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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

18 de setembro de 2012

QUASE ME TORNEI UMA APÓSTATA


 

         Eu tinha 52 anos, quando meu marido faleceu, cursava o seminário Teológico Betel, dirigia uma microempresa e tinha uma filha menor e dois netos com quem me ocupar. Portanto, minha vida era completa e prometi a mim mesma que jamais me casaria novamente e que iria me dedicar somente a Jesus, à firma, à família e a escrever livros evangélicos.

         No dia em que deveria estar recebendo o diploma de Bacharel em Teologia, exatamente quando completei 56 anos, não o fiz, porque ficara devendo algumas matérias que precisariam ser cursadas no ano de 1986. Nesse dia (08/12/1985) fui assistir a um culto na Igreja Presbiteriana da Taquara (RJ), cujo pastor, Nélio Quaresma, dedicou muito de sua pregação à minha vida e lá estava ainda um casal que havia se convertido lendo meus livros, portanto foi um dia de galardão inesquecível...

         À noite, quando cheguei da IP de Jardim Primavera,  onde havia assistido ao culto vespertino, o telefone tocou. Era o Químico Eduardo Konstanty, o melhor amigo, assistente do meu marido, nos anos 50, e nosso padrinho do casamento civil. Ele havia regressado à Alemanha em 1959. Fazia, portanto, 26 anos que não nos víamos. Ele disse que estava no Brasil e perguntou se poderia hospedar-se conosco, com o que logo concordei.

         No dia seguinte fui esperá-lo na entrada do bairro que ele tanto conhecia e conduzi-o à nossa casa, onde ele iria permanecer por uma semana. Passeamos muito, junto com minha filha Rose, então com 9 anos de idade. Fomos ao Corcovado, ao Pão de Açúcar e a Teresópolis, onde eu tinha um apartamento na Av. Pres. Roosevelt.     Quando já ia embora, Eduardo me pediu em casamento. Ele era um dos homens mais belos que Deus criou: inteligente, amoroso, gentil e honestíssimo. Estava separado da esposa polonesa e queria refazer sua vida. Ele havia conquistado o meu coração solitário, naqueles dias de visita. Esqueci a promessa feita a mim mesma e aceitei o seu pedido de casamento, que deveria realizar-se na Alemanha, no mês de abril do ano seguinte, tempo que eu deveria aproveitar para organizar meus negócios, deixando a firma nas mãos da Margarete e levando somente a Rose comigo. Era uma decisão muito radical: deixar a firma que eu havia construído do nada, junto com o Schultze, abandonar meus netos pequenos e, sobretudo, abandonar o meu ministério, pois Eduardo era ateu e já havia me imposto uma condição única: não levar a Bíblia comigo.

         Depois que ele partiu e comecei a preparar o enxoval, minha consciência começou a reclamar. Sempre que eu pegava a Bíblia para ler, o Espírito de Deus falava comigo: "Você vai abandonar o seu Senhor? Fez um bom curso teológico e agora vai casar com um ateu?"

Foram quase três meses de luta interior, até que uma noite, quando o enxoval já estava pronto, ajoelhei-me para ler 13 salmos e orar, quando o Espírito Santo voltou a me falar pela centésima vez, só que, dessa vez, de maneira mais contundente: "Você é uma apóstata! Vai abandonar Jesus por um ateu... Ele não vai permitir que você vá à Igreja. Aqui você tem duas empregadas domésticas e só cuida da firma e de escrever seus livros. Lá você vai lavar, passar, cozinhar e arrumar para um ateu... Enfim, vai ser uma espécie de empregada do marido... Além disso, vai esquecer tudo que aprendeu e ainda ficar sob a ira divina...Será que vale a pena?"

         Tive uma crise de fúria, joguei a Bíblia no chão e desafiei o meu Deus: "Olhe aqui, Senhor. Eu vou me casar com esse homem de qualquer maneira, pois já dei minha palavra. Agora, se Tu não queres que eu vá para a Alemanha, me derruba depressa, senão eu vou..."  Pois ele me derrubou... No dia seguinte, 01/03/1986, fui ao Seminário renovar a matrícula, embora sabendo que iria embora em abril. Quando fui preencher o cheque, meus dedos ficaram rijos e não o consegui. Dali fui para casa e quando tentei engolir a salada do almoço, minha garganta se fechou e não consegui mais engolir nenhum alimento sólido. Tomei um suco e fui para uma livraria em Copacabana, a fim comprar o material escolar da Rose. Quando fui preencher o cheque, novamente não o consegui e foi a secretária Marieta quem deu um cheque dela mesma.

