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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

15 de março de 2012

Deus salve a cultura!

Deus salve a cultura!

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Perdi muito tempo em minha vida assistindo pregações que apontavam a tecnologia e os meios de comunicação como o anticristo ou como sinais da temível “nova era” que nunca chegou. Primeiro a TV, depois a música e então a Internet. Tudo foi precipitadamente demonizado, aumentando ainda mais o abismo cultural do cristão em meio a um mundo em constante mudança.
Esta análise não é sobre os meios de comunicação em si, mas sobre como há um desafio ainda desconhecido de uma geração a respeito de como pode (e deve) um cristão interagir intensamente com a cultura que o cerca sem que seja corrompido por ela. Isto por que desconectar-se do mundo e da cultura é o mesmo que cometer suicídio ou mudar-se pra um convento afastado da civilização. Se não consumirmos/produzirmos cultura, nos afastamos das pessoas e perdemos a capacidade de traduzir as verdades eternas do Reino na linguagem que as pessoas compreendem.
Mas o ponto é: o que há de errado com a produção cultural contemporânea? Por que somos sutilmente corrompidos pelo desejo de espiar a vida alheia nos inúmeros reality shows? Por que assistimos novelas que mexem com nosso senso de justiça ao nos fazerem muitas vezes torcer pelo divórcio, pelo assassinato ou pelo bandido da história?
Quando li nos sites de notícias que alguns “crentes” estariam na nova edição do Big Brother, não esbocei a menor sensação de esperança. Quando vi a Globo transmitir um Festival Gospel produzido no Rio de Janeiro às custas dos cofres públicos, não fiquei nem um pouco animado. Quando cantores góspeis cantaram lado a lado com as “coleguinhas” semi-nuas no Caldeirão do Huck, percebi que tudo realmente não passa de mais do mesmo. Interesses comerciais continuam tentando manipular a opinião do cristão de modo a consolidar mais um mercado consumidor obediente e não crítico. E enquanto isso alguns de nós comemoram como se houvesse algum mérito em ter espaço na mídia.
Se seus olhos e sua alma pertencem à este modelo de produção cultural, sinto muito por você.
A verdade é que deste tipo de “cultura” eu quero distância. Creio sim que deveríamos participar do BBB, de shows e de programas de auditório. Mas como cristão autêntico, penso que se eu tiver uma chance de sair em rede nacional, não irei desperdiçar isto de maneira alguma. Quero ser como Michael Moore em 2002, quando recebeu o Oscar de melhor Documentário (Tiros em Columbine) e com toda a ousadia proclamou desaforos no microfone a respeito da política estadunidense e de seu então presidente George Bush. É claro que desde então Moore nunca mais será indicado a nenhum tipo de premiação, ainda que produza verdadeiras relíquias cinematográficas. Mas ele foi autêntico e ousado. Como nós que adoramos nos denominar “profetas” deveríamos ser.
Selecionar o que consumimos é prudente e com certeza faz toda a diferença em nosso caráter. Mas isto não está restrito a regras do tipo “não veja TV”. Cada um deve discernir diretamente da parte de Deus quais são os limites considerados seguros para si. E se ultrapassar tais limites (ou exigir que outros se guiem pelos seus limites pessoais), então estará em pecado.
Maravilhoso será o dia em que formos capazes de influenciar os meios de comunicação pelos nossos valores inflexíveis. Que sejamos o povo do equilíbrio e da coerência, de modo que a mídia nos TEMA pelo motivo correto. Maravilhoso será quando soubermos aproveitar todas as oportunidades para relacionar a fé redentora em Cristo à cultura compreensível a este mundo. Que a ponte entre o Reino de Deus e The Matrix, entre a Redenção e Pulp Fiction, entre o discipulado e Clube da Luta… que tudo isto seja algo natural para nós, contribuindo de maneira não passiva.
Deus salve a cultura! E que Deus nos salve de nos corrompermos com as coisas tão belas que Ele mesmo nos permitiu criar.
Artigo escrito por Ariovaldo Jr
para a Revista Expresso Cristão 

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