Ronnie James Dio, segundo Alírio Netto, que interpreta o famoso traidor no espetáculo "Jesus Cristo Superstar", que estreou na semana passada e que fica em cartaz até 8 de junho no Teatro Tomie Ohtake.
Muito embora sua versão para Judas se relacione mais à estética de um vocalista de metal melódico, a relação de Netto é válida em termos gerais justamente pelo direcionamento mais pesado da nova versão do espetáculo da Broadway, baseado no clássico álbum homônimo de ópera rock lançado em 1970, na Inglaterra, com letras de Tim Rice e música de Andrew Lloyd Webber.
Diferente do direcionamento talvez um pouco mais hippie das apresentações dos anos 70, a adaptação mantem as estruturas das canções originais, mas investe mais forte em guitarras, baixo e bateria, sobretudo no que se refere aos trechos com os personagens mais obscuros da trama, como o próprio Judas, o governador romano Pôncio Pilatos (Fred Silveira) e o sumo sacerdote Caifás (Rogerio Guedes). Para se ter uma ideia, todos os solos de sax da obra original foram substituídos por guitarras.
"Comecei a trabalhar pela partitura original e a partir daí dei a roupagem que eu queria, já bastante mal-intencionada em pesar no rock (risos). Escolhi as vozes que melhor se encaixavam no que eu tinha em mente e determinei o tipo de som que eu queria de cada instrumento", comenta ao UOL a diretora musical Vania Pajares, cujo currículo de musicais conta com "Evita", que também tem letra e música da dupla britânica.
"As obras deles são extremamente elaboradas e difíceis de executar", diz ela. "Têm aspectos como compassos quinários e tessituras extremas, ou muito agudo ou muito grave. E trata-se de um formato também sem pausas para fala, sempre com muita música. E aí temos o fato de que tanto rock quanto ópera são difíceis de cantar, juntos pior ainda. Então, para integrar um elenco desses precisa ser virtuoso mesmo."
Com Igor Rickli no papel do protagonista Jesus e Negra Li como Maria Madalena, a clássica peça de ópera rock aborda a última semana de vida de Jesus Cristo na Terra – da chegada a Jerusalém ao momento de sua crucificação.
A questão chega também no figurino, já que Judas, por exemplo, conta com looks construídos em peças de couro, maquiagem escura e coturno. Jesus surge com uma blusa branca, calça jeans bege e coturno de mesma cor. Maria Madalena, por sua vez, usa blusa assimétrica, calça jeans e coturno. No geral, o figurino mistura itens contemporâneos com alguns elementos bíblicos. Uma forma de abordar a peça de forma mais "clean e atual", como caracterizou o diretor Jorge Takla em recente entrevista coletiva.
Fã de bandas como Van Halen, Whitesnake e Cinderella e formada em piano clássico, regência e canto lírico, Vânia sonhava com a oportunidade de trabalhar em um musical no qual pudesse despejar profissionalmente seu "reprimido" amor pelo rock. O convite de Takla apareceu e ela, claro, não recusou.
"Os personagens do Judas e Pilatos são mais roqueiros mesmo. Mas diferente dos anos 70. Muita coisa aconteceu na música nas últimas quatro décadas. Tem muito nessa peça de glam rock, muita farofa dos anos 80 (risos)", conta. "A obra de arte só vai modificar o público se houver empatia. Então, não adiantava deixar só as coisas antigas."
Segundo ela, são 11 integrantes sendo comandados pelo regente Marcos Aragoni. Quanto aos instrumentos, as canções nascem de duas guitarras, baixo elétrico, bateria, três teclados com grande programação orquestral, percussão, uma trompa, um trompete, flauta, clarinete e sax tenor.
Judas Iscariotes Rockstar
O papel principal na história bíblica de fato é de Jesus, mas em "Jesus Cristo Superstar" é de Judas o posto de personagem mais complexo na questão artística, segundo Vania e Alírio.
"No que se refere ao canto, é o papel mais difícil", diz ela. "Descobri coisas novas na minha voz e a readaptei para esse personagem", comenta o ator. "O Judas não tem descanso na peça. Está sempre cantando muito. Jesus tem outra dinâmica porque apesar de contar com alguns momentos mais difíceis, ele tem mais descanso."
Cantor lírico por formação, Alírio sabe falar sobre Jesus com propriedade porque viveu o personagem em outras duas versões: uma no final dos anos 90 em Brasília, sob direção de Maestro Marconi Araújo, e outra no início dos anos 2000, no México. Quando foi fazer o teste para a adaptação de Takla, chegou preparado para interpretar Cristo, mas foi como Judas que ele convenceu a equipe do espetáculo.
