Pois é. Como em todo ano de 2009 para cá, mais uma vez estivemos na Expocristã em São Paulo. E mais uma vez nos deparamos com mais do mesmo: a vaidade exacerbada desses artistas (sejam pregadores, sejam músicos), demonstrada através de fotos pessoais em tamanho monumental em seus estandes; um público em sua maioria ávido por participar dos shows gospel e de pegar autógrafos ou tirar fotos de seus ídolos, numa idolatria a homens mais do que aberta; vários estandes com bons materiais às moscas (pois embora a desculpa gospel para se ir à feira seja a de adquirir materiais para evangelização, a verdade para a maioria é apenas ver gospel famoso e se divertir); políticos gospel e seculares andando de lá para cá, bastante acessíveis ao público, distribuindo beijos e abraços em troca da promessa de voto fácil; e algumas bizarrices gospel maiores do que as já citadas.
Não é implicância, sério. Mas não dá para imaginar que a feira tenha por fim levar a Palavra de Deus. Seu fim é o de levar os fiéis a consumirem os produtos gospel, afinal, já que eles vão ter que consumir alguma coisa, que seja alguma coisa sob o marketing cristão.
Mas desde quando Cristo se tornou um produto de mercado?
Desde quando não sei, só sei que se tornou. Ele, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, o próprio Verbo tornou-se um produto, e dos mais rentáveis. Na feira havia Bíblias sendo vendidas a R$ 1,99, e outras vendidas a R$ 50,00, R$ 110,00, R$ 118,15.
Ora, mas a Palavra de Deus não é a mesma? Então, como entender um disparate tão grande nos preços das Bíblias?
Eu não entendo, já que não acho justo alguém enriquecer às custas da Palavra de Deus. Se alguém consegue vender por R$ 1,99, não dá para entender que se venda por R$ 118,15. Um exemplo é a Bíblia da Batalha Espiritual e Vitória Financeira, que em seu lançamento, em 2009, era vendida por mais de R$ 100,00 (e “dada de graça” para quem ofertasse R$ 900,00). Nessa edição da feira, estava sendo vendida por R$ 50,00. Ora, será que ela já não poderia ter sido vendida a 50 em seu lançamento (pois, mesmo a cinquenta reais, duvido muito que não haja algum lucro, mesmo pequeno)?
A Palavra de Deus tornou-se um produto, vendido sob a forma de Bíblias e também sob a forma de pregações pagas a alto preço. Quantos artistas pregadores gospel iriam à sua igreja levar a Palavra sem um cachê preestabelecido? E quantos dos que se dizem músicos gospel fariam o mesmo?
Ficamos surpresos, para não dizer indignados, com o “grande lançamento” da feira deste ano: a urna blindada, que serviria para evitar que as ofertas e dízimos coletados sejam roubados pelos fiéis. Aí me lembrei de uma passagem do livro A Igreja do Caminho, do Jack Hayford, onde ele conta que os fiéis de sua igreja colocavam suas ofertas no gazofilácio, porém quem tinha necessidade tinha autorização para, ao invés de colocar, retirar um valor. O mais impressionante, segundo Hayford, era que nunca havia falta de ofertas: sempre sobrava dinheiro para a igreja. Não era para agirmos assim, de acordo com a Igreja de Atos?
Como nos demais anos, lá estávamos, em pequeno grupo, passeando com nossas camisetas. Em meio ao carnaval gospel, alguém leu uma das frases bíblicas em nossas camisetas e exclamou, indignado: “Como o diabo é sujo!”. Como se o diabo é que tivesse escrito aquelas partes da Bíblia que os da Teologia da Prosperidade preferem ignorar a encarar com temor, tremor e seriedade…
Entre uma multidão de mauricinhos e patricinhas gospel, havia pessoas com o coração puro e voltado a Deus. Entre esses, tivemos a grande alegria de reencontrar o Pr. Hector e sua esposa Raquel, mais vítimas de sistemas religiosos enganosos, focados em pseudo-visões numerológicas, que cegam seus líderes e os fazem joguete dos fundadores dessas visões. Mas, graças a Deus, hoje têm sua igreja firmada em Cristo, não em 12, 7, 4 ou outro número qualquer.
Abaixo um resumo do que vimos nessa feira. Após assistir ao vídeo, responda para si mesmo: é uma Expocristã ou uma ExpoMAMOM?
VOLTEMOS AO EVANGELHO PURO E SIMPLES,
O $HOW TEM QUE PARAR!
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