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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

28 de março de 2012

Pr. Renato Vargens responde o "apóstolo" Terra Nova sobre prosperidade.

Por Renato Vargens

Prezado Terra Nova,

Acabei de assistir um vídeo (veja baixo) onde o senhor ensinou que a prosperidade se dá exclusivamente pelo fato do individuo ser generoso financeiramente. Além disso, o senhor também afirmou que quanto mais os líderes e pastores forem prósperos, mais prósperos se tornarão os membros da igreja. O senhor disse também que se o líder espiritual for abençoado em suas finanças, toda a igreja será, e para justificar suas premissas o senhor usou o exemplo de Israel.

Caro Renê, lamento lhe informar, mais suas doutrinas estão absolutamente equivocadas. Em primeiro lugar é preciso que você entenda que do ponto de vista bíblico a prosperidade não se dá mediante o toma-lá-dá-cá pregado pelo senhor. Deus não se submete a trocas mesquinhas como as propostas pela teologia da prosperidade. Na verdade, as Escrituras nos ensinam que a prosperidade é fruto do trabalho. O reformador francês João Calvino acreditava que o homem possuía a responsabilidade de cumprir a sua vocação através do trabalho. Na visão de Calvino, não existe lugar para ociosidade em nossas agendas. E ao afirmar isto, o reformador francês, não estava a nos dizer de que homem deva ser um ativista, ou até mesmo um tipo de worhaholic. Na verdade, Calvino acreditava que a prosperidade era possível desde que fosse consequência direta do trabalho.

Prezado Renê, pelo que percebo o senhor advoga a causa de que a prosperidade e as riquezas são caracteristicas inquestionáveis àqueles que seguem a Cristo. Pois é, talvez para o Senhor o fato do cristão não experimentar prosperidade em sua vida aponta de forma exclusiva para a ausência da bênção de Deus.

Pois é, fico a pensar como seria se Pedro, Paulo e Tiago e os demais apóstolos vivessem entre os apóstolos do século XXI. Possivelmente seriam estigmatizados, desqualificados e repudiados por sua incapacidade em realizar ou decretar atos sobrenaturais de fé, como também confrontados pelos profetas da confissão positiva pelo fato de terem fracassado financeiramente.

Renê, por favor, pare, pense e responda: Por acaso eram os apóstolos ricos? Possuíam eles as riquezas deste mundo? Advogaram o ensino de que todo discipulo de Cristo deve ser rico? Ora, se fosse realmente verdade o que ouvimos e lemos dos bispos, apóstolos, e mercadores da fé que Deus quer que os seus filhos tenham sucesso e riquezas, então porque Ele não fez que Jesus nascesse numa família extremamente rica? Porque então Ele não escolheu doze apóstolos milionários, ou pelo menos não lhes conferiu riquezas? Não seria muito mais fácil conquistar o mundo assim?

Caro Terra Nova, me desculpe discordar, mas, penso muito diferente de você, acredito profundamente que se quisermos que nossas familias experimente prosperidade torna-se ncessário que invistamos em pelo menos dois aspectos:

1- Aumento de escolaridade.

Uma das principais marcas de um povo desenvolvido é educação. Infelizmente por fatores diversos, milhões de pessoas em nosso país vivem a margem da sociedade simplesmente pelo fato de terem abandoram a escola. Tenho plena convicção que ao voltar a sala de aula o crente será abençoado por Deus dando-lhe assim novas ferramentas que o ajudarão a experimentar a tão sonhada prosperidade.

2- Melhor qualificação profissional.

Prosperidade se dá mediante o trabalho. Invista na sua profissão. Faça cursos, participe de simpósios, leia muito e aprenda com quem sabe. Nesta perspectiva, seja o melhor sapateiro, eletricista, pedreiro, médico, dentista, advogado, professor e experimente das bênçãos do Senhor.

Renê, tenho plena convicção que se desejarmos construir um país decente e sério, necessitamos romper com alguns paradigmas que nos cercam. Nações bem sucedidas são aquelas que se empenham na construção de valores e conceitos como honestidade, equidade, ética e retidão.

Infelizmente no país do gospel e do decreto espiritual apóstolico, o trabalho nem sempre é visto com bons olhos, até porque nesta perspectiva neo pentecostal, o trabalho foi feito para gente miserável e desqualificada que precisa sobreviver.

Isto posto, afirmo que o tempo de mudarmos nossos conceitos e valores é esse, além é claro de semear no coração do crente em Jesus , a idéia de que o trabalho é reflexo de uma grande bênção divina, a qual deve ser valorizado e dignificado.

Renato Vargens



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