"A peça no México, por exemplo, era mais clássica. Creio que essa versão mais rock e mais caótica tem mais a ver com o que estamos vivendo atualmente. E esse suporte pesado das guitarras me ajudou muito", conta ele. "Se não tivesse esse aspecto musical que a Vânia inseriu eu não creio que conseguiria entregar o personagem dessa forma."
Quem conhece a história de Alírio fora dos palcos compreende sua escolha para tal personagem. Nascido em Florianópolis, ele fundou sua primeira banda aos 14 anos e aos 17 começou a estudar canto lírico. Quando retornou do México em 2003, fundou a banda de rock progressivo Cálice, com a qual lançou dois discos.
Em 2009, foi a vez do grupo Age of Arthemis com o qual lançará seu segundo álbum, "The Waiting Hour", em agosto – entre as influências do material e da banda, Helloween e Angra. Ele ainda está trabalhando no primeiro álbum solo, que terá produção de seu amigo Rafael Bittencourt (guitarrista do Angra).
A junção da técnica por meio das aulas e da forte relação com o universo do rock e seus diferentes gêneros favoreceu a fácil inserção no personagem. Trabalhou melhor a voz com exercícios diários, e logo estava pronto para a estreia que aconteceu no dia 14 de março, em São Paulo.
Muito embora veja Dio em Judas, não nega ter também se inspirado em outras figuras da música para o papel. "Pensava em Steve Perry, ex-vocalista do Journey, quando via o lado bom de Judas. Judas não é mau, ele é equivocado. Pensava em Freddie Mercury na postura de showman que o personagem exige, pensava também em David Coverdale. Mas com todos os improvisos, no final das contas acho que esse Judas acabou ficando com a minha cara (risos)."
Jesus Cristo Superstar
Quando: De 14 de março a 8 de junho. Quintas e sextas, às 21h, sábados, às 17h e 21h; domingo, 18h
Onde: Teatro do Complexo Ohtake Cultural - Rua dos Coropés, 88 - Pinheiros
Quanto: de R$ 25 a R$ 230
Capacidade: 627 lugares
Duração: 130 minutos dividos em dois atos (com intervalo de 15 minutos)
Classificação etária: Livre. Menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis.
Fonte: http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2014/03/19/jesus-cristo-superstar.htm
Se Judas Iscariotes fosse um vocalista de heavy metal, ele seria
Muito embora sua versão para Judas se relacione mais à estética de um vocalista de metal melódico, a relação de Netto é válida em termos gerais justamente pelo direcionamento mais pesado da nova versão do espetáculo da Broadway, baseado no clássico álbum homônimo de ópera rock lançado em 1970, na Inglaterra, com letras de Tim Rice e música de Andrew Lloyd Webber.
Diferente do direcionamento talvez um pouco mais hippie das apresentações dos anos 70, a adaptação mantem as estruturas das canções originais, mas investe mais forte em guitarras, baixo e bateria, sobretudo no que se refere aos trechos com os personagens mais obscuros da trama, como o próprio Judas, o governador romano Pôncio Pilatos (Fred Silveira) e o sumo sacerdote Caifás (Rogerio Guedes). Para se ter uma ideia, todos os solos de sax da obra original foram substituídos por guitarras.
"Comecei a trabalhar pela partitura original e a partir daí dei a roupagem que eu queria, já bastante mal-intencionada em pesar no rock (risos). Escolhi as vozes que melhor se encaixavam no que eu tinha em mente e determinei o tipo de som que eu queria de cada instrumento", comenta ao UOL a diretora musical Vania Pajares, cujo currículo de musicais conta com "Evita", que também tem letra e música da dupla britânica.
"As obras deles são extremamente elaboradas e difíceis de executar", diz ela. "Têm aspectos como compassos quinários e tessituras extremas, ou muito agudo ou muito grave. E trata-se de um formato também sem pausas para fala, sempre com muita música. E aí temos o fato de que tanto rock quanto ópera são difíceis de cantar, juntos pior ainda. Então, para integrar um elenco desses precisa ser virtuoso mesmo."
Com Igor Rickli no papel do protagonista Jesus e Negra Li como Maria Madalena, a clássica peça de ópera rock aborda a última semana de vida de Jesus Cristo na Terra – da chegada a Jerusalém ao momento de sua crucificação.
A questão chega também no figurino, já que Judas, por exemplo, conta com looks construídos em peças de couro, maquiagem escura e coturno. Jesus surge com uma blusa branca, calça jeans bege e coturno de mesma cor. Maria Madalena, por sua vez, usa blusa assimétrica, calça jeans e coturno. No geral, o figurino mistura itens contemporâneos com alguns elementos bíblicos. Uma forma de abordar a peça de forma mais "clean e atual", como caracterizou o diretor Jorge Takla em recente entrevista coletiva.
