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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

4 de novembro de 2011

Compreendendo a efetiva apologética bíblica

 

No início dos anos 1980, pouco tempo após ter-me convertido ao Senhor Jesus Cristo, através da leitura do Novo Testamento da Editora Trinitariana, recebi um sábio conselho do Dr. Russell Shedd, quando almoçávamos na casa do meu pai na fé (Eliel Botelho), em São Paulo. Ele disse que eu não devia me dedicar muito à leitura da coleção do Novo Testamento Comentado de Norman Champlin, pois o autor era simpático ao misticismo. Aceitei o conselho do sábio Dr. Shedd e deixei a coleção de Champlin decorando a prateleira do meu escritório, durante muitos anos. Um dia, o Pr. José Barbosa, ex-padre católico, demonstrou o desejo de possuir a tal coleção e, prontamente, dei-lhe a mesma de presente.

Hoje, li um texto de James  J. S. Johnson, J.D.,Th.D. Achei interessante e resolvi traduzi-lo para os leitores dos meus grupos e site. Vamos dar a palavra ao autor do texto.

Em 1990, um graduado estudante educado na evolução ateísta da China comunista me fez esta pergunta: "Por que deveria eu acreditar no Deus da Bíblia, que a Bíblia é verdadeira, que Deus é bom, quando à China jamais foi entregue a verdade bíblica para se acreditar no Deus da Bíblia? Então, por que deveria eu acreditar no Deus da Bíblia?"

Noé Webster, em 1828, definiu a apologética como sendo "a defesa, através de palavras e argumentos". Este vocábulo se originou da palavra grega "apologemai". Quanto à apologética bíblica, como os cristãos de hoje poderiam responder, logicamente com adequada evidência, aos que questionam as verdades divinas reveladas na Bíblia? A apologética deveria limitar-se à defesa da verdade? Quando os cristãos devem tomar a iniciativa de comunicar a verdade? Uma boa definição para a apologética bíblica: "É a ciência do aprendizado, da demonstração, da documentação e da comunicação de como Deus faz sentido". Ela responde a pergunta fundamental: "Por que deveria eu crer em Deus?"

Como um apropriado estudo da apologética resolve o problema de um cristão que ensina a verdade?

A apologética ensina que existe prova suficiente - Deus nos deu a verdade objetiva, através da revelação geral e da especial, a fim de provar que Ele é tanto o Criador como é Deus. Aos apologistas sempre se pergunta: "Você pode dar uma prova da existência de Deus?"  Por outro lado, "Se você mostrar a prova da existência de Deus, cada pessoa que vir esta prova será bastante honesta para aceitar a mesma?"

         Segundo a Bíblia, haverá duas respostas: 1) - "sim" à primeira pergunta; 2) - "não", à segunda. Por que? A diferença entre as duas repostas está resumida na frase de Paulo: "inescusável", ou "anapologetous" (no Grego), conforme Romanos 1:19-20.

Especificamente, os que recusam acreditar nas provas reveladas por Deus são eles mesmos "inescusáveis", por estarem desprezando as provas dadas por Ele. Assim, a apologética deve ser realista, comparando a apresentação da prova com a predisposição do homem não persuadido, o qual venha suprimir ou rejeitar a verdade.

A apologética ensina que os homens que rejeitam a verdade têm a mente corrompida -  O desafio aqui é pior do que simplesmente um cepticismo inescusável, porque se opor ao testemunho da criação divina (que Deus é o nosso Criador), conduz a uma série de consequências: a corrupção dos poderes humanos para analisar a verdade, seu significado e valor moral.

         Deus permitiu que os incrédulos tenham um "sentimento perverso" (Romanos 1:28), o que complica os itens para se usar a apologética racional: a evidência e a lógica não são suficientes para "vencer" a maioria dos incrédulos.

         A Epístola de Paulo aos Romanos enfatiza esta verdade principal: todos os humanos devem ser gratos a Deus, por tê-los criado e, desse modo, devem glorificá-Lo como o seu Criador. Contudo, os homens são predispostos a ignorar, suprimir e até rejeitar a prova consistente que recebem sobre a criação de Deus. Nesse caso, a não ser que sua inexorável rejeição ao Criador seja sanada, eles recebem, automaticamente, uma terrível consequência chamada "sentimento perverso". Este maligno sentimento evita que funcione a razão humana, e o homem já não poderá distinguir entre o verdadeiro e o falso; entre o certo e o errado; entre o bem e o mal. Desse modo, como a apologética consegue defender a verdade de Deus contra a disfunção mental?

         Consideremos a pergunta: "Qual o motivo elevado do ministério da apologética?

