embora declare seu
respeito à opção de vida de cada um, o pastor tem insistido na ideia de
que o patrulhamento gay visa a impedir que qualquer crente ou pastor
diga publicamente que a prática homossexual é pecado à luz das
Escrituras. Ele denuncia que setores articulados da militância gay
querem fazê-lo perder seu registro profissional de psicólogo, já que uma
norma do Conselho Federal de Psicologia proíbe terapias voltadas a
mudança de opção sexual, embora ele não atue como terapeuta. Com seu
jeito, ele diz que "a bicharada" o detesta porque prega a verdade. Por
via das dúvidas, desde que seu nome passou a despertar tamanha rejeição,
anda acompanhado por seguranças. "Se eu levar tapa de gay, vai ficar
ruim para mim", declarou, zombeteiro, numa entrevista a IstoÉ.
HIPEREXPOSIÇÃO NEGATIVA
A veia, digamos,
combativa do pastor Silas Malafaia já foi destaque até em reportagem do
jornal americano New York Times. A publicação destacou seu papel na
Igreja brasileira, dizendo que seus "ataques verbais contra uma ampla
gama de inimigos" atraem cada vez mais atenção – não necessariamente, no
sentido positivo do termo. "Não surpreendentemente, sua proeminência
crescente fez dele fonte de admiração e mal-estar", avalia a matéria. O
jornal cita as polêmicas de Malafaia em relação aos direitos civis dos
gays, dos defensores do direito irrestrito ao aborto e da
descriminalização do consumo de maconha.
A hiperexposição
do pastor Silas Malafaia só pode ser prejudicial à imagem de uma Igreja
que é múltipla e diversa. Esta é a opinião do antropólogo Flávio
Conrado, pesquisador ligado ao Instituto de Estudos da Religião (Iser) e
editor da revista Novos diálogos. "Ele é resultado do fenômeno do
televangelismo brasileiro que se consolidou nos anos 1990 através de
figuras como Miguel Ângelo, Caio Fábio, Nilson Fanini, Estevam e Sônia
Hernandes e Edir Macedo", compara. "Silas nem sequer é representativo da
diversidade de sua própria denominação, a Assembleia de Deus; que dirá
do que se tornou hoje o que chamamos de Igreja Evangélica brasileira".
Avalia. À luz da Sociologia da religião, continua, o estudioso,
lideranças com esse perfil têm usado a retórica da perseguição
religiosa, da vitimização e da escolha de inimigos para alimentar uma
espécie de guerra espiritual. "Os inimigos já foram o catolicismo
idólatra, o comunismo ateu e agora parece ser a ditadura gay e a defesa
da família brasileira". Silas Malafaia já até espalhou out-doors em
praças de grande visibilidade defendendo o casamento apenas entre homem e
mulher pela preservação "da família e da espécie humana".
"Infelizmente", conclui Conrado, "quando se trata dos evangélicos, uma
parte da mídia brasileira busca, muitas vezes, o espetáculo, visando à
audiência, e isso Malafaia pode dar pelas posições controversas que
assume e defende e a maneira teatral e histriônica como as apresenta".
Já na Igreja
Vitória em Cristo, uma indisfarçada "lei do silêncio" parece reger seus
fiéis. Procurados por CRISTIANISMO HOJE, membros da denominação disseram
que nada falariam sobre Malafaia, mesmo após a explicação de que a
reportagem buscava apenas sua opinião pessoal. Um dos pastores
auxiliares foi claro ao dizer que somente o próprio presidente poderia
falar.
Para o pastor
batista e professor de Teologia Lourenço Stelio Rega, tamanha
concentração de poder eclesiástico, bem como a insistência e
agressividade nos pedidos por dinheiro, não apenas caracterizam a
guinada neopentecostal de Malafaia como contaminam sua pregação. "Para
poder tocar toda estrutura que criou, Silas Malafaia acabou tendo de
focalizar parte de sua mensagem no tema do dinheiro. É uma armadilha
terrível essa em que ele e os outros protagonistas da teologia de
mercado, com o evangelho da prosperidade, têm caído", alerta. Quanto
àquela que, um dia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou de
"a voz rouca das ruas", mesmo quem dispõe de tanto conhecimento
teológico sabe muito bem discernir o que está acontecendo. "Relógio de
ouro no pulso, avião particular, casa na Flórida; campanhas e mais
campanhas por ofertas, 'sementes' e dízimos... Silas Malafaia perdeu-se
em meio às riquezas deste mundo", afirma o taxista paulistano Antônio
Fernando Gonçalves, fiel da Igreja O Brasil para Cristo.
"OBSESSÃO SEM CONTROLE"
Diretor e
professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor Lourenço
Stelio Rega é doutor em Ciências da Religião e mestre em Teologia.
Autor do livro Dando um jeito no jeitinho (Editora Mundo Cristão), no
qual trata da ética cristã, Rega é um dos maiores especialistas
brasileiros no tema. Sob esta ótica, ele avalia a atuação do pastor
Silas Malafaia:
CRISTIANISMO HOJE – Como o senhor avalia a presença midiática e a atuação pastoral de Silas Malafaia?
LOURENÇO STELIO
REGA – Malafaia não sabe dialogar, só gritar, para alimentar a sede
belicosa de seus fãs. Com o uso de uma estratégia apologética tão
guerreira, está causando um prejuízo incalculável à imagem dos
evangélicos. Ele está numa obsessão sem controle. Quem vai conseguir
convencê-lo disso?
Por que ele atrai
tanto o interesse da mídia, já que, até recentemente, pastores
praticamente não tinham espaço na grande imprensa?
Porque ele grita,
e bem alto; então a imprensa o quer ouvir – mas será que também a
imprensa, com isso, não quer nos expor ao ridículo? Quando Malafaia se
vale de argumentos inconsistentes e se expressa da maneira como o faz,
parece que a soma disso tudo acaba por enfraquecer a visão geral sobre o
que é ser evangélico. Silas Malafaia passa à opinião pública a ideia de
que somos infantis, extremados, fechados, sem diálogo.
A compra de um
avião por Silas Malafaia provocou críticas ao seu ministério, assim como
a recente reportagem da revista Forbes apontando-o como um dos pastores
mais ricos do Brasil. Quais os efeitos dessa ostentação por parte de um
líder religioso?
Uma das
características do ministério cristão é a humildade, não necessariamente
a pobreza. Assim, o líder evangélico deve ser comedido em suas posses,
com cuidado para evitar comentários e evitando sempre a empáfia, a
soberba, a altivez. Para poder tocar toda estrutura que criou, Silas
Malafaia acabou tendo de focalizar parte de sua mensagem no tema do
dinheiro. É uma armadilha terrível essa em que ele e os outros
protagonistas da teologia de mercado, com o evangelho da prosperidade,
têm caído.
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Considere apenas:
(1) Discordar não é problema. É solução, pois redunda em aprendizado! Contudo, com modos.
(2) A única coisa que eu não aceito é vir com a teologia do “não toque no ungido”, que isto é conversa para vendilhão dormir... Faça como os irmãos de Beréia e vá ver se o que lhe foi dito está na Palavra Deus!
(3)NÃO nos obrigamos a publicar comentários ANÔNIMOS.
(5) NÃO publicamos PALAVRÕES.
“Mais importante que ser evangélico é ser bíblico” - George Knight .