         A partir daquele dia, não consegui mais engolir coisa alguma, a não ser sucos, chá e café. Dez dias se passaram e comecei a sentir dores horríveis no estômago. Parecia tratar-se de uma gastrite feroz e as dores se agravaram tanto que precisei ser internada. Durante dez dias fiquei internada, tomando sedativos e fazendo todos os exames possíveis e imagináveis no Hospital Silvestre, com uma boa equipe médica me cuidando.  Saia do hospital me sentindo melhor, ia para casa, mas as dores voltavam e tinha de ser internada novamente. Quatro meses se passaram e eu cada vez me sentia pior. Não conseguia engolir coisa alguma, exceto líquidos. Nenhum exame acusou qualquer anormalidade, enquanto as dores continuavam. Durante quatro meses sofri muito. Aconselharam-me a consultar uma Psicóloga...  Tudo em vão.... Eu estava tão fraca que já não conseguia andar sozinha... Em junho, Eduardo veio da Alemanha e me cuidou durante duas semanas, com o maior carinho. No dia em que ele ia regressar, pedi-lhe para esquecer minha promessa de casamento, pois eu ia morrer. Ele ficou triste, chorou muito e embarcou chorando, segundo me contou o motorista que o levou ao aeroporto internacional.

         Naquela noite de domingo, final de junho, de repente eu tive um insight: "Será que aquilo tudo não era um castigo divino porque eu ia abandonar a minha fé por um ateu?" Caí no choro, reconheci meu grave pecado e pedi que Deus me perdoasse, pois a partir daquele dia eu iria servir somente ao meu Senhor. Alguns minutos depois desse compromisso, o telefone tocou. Era uma mulher desconhecida que havia sabido do meu sofrimento através de minha irmã Odete, que estava passeando no Rio. A mulher me contou que havia passado pela mesma crise de anorexia e depressão, quando fora abandonada por um homem com quem havia vivido por alguns anos. Indicou-me um Psicanalista, o Dr. José Elvas, com quem eu deveria me consultar. Concordei imediatamente e consegui uma consulta com o Psicanalista, para daí a 3 dias. Não sei quem era essa mulher... Talvez um anjo enviando por Deus para ajudar uma pecadora arrependida...

         A consulta demorou poucos minutos e o diagnóstico foi rápido. Era um tremendo complexo de culpa que estava me destruindo o corpo e a alma. Dr. Elvas me prescreveu dois medicamentos: Anafranil e Olcadil. Comprei os medicamentos, na mesma hora, e três dias depois já comia o primeiro bife, depois de 4 meses de jejum quase absoluto. Entrementes, mandei chamar o pastor da IP, da qual estava afastada há mais de 4 meses, por causa da doença, e confessei o meu pecado, pedindo que ele orasse por mim. Ele orou e comecei a me curar das dores e só me restou uma terrível depressão, que durou quatro anos... de estudo bíblico...

         Todo ano, na data do meu aniversário (durante 10 anos), Eduardo vinha ao Brasil e renovava o seu pedido de casamento. Eu sempre respondia não! Até que um dia, ele veio em companhia de um amigo (Otto) e falou: "Esta é a última vez que lhe peço para casar comigo. Se disser não, outra vez, eu vou desistir". Respondi que ele já deveria ter desistido há muitos anos... Ele ficou bravo e falou para o amigo: "A Mary não gosta de homem..."  Perguntei se ele estava me chamando de lésbica, ele  deu uma risadinha sarcástica e disse: "Não, é que você só gosta do computador e do Jesus..." Fiquei intrigada e indaguei: "Por acaso Jesus não é homem?" Ele fez um trejeito cômico, dando a entender que Jesus é gay. Pedi que ele falasse claramente, ele falou e atirei-lhe na cara um copo de meio litro do suco de frutas que estava lhe servindo. Ele ficou espantado e falou para o amigo: "Ela é louca!" Respondi que ele havia passado dos limites e que jamais voltasse à minha casa.

Ele se foi... Já faz 7 anos que aconteceu esse incidente desagradável, ele me deixou em paz e só nos vimos uma vez na Bavária (Alemanha), durante a festa  de aniversário e noivado do Frank, nosso amigo comum (1999). Em dado momento, ele quis mexer comigo e falou: "Mary não segue a Bíblia, pois Jesus disse para amar os inimigos e ela nem consegue amar os amigos..." Perdi a calma e respondi: "Ah! Você está citando um gay?" Amigos, ele chamou Jesus de gay, lá no Brasil, em minha casa!"

         A revolta dos convidados foi geral e, a partir daquele momento, Eduardo se tornou "persona non grata" naquela festa...

"A Palavra de Deus é a verdade" (João 17:17) e ela nos admoesta: "O salário do pecado é a morte..."  Por causa de um amor outonal, que foi um grave pecado contra o meu Senhor amado, eu quase perdi a vida e fui tão disciplinada.

 

Mary Schultze - 2004 - maryonlybible

1 comentários:

  1. Linda história, que nos mostra que Deus é um Oleiro zeloso, e está no controle do barro!!

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