Ela se resume mais em honrar Deus do que em vencer argumentos - Biblicamente falando, o objetivo precípuo da apologética não é "ganhar uma causa" como litigante, pois o "júri" pode ser corrupto e desinteressado. Ela é, antes de tudo,  uma ciência destinada a honrar o Senhor, através do estudo meticuloso, bem como da exata comunicação de Sua verdade relegada (bíblica, científica, histórica, etc.), especialmente aquelas verdades que são questionadas ou contraditadas, ou mal interpretadas, confiando em que, no final, Deus vai revelar o bem, com as verdades comunicadas (Isaías 55:10-11; Salmo 19:1-4; Romanos 10:14-18). Em suma: Deus é Quem maneja os resultados. O apóstolo Pedro nos dá uma declaração da missão bem conhecida de cada apologista bíblico:

1 Pedro 3:15: "Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós."

            Observem que "santificar ao Senhor" é a maior prioridade; "estar preparados",  a segunda e subsequente. Isto faz sentido, porque o amor e a lealdade mais altos devem ser dirigidos a Deus; nossa obrigação de servir ao próximo vem em seguida (Mateus 22:39). "Santificar ao Senhor" envolve reconhecer Cristo como Criador e, certamente, Sua preeminência (Colossenses 1:16-18), de modo que a apologética bíblica deve, de algum modo, nos conduzir a Cristo.

A apologética significa amar primeiro a Deus, depois amar ao próximo - Então ela é primordialmente uma obra de amor e aprendizado em favor dos homens, Suas criaturas. É claro que a verdadeira apologética reconhece a autoridade da Escritura, do mesmo modo como Cristo o fez (Comparar João 14:6 com João 17:17). A apologética, em geral,  prioriza toda a Escritura e, particularmente, a profecia messiânica (1 Timóteo 3:15; 1 Pedro 10:12), visto como o próprio evangelho da salvação é duas vezes mais qualificado pela frase "segundo as Escrituras" (1 Coríntios 15:3-4). Estes princípios são essenciais, porque a inadequada prática da apologética resulta de uma confiança em princípios inadequados.

Lembre-se de sua audiência - A apologética, a nível humano, precisa "conhecer sua audiência". Considerem a citação seguinte: "Você parece realmente velho!" Para um homem encarregado de um jardim de infância, que tenta desempenhar bem o seu ofício, isto significa um elogio. Mas, para uma mulher na mesma situação, na faixa dos 30 anos, isto não é um elogio. A audiência é importante, bem como a comunicação, para se responder a pergunta: "quem é minha audiência?" Também: "A audiência próxima é a única audiência?"

         A verdade é que a vida inteira do cristão (após sua conversão) é uma mensagem apologética, tendo o próprio Deus como a principal audiência. Contudo, existe outra audiência, também invisível aos olhos mortais, que é a dos anjos (1 Pedro 1:12). As audiências em que devemos pensar, quando falamos ou escrevemos apologeticamente, são os crentes humanos, os quais precisam de fortalecimento na fé e também os incrédulos, que têm outros problemas.

Use cuidadosa lógica - Cuidado com a suposições implícitas, como "O que veio primeiro, a galinha ou o ovo?" Esta pergunta pressupõe que Deus não criou a primeira galinha com um ovário já formado  e com ovos dentro dele. Também, cuidado com as falsas dicotomias (também chamadas "falácias"), deste tipo: "Responda 'sim' ou 'não'; você deixou de espancar sua esposa?".

O contexto conta - Lembre-se dos três segredos para o sucesso de um corretor de imóveis - locação, locação e locação. Este insight se encaixa em muitos argumentos sobre a Escritura: os itens do contexto. Falhar em apreciar o contexto da Escritura em geral produz falha na interpretação do seu conteúdo. Veja bem: suposições não permitidas são abundantes, quando os críticos tentam criticar os textos sagrados. Pesquise as verdadeiras palavras que Deus nos entregou (Atos 17:11; 2 Timóteo 2:15).  Deus nos deu propositadamente a Bíblia, para revelar a verdade sobre nós.

A criação corretamente compreendida dá glória ao Senhor - Deus nos entregou, providencialmente, um imenso inventário da revelação geral: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." (Salmo 19:1). Examinar, analisar e explicar este inventário de informação é uma obrigação que o ICR (Institute for Creation Research) tem assumido nas últimas quatro décadas. E algumas questões complicadas  justificam o estudo multidisciplinar do texto bíblico, na interpretação, na ciência empírica, na ciência forense, na história, nas línguas antigas, etc.  A verdade está aí e "é suficiente". Mas qual é a verdade e quem vai provê-la aos que fazem honestas perguntas sob falsos conceitos? Preparar e prover respostas razoáveis é o objetivo da apologética bíblica. Em futuros artigos sobre este tópico, explicaremos quão razoáveis respostas estarão disponíveis para serem providas.

         Foi assim que o estudante graduado da China obteve sua resposta, em 1990 e, imediatamente, tornou-se um crente em Jesus Cristo. (02/11/2011).

 

Dr. James  J. S. Johnson J.D.,Th.D"Understanding Effective Biblical Apologetics"

Traduzido e comentado por Mary Schultze - www.maryschultze.com

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