Sem Maluf, Russomanno se alia à Igreja Universal para disputar prefeitura
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BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Um velho conhecido do eleitor paulistano arrumou novas companhias para voltar à cena política como candidato a prefeito em 2012.
Depois de 15 anos ao lado de Paulo Maluf, o ex-deputado Celso Russomanno, 55, rompeu os laços com o padrinho e deixou o PP para se filiar ao PRB, sigla nanica controlada pela Igreja Universal.
À primeira vista, a aproximação pode causar estranhamento. O apresentador de TV cresceu numa família católica e tem um perfil distante do estilo de vida pregado pelos bispos: namorou capas da "Playboy" e começou a carreira vendendo fitas com cenas picantes do carnaval.
De perto, o casamento parece ser "bom para ambas as partes", como dizia o bordão que o alçou dos programas populares à política. O PRB buscava um puxador de votos, e Russomanno percebeu que o malufismo parou de render dividendos nas urnas.
Fabio Braga-24.nov.2011/Folhapress | ||
Russomano (à esq.) dá as mãos para o Bispo Jean Madeira, presidente estadual do PRB em evento da sigla |
"A melhor coisa que eu fiz foi mudar de partido. Você não sabe o que é ter que carregar nas costas o peso de um Paulo Maluf...", suspirou, ao deixar um ato do novo partido no fim de novembro.
Faltavam quinze minutos para a meia-noite e Russomanno saía de um encontro com cerca de 300 jovens fiéis, numa faculdade particular em Santana (zona norte).
"Este evento tem o intuito de apresentar o nosso pré-candidato a vocês", disse na abertura o bispo Marcos Pereira, homem de confiança de Edir Macedo que há sete meses trocou a cúpula da TV Record pela presidência do PRB.
Atribuindo o número 10 da legenda a "uma bênção de Deus", ele pediu votos para o novo aliado e disse que, no cenário sem Marta Suplicy (PT), ele dividia com José Serra (PSDB) a liderança da primeira pesquisa Datafolha, divulgada em setembro.
"E quando tiram o Serra, que ninguém sabe se vai ser candidato, o Celso fica em primeiro lugar!", completou, tentando animar a plateia.
Dos oito cenários pesquisados, Russomanno lidera três, com até 21% das intenções de voto. Mas ele sabe que a posição inicial se deve ao recall da campanha para governador no ano passado, ainda sob as asas de Maluf.
Num partido pequeno, terá que atrair outras siglas para suportar a pressão do ex-presidente Lula, que quer o apoio dos bispos a Fernando Haddad (PT), e não despencar rápido nas pesquisas.
O pacote do PRB incluiu a promessa de um programa na Record, que deve estrear nas próximas semanas. "O convite da TV foi anterior ao do partido", diz o ex-deputado.
"Mas isso não tem mal nenhum. A única coisa que o Celso Russomanno fez a vida inteira foi televisão", afirma, falando de si na terceira pessoa. "Vou sair do ar na data em que a lei eleitoral exigir."
O pré-candidato diz que a amizade com os bispos precedeu a política. "Fui o primeiro funcionário contratado depois que o bispo Macedo comprou a Record da família Machado de Carvalho."
Sobre as ligações do PRB com a Universal, ele afirma: "Não é um partido que só aceita quem é da igreja."
No último dia 18, a sigla convocou seus dirigentes e parlamentares paulistas para traçar as metas da campanha à prefeitura.
Além do presidente Marcos Pereira, participaram o deputado federal Antonio Bulhões, os deputados Gilmaci Santos e Sebastião Santos e o vereador Atílio Francisco.
Os cinco, sem exceção, são bispos ou pastores da igreja.
Gilmaci Santos, que preside a sigla no Estado, é autor de um projeto de lei que tenta livrar os templos religiosos do pagamento de ICMS.
O plano da Universal para Russomanno é claro: usar sua popularidade para repetir em São Paulo seu sucesso no Rio com o senador Marcelo Crivella, reeleito em 2010.
Bispo licenciado da igreja, Crivella costuma contar com a militância espontânea de fiéis da igreja, como os que se reuniram para ouvir o pré-candidato paulistano.
"Eu adoraria ter um batalhão de jovens do meu lado", disse Russomanno no fim do encontro. "Já estou aqui com vocês, agora quero que vocês também estejam comigo."
Fonte: www.folhaonline.com.br
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