Já nascemos com uma condição certa, o sofrimento. “Tristeza não tem fim, felicidade sim”, disse o poeta Vinícius de Morais, e com sua parcela de razão.
O sofrimento é a humilhação que o pecado nos legou. Sofrimentos psicológicos, físicos e existenciais… Sofrer é algo que o tempo nos ensina, é algo que o corpo sente na pele, no cabelo, nas mãos, nas rugas, nas juntas, nos músculos, no coração…
Os mais estimados filósofos da história fizeram caso dele em busca de uma razão para o existir. Soren Kierkegaard (1813-1855) dizia que a “angústia era a vertigem da liberdade”, isto é, pensar a liberdade humana e a capacidade de fazer escolhas já traria consigo a penumbra do sofrimento presente no pensamento. Que coisa hein?! O fato de lidar com decisões, por mais simples fossem, já gerava um sofrimento para o pensador.
Renato Russo, poeta do rock nacional que marcou a década de 80, também fez caso da dor e contribuiu com a certeza de que todos nós sofremos, em níveis diferenciados, na caminhada do existir.
Mas o maior exemplo de sofrimento humano encontramos em Cristo! Ali temos o exemplo máximo de sofrimento psicológico, físico e espiritual. Psicológico porque ser carpinteiro desde pequeno lidando com pregos, martelo e madeira certamente gerou um drama para um jovem que sabia que iria morrer numa cruz; físico porque os açoites e a crucificação nos revelam um sofrimento sem tamanho para qualquer humano; e espiritual porque sobre ele estavam todos os pecados dos homens.
“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.” [Isaías 53:4-6]
O maior sofrimento que o homem pode ter nesta vida não está relacionado as suas emoções ou aspectos físicos, mas sim a sua condição espiritual. Estar desconectado de Deus é a pior sensação que o homem pode sentir.
Nos últimos dias de sua existência Renato Russo escreveu “Me fale do sagrado coração porque eu preciso de ajuda”. A sua alma implorava por alívio.
A realidade do século XXI nos apresenta esse quadro: pessoas supridas materialmente, abastecidas em seus laços afetivo-emocionais, porém vagando pelas vielas desta sociedade hedônica e consumista como zumbis existenciais. – “Eles precisam de ajuda; eles precisam saber da VERDADE”! Grita a minha alma em relação ao mundo que observo. Pessoas buscam constantemente fugas, seja nas drogas, no entretenimento e até na religião.
Mas, sofrimento não é só legado do mundo. É legado também da igreja! Se por um lado estamos aliviados das cargas do pecado, e reconciliados em Cristo, ainda temos um caminho estreito a trilhar, pois tomar a Cruz de Cristo significa estar disposto e disponível para andar os passos do mestre. Por isso nossos sofrimentos, sejam físicos, psicológicos, ou de qualquer ordem humana tem um objetivo central: nos identificarmos com Cristo. Glórias a Deus por isso!
A medida que perecemos em corpo, nos regozijamos em saber que teremos um corpo glorificado; a medida que nos frustramos com os nossos sonhos sabemos que nada se compara ao que Ele preparou para nós; a medida que perdemos a nossa vida em detrimento das glórias deste mundo, nos achamos em Jesus, sendo abraçados por Ele.
Definitivamente, os breves tempos de aflições não podem se comparar com a glória que há de ser em nós revelada!(Rm 8.18)
Pode até soar herético, mas não é querido leitor: “Sofrer também é nossa sina, pois até nele a glória de Deus é revelada!”
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Antognoni Misael, vascaíno sofredor, que pilota o Arte de Chocar e Púlpito Cristão.
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