Gosto de
Fórmula 1 desde pequeno. Mesmo com a morte do Senna, continuei
assistindo as corridas e amargando o fato de não termos mais um
representante à altura de nossas tradições.
A F1 é um
esporte curioso. Contraditoriamente, nem sempre a maior equipe é a
melhor na competição. Veja o caso da Ferrari. Sem dúvida, ela é a
escuderia mais poderosa, pois sua marca é a mais famosa e sua estrutura a
mais glamorosa. Contudo, mesmo tendo o maior piloto do mundo, além de
milhões de dólares investidos em tecnologia e pesquisa, a Ferrari não é o
melhor time.
Intrigante, mas
esse fenômeno parece acontecer também com os Protestantes no Brasil. O
protestantismo “brazuca”, herdeiro do americano, tem historicamente como
uma de suas características o desenvolvimento de uma mentalidade
altamente voltada para números. Ele sempre perseguiu metas, porcentuais,
quantidades. Não é difícil encontrar entre evangélicos uma neurose
culposa que visa alcançar os perdidos, evangelizar os caídos, de alguma
forma, tornar a “massa do bolo” maior.
Segundo o
último censo do IBGE, em 2010 esse segmento chegou à expressiva marca de
42,3 milhões de fiéis – 22,2% dos brasileiros – o que representa um
aumento de 61,45% em relação aos dados do ano de 2000. “Extraordinário”!
Mas aqui surge uma questão: o crescimento numérico dos evangélicos se
desdobra, também, num crescimento qualitativo?
Ora, que eles
cresceram numericamente é fato! Mas não foi só isso. Esse crescimento
produziu uma representatividade que se alastrou em outras esferas. Hoje,
o grupo possui uma forte bancada no Congresso Nacional, emissoras de
televisão, rádios, gravadoras, veículos de comunicação dos mais diversos
a serviço da “fé”.
Evangélicos se tornaram pop stars,
empresários bem sucedidos, profissionais liberais, funcionários do alto
escalão de empresas, membros do governo. Eles estão nos esportes, nas
artes, em praticamente todos os segmentos da sociedade civil organizada.
Pasmem, mais eles estão até na Rede Globo!
De fato, parece
que os evangélicos encontraram mesmo o seu lugar ao sol. Não há mais
como ignorá-los, pois eles possuem “prata e ouro!”. Falta-lhes, todavia,
graça e poder para proclamar aos aleijados da existência: “levantem-se e
andem!”.
Mesmo sendo um
grupo maior, os evangélicos não se tornaram um grupo melhor. Eles
representam cerca de 20% da população do país, mas isso não se traduziu
em bem para a sociedade, aumentaram de tamanho, mas isso não reverberou
mudanças significativas.
A questão é bem
simples: o discurso e a prática estão tão distantes quanto dista o
oriente do ocidente. Ser evangélico no Brasil é sinônimo de
obscurantismo e fundamentalismo. Se você perguntar a alguém que não é
parte da confraria, perceberá que a opinião pública tem deles a pior
impressão possível. Bem diferente do que acontecia com a igreja em
Jerusalém, que louvava a Deus e tinha a “...simpatia de todo o povo”.
At. 2:47.
O grupo
cresceu, é bem verdade, mas não apareceu. Tornou-se poderoso, mas
ineficiente, expressivo, mas insipiente, reconhecido, mas não
respeitado. Ele não produz diferenças em termos de caráter, não obstante
ter muito "carisma", não denuncia abusos sociais, não se envolve com
causas ambientais, tudo para eles resume-se às questões metafísicas e
sobrenaturais. Muita religião e pouca ação, ou, em outras palavras, fé
sem obras! Tg. 2:18.
Dificilmente
você verá evangélicos lutando por questões ligadas à melhoria da
dignidade humana, ou engajados em ONGS, movimentos sindicais ou partidos
políticos. Há exceções, mas cada vez mais escassas. A grande maioria
vive alienada dentro de “templos”, em “campanhas”, “correntes”, fazendo
alquimia de doutrinas, esquecida de que o mundo agoniza com infecção
generalizada, lentamente flutua à deriva na maré da vida.
De que adianta
ter evangélicos no poder, no comando, ser “cabeça” ao invés de “cauda”?
Sim, para que serve se isso não se traduz em graça, misericórdia e
salvação! Qual a vantagem de ter igrejas cheias de pessoas vazias? E
assim, em busca de alcançar a vida eterna, eles acabaram esquecendo que
ainda há vida aqui na Terra.
Tristemente, o
que se vê em meio a tanto “crescimento”, é escândalo em cima de
escândalo. “Pastores”, “bispos”, “apóstolos” e outras “entidades” do
mundo eclesiástico cometem todo tipo de torpeza e arbitrariedade. É
“crente” que mente, que é ganancioso, fofoqueiro, malicioso, beligerante
e avarento. Gente que quer vencer no mundo e não vencer o mundo!
Casamentos falidos, filhos criados à revelia, desordens financeiras,
vida profissional fraudulenta, e por aí vai. Essa é minha rotina há 10
anos, atendendo gente todos os dias. Gente “evangélica”...
Há salvação?
Há. “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar,
buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o
ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua nação”. 2ª. Cr. 7:14.
O Brasil, como
se sabe, é o maior país Católico do mundo. E daí? Também somos o país da
malandragem, dos juros escorchante, da má distribuição de renda, das
estruturas perversas, do nepotismo, dos miseráveis, das mortes
violentas, da ladroagem, do sucateamento da saúde, da educação... Em
suma, somos o melhor do pior! E viva a Copa de 2014! Brasiiiillll !
Ah... Você acha que se fôssemos o maior país evangélico do mundo tudo seria diferente? Acha mesmo!?
Carlos Moreira
Fonte: http://anovacristandade.blogspot.com.br/2013/06/ser-maior-nao-significa-ser-melhor.html
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