RIO e SÃO PAULO — Depois de o governo conceder passaportes
diplomáticos a seis líderes de igrejas evangélicas nesta semana, a
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (ABGLT) decidiu enviar, nesta quinta-feira, um ofício ao
ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, solicitando a
concessão do documento a 14 integrantes do grupo. A assessoria de
imprensa do Itamaraty informou ao GLOBO que, recebido formalmente o
pedido, ele será analisado.
Na
mensagem, o presidente da associação, Toni Reis, diz que “soube pela
mídia” que o governo havia autorizado a emissão de passaportes
diplomáticos aos representantes de entidades religiosas, e justifica o
pedido dizendo que a ABGLT também atua em todo o mundo.
“Tendo em
vista que a ABGLT também atua internacionalmente, tendo status
consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das
Nações Unidas, além de atuar em parceria com diversos órgãos do Governo
Federal, vimos solicitar que sejam concedidos da mesma forma passaportes
diplomáticos para os/as integrantes da ABGLT relacionados a seguir,
para que possam realizar um trabalho de promoção e defesa dos direitos
humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT)
nos 75 países onde ser LGBT é crime e nos 7 países onde existe pena da
morte para as pessoas LGBT”, diz a mensagem.
Na edição do Diário Oficial de quarta-feira, o ministro Antônio Patriota assina duas portarias em que concede o documento ao pastor Romildo Ribeiro Soares,
o R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, e sua mulher,
Maria Magdalena Bezerra Ribeiro Soares, e ao pastor Samuel Cássio
Ferreira, da Assembleia de Deus, e sua mulher, Keila Campos Costa. Na
última segunda-feira, o Itamaraty concedeu passaportes diplomáticos a Valdemiro Santiago de Oliveira e Franciléia de Castro Gomes de Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus. Em 2011, R.R. Soares e a mulher já tinham recebido os documentos.
Na mesma época, foi publicada a concessão do passaporte diplomático ao
cardeal Geraldo Majella Agnelo, da Igreja Católica, a pedido da
Arquidiocese de Salvador.
O decreto 5.978, de 2006, permite
concessão de passaporte diplomático a quem exerce função essencial ao
Estado. Há três exceções: cônjuge, companheiro (a) e dependentes;
funcionários públicos em missão permanente no exterior; e por "interesse
do país".
Viajantes com passaporte diplomático, que é gratuito,
conseguem vistos mais facilmente, além de dispensa de filas e revista.
No entanto, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, quem tem
passaporte diplomático é submetido às mesmas regras dos demais
viajantes no que se refere aos tratamentos na Polícia Federal e na
Receita Federal. Desde 2011, quando foi publicada a portaria 98, que
trata dos pedidos de concessão do passaporte diplomático, os que recebem
passaporte diplomático têm o nome e o pedido publicados no Diário
Oficial da União.
Leia a mensagem da ABGLT:
“Ao: Exmo. Sr. Ministro Antonio Patriota
Ministério das Relações Exteriores
Assunto: Solicitação de concessão de passaportes diplomáticos para ativistas LGBT
Senhor Ministro,
A
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (ABGLT) é uma entidade nacional fundada em 1995 que
atualmente congrega 256 organizações LGBT de todo o Brasil, tendo como
objetivo promover e defender os direitos humanos destes segmentos da
sociedade.
Soubemos através da mídia que o Itamaraty
concedeu passaportes diplomáticos para líderes religiosos, inclusive da
Igreja Católica, da Igreja Internacional da Graça de Deus e da Igreja
Assembleia de Deus.
Tendo em vista que a ABGLT também
atua internacionalmente, tendo status consultivo junto ao Conselho
Econômico e Social da Organização das Nações Unidas, além de atuar em
parceria com diversos órgãos do Governo Federal, vimos solicitar que
sejam concedidos da mesma forma passaportes diplomáticos para os/as
integrantes da ABGLT relacionados a seguir, para que possam realizar um
trabalho de promoção e defesa dos direitos humanos de lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) nos 75 países onde ser LGBT é
crime e nos 7 países onde existe pena da morte para as pessoas LGBT.
(...)
Cordialmente,
Toni Reis
Presidente”
17 de janeiro de 2013
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» Associação gay envia ao Itamaraty pedidos de passaporte diplomático.
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