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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

4 de outubro de 2012

5 mentiras que a igreja me contou...



A vida cristã e a tirania das metas
Metas, objetivos e alvos numéricos, quem está livre deles hoje? Vivemos em uma sociedade massacrada pelos números. Em sua empresa você está moralmente obrigado a produzir cada vez mais sob risco de demissão caso falhe no cumprimento de suas metas. Na escola ou na faculdade seus professores exigem uma quantidade mínima de leitura e produção acadêmica, além da tirania dos ponteiros da balança que insistem em jogar na sua cara que você não está cumprindo a meta do peso ideal. Os números te sufocam. Os números te acusam insolentemente.

Entretanto você encontra em sua comunidade de fé um ambiente acolhedor, livre da opressão dos números e das metas, certo? Infelizmente isso nem sempre é verdade, pois, algumas igrejas acham que a grande comissão dada por Jesus está atrelada ao cumprimento de metas numéricas. “Você deve trazer durante este mês pelo menos uma pessoa não salva!” – pedem alguns líderes. “Quantas almas você ganhou para Jesus no ano passado?” – acusam outros. E, onde deveria ser um ambiente de restauração e refrigério, acaba tornando-se outro lugar para o cumprimento de mais tarefas e metas. Os números te acusam até mesmo na igreja.
A justificativa que muitos líderes dão está supostamente baseada no texto de João 15. “O crente deve dar frutos, senão será cortado da árvore!” - asseveram os feitores dos números. Certa vez, ouvi de um destes pastores numerólogos que os frutos que Jesus menciona neste trecho são as almas que ganhamos para o Reino de Deus. “E agora? Ainda não levei ninguém a Cristo este ano” – preocupa-se aquele irmão dedicado e envolvido com a obra de Deus. “Eu testemunhei, mas ninguém se converteu.” – confessa ele ao seu travesseiro. “Eu convidei meus vizinhos e parentes para o musical anual da Igreja, mas ninguém aceitou meu convite” – desabafa com sua pesada consciência.
Ao mesmo tempo em que a meta de quantas “almas” ganhamos para Jesus é apresentada também ouvimos que o Evangelho liberta. E isso causa confusão e frustração na mente de muitas pessoas que desejam viver uma vida cristã coerente. Porém, este conceito de um evangelho baseado em metas numéricas pode ser desfeito pelo estudo do contexto de João 15.
Nesta passagem Jesus diz que seus discípulos devem dar frutos, e isso é incontestável. Mas a qual fruto Jesus está se referindo? Uma leitura cuidadosa vai nos mostrar que Jesus esta falando do amor que seus discípulos devem mostrar uns aos outros, tal como o próprio Jesus mostrou por eles. Aqui Jesus sequer menciona o processo de evangelização que tomamos como certo para gerar tais frutos. Jesus não condiciona o discipulado a qualquer método numérico, nem projeta um sistema de crescimento por meta alcançada.
Jesus nos liberta da tirania das metas e dos números ao nos mandar amar ao próximo e não condiciona nossa ligação ao tronco com o cumprimento ou não da meta. Nossa ligação com o tronco está condicionada ao amor que temos uns pelos outros, pois, se não amamos aqueles a quem vemos como poderemos amar a quem não vemos? Se não temos amor uns pelos outros não temos o amor do Pai, e, se não temos o amor do Pai, logo não estamos ligados ao tronco.
Portanto, o fruto não é uma meta numérica de quantas almas ganhamos para Jesus, mas o ideal de uma vida de amor pelo próximo.
Que o Senhor te abençoe e te guarde.

Alexandre Milhoranza

1 comentários:

  1. Muito Bom! Excelente meditação! Vejo pessoas que cresceram "na igreja", tem versos como "...E a minha glória não a darei a outrem." Isaías 48:11 na "ponta da língua", mas gabam-se dizendo: "eu fiz a minha parte", quando vão "a igreja" no domingo pela manhã, e quando levaram visitantes, e quando estes visitantes "se converteram"! Aí vão enumerando, quantas "almas ganharam" para o Senhor! E tudo com base "nos frutos que o cristão precisa dar"!
    Quando normalmente são frios em suas respostas, não têm um contato aquecido pelo amor, mas pela obrigação de apresentar números, "frutos", obras mortas!

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