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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

9 de agosto de 2010

Imperdoável, segundo meu conceito...

Quando entrei na igreja, ganhei um chato crente que me acompanhava - e policiava - cada passo que eu dava. O sujeito teve a pachorra de aceitar uma vaga de emprego na minha empresa, mesmo não sabendo nada sobre o ofício, para trabalhar ao meu lado, quando eu era corretor(graças a Deus pela vida daquele chato inoportuno).
Ele queria me ensinar tudo que sabia sobre igreja, sabe lá Deus porque. Deu-me livros (hoje me rio: "Bom dia Espírito Santo", do Benny Hinn, Esse Mundo Tenebroso, a 4ª Dimensão, entre eles) e fitas K7 com pregações sempre vinham parar em minha mão. Nelas, muitos testemunhos fantásticos (alguns fantásticos demais) e pregações, muitas pregações. Ele queria me ver convertido de qualquer maneira.
Entre as dezenas de mensagens , um pregador ali me emocionou muito: sujeito conceituadíssimo, com dezenas de livros escritos e referência para muitos pastores quando se falava em seriedade com o Evangelho.
Numa delas, pregava informalmente sobre o rei Manassés, filho de um dos melhores reis que Judá, Ezequias. Ironicamente, Manassés fora um dos piores.
Segundo o que consta nas Escrituras(2 Reis 21:1-18 e 2 Crônicas 33:1-20 ), tudo que o pai lutou para desfazer em sua terra, ele reedificou: restabeleceu cultos pagãos numa sociedade conhecidamente teocrática. Segundo a crença, por exemplo, para se restabelecer culto a Moloque, devia-se queimar o primogênito e o caçula em oferenda àquele deus, o que fez sem pestanejar. Usava necromantes, médiuns,feiticeiras.
Além disso, matou muitos, e não poucos inocentes assassinados por ele. Segundo relatos, foi ele o responsável por Isaías, o profeta, ter sido serrado ao meio, ainda vivo, após ter sido colocado dentro de um tronco oco.
No texto prolongado que o pregador fez questão de ler, ele conta a forma que Deus o castigara, fazendo que um exército estrangeiro o capturasse o agora velho rei, levando-o cativo com ganchos no nariz e no queixo, por uma distância de setecentos quilômetros, de São Paulo a Belo Horizonte, em proporção de distância.
O grande problema do texto, que para minha pobre conclusão já estava concluído (nada mais natural: o rei fez o mal, Deus o puniu, fim de história), estava versículos a frente: O rei perverso, cativo e isolado, se arrepende, e acontece o inconcebível: Deus o perdoa.
Essa sensação desconfortável da misericórdia de Deus alcançando o que claramente não é suficientemente bom, segundo meus conceitos do que é e o que não é justo é incômoda. Percebi que o céu não é o paraíso mais pacífico da existência: gente perigosa, digna do inferno, pode estar habitando lá. Contrariando meu entendimento sobre paraíso, o nível social do céu me pareceu bem baixo, segundo os critérios do meu início de caminhada cristã.
É dado ao rei a chance de voltar a sua terra, o que faz, e usa seus últimos dias restaurando o que havia destruído, apesar do dano causado por 55 anos de reinado precisar mais do dobro disso para ser recuperado, fora as vidas perdidas em seus assassinatos, essas irrecuperáveis.
Mesmo assim, Deus o perdoa.
O pregador concluí: muitos de nós somos infinitamente melhores que o malvado Manassés, mas mesmo assim não cremos que Deus é capaz de nos perdoar.
Manassés assume o trono aos doze, e por meio século comete as piores atrocidades, contra sua família, seu povo, seu Deus, isso de forma consciente, já que ele é rei do povo que detém às Escrituras.
Àquela noite, a longos quinze anos,, após ouvir e me emocionar com essa mensagem, dormi em paz, entendendo melhor sobre o quanto Deus é capaz de perdoar e quanto meu caso não estava tão complicado quanto imaginei. Foi uma pregação, que simplesmente, fez sua função: pregou.
Semanas depois, o tal pregador apareceu no jornal da TV, envolvido em escândalos políticos e pessoais. Alguns pastores vieram a público criticando-o(o que me parecia despeito, ou inveja), e o tal homem sumiu por anos. Secretamente, nunca deixei de acreditar em tudo aquilo que ele pregava, embora muitos o chamassem (e chamam) de caído. Curiosamente, ele foi extremamente receptivo quando o contatei por e-mail a anos atrás, quando ele resolveu ser encontrado pela internet...
Mas isso já é outra história.
Postado por Alan orenegado via Cristão Confuso.


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