Fã de bandas como Van Halen, Whitesnake e Cinderella e formada em piano clássico, regência e canto lírico, Vânia sonhava com a oportunidade de trabalhar em um musical no qual pudesse despejar profissionalmente seu "reprimido" amor pelo rock. O convite de Takla apareceu e ela, claro, não recusou.
"Os personagens do Judas e Pilatos são mais roqueiros mesmo. Mas diferente dos anos 70. Muita coisa aconteceu na música nas últimas quatro décadas. Tem muito nessa peça de glam rock, muita farofa dos anos 80 (risos)", conta. "A obra de arte só vai modificar o público se houver empatia. Então, não adiantava deixar só as coisas antigas."
Segundo ela, são 11 integrantes sendo comandados pelo regente Marcos Aragoni. Quanto aos instrumentos, as canções nascem de duas guitarras, baixo elétrico, bateria, três teclados com grande programação orquestral, percussão, uma trompa, um trompete, flauta, clarinete e sax tenor.
Judas Iscariotes Rockstar
O papel principal na história bíblica de fato é de Jesus, mas em "Jesus Cristo Superstar" é de Judas o posto de personagem mais complexo na questão artística, segundo Vania e Alírio.
"No que se refere ao canto, é o papel mais difícil", diz ela. "Descobri coisas novas na minha voz e a readaptei para esse personagem", comenta o ator. "O Judas não tem descanso na peça. Está sempre cantando muito. Jesus tem outra dinâmica porque apesar de contar com alguns momentos mais difíceis, ele tem mais descanso."
Cantor lírico por formação, Alírio sabe falar sobre Jesus com propriedade porque viveu o personagem em outras duas versões: uma no final dos anos 90 em Brasília, sob direção de Maestro Marconi Araújo, e outra no início dos anos 2000, no México. Quando foi fazer o teste para a adaptação de Takla, chegou preparado para interpretar Cristo, mas foi como Judas que ele convenceu a equipe do espetáculo.
"A peça no México, por exemplo, era mais clássica. Creio que essa versão mais rock e mais caótica tem mais a ver com o que estamos vivendo atualmente. E esse suporte pesado das guitarras me ajudou muito", conta ele. "Se não tivesse esse aspecto musical que a Vânia inseriu eu não creio que conseguiria entregar o personagem dessa forma."
Quem conhece a história de Alírio fora dos palcos compreende sua escolha para tal personagem. Nascido em Florianópolis, ele fundou sua primeira banda aos 14 anos e aos 17 começou a estudar canto lírico. Quando retornou do México em 2003, fundou a banda de rock progressivo Cálice, com a qual lançou dois discos.
Em 2009, foi a vez do grupo Age of Arthemis com o qual lançará seu segundo álbum, "The Waiting Hour", em agosto – entre as influências do material e da banda, Helloween e Angra. Ele ainda está trabalhando no primeiro álbum solo, que terá produção de seu amigo Rafael Bittencourt (guitarrista do Angra).
A junção da técnica por meio das aulas e da forte relação com o universo do rock e seus diferentes gêneros favoreceu a fácil inserção no personagem. Trabalhou melhor a voz com exercícios diários, e logo estava pronto para a estreia que aconteceu no dia 14 de março, em São Paulo.
Muito embora veja Dio em Judas, não nega ter também se inspirado em outras figuras da música para o papel. "Pensava em Steve Perry, ex-vocalista do Journey, quando via o lado bom de Judas. Judas não é mau, ele é equivocado. Pensava em Freddie Mercury na postura de showman que o personagem exige, pensava também em David Coverdale. Mas com todos os improvisos, no final das contas acho que esse Judas acabou ficando com a minha cara (risos)."
Jesus Cristo Superstar
Quando: De 14 de março a 8 de junho. Quintas e sextas, às 21h, sábados, às 17h e 21h; domingo, 18h
Onde: Teatro do Complexo Ohtake Cultural - Rua dos Coropés, 88 - Pinheiros
Quanto: de R$ 25 a R$ 230
Capacidade: 627 lugares
Duração: 130 minutos dividos em dois atos (com intervalo de 15 minutos)
Classificação etária: Livre. Menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis.
Fonte: http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2014/03/19/jesus-cristo-superstar.htm
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(1) Discordar não é problema. É solução, pois redunda em aprendizado! Contudo, com modos.
(2) A única coisa que eu não aceito é vir com a teologia do “não toque no ungido”, que isto é conversa para vendilhão dormir... Faça como os irmãos de Beréia e vá ver se o que lhe foi dito está na Palavra Deus!
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“Mais importante que ser evangélico é ser bíblico” - George Knight .