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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

31 de janeiro de 2011

ImBBBecilidades em horário nobre



Por Clóvis Cabalau

Que o BBB é uma escória da TV Brasileira, muitos com o mínimo de massa encefálica ativa hão de concordar. E nada que venha da tal casa dos brothers me causa espanto. Embora não seja telespectador do nefasto reality global, acabo sabendo, via globo.com (um dos sites que visito diariamente), de algumas peripécias dos “geniais” participantes da edição atual do programa. Recentemente, uma novidade foi um alardeado primeiro beijo lésbico da história do BBB. Ohhhh! Que grande feito!!!!

A fim de comentar o episódio, arrisquei-me a ler o texto com a “fantástica” notícia. Descobri, então, que o beijo “revolucionário” foi entre as participantes Diana e Michelly, não sei bem em que situação, porque não tive estômago para ler a reportagem até o fim. Mas li o suficiente para deparar-me com a “brilhante” declaração que a tal Diana teria dito antes de entrar na casa: “Eu não chego em mulher, elas é que chegam em mim”, afirmou a “filósofa” big sister. Em seguida, arrematou com esta pérola: “As mulheres que eu mais fico são ‘heterossexuais’. Não existe mais mulher hétero, todas são curiosas”.

Vê-se o nível da coisa. Quer dizer que, segunda a beijoqueira Diana, todas as mulheres desse mundo são, no mínimo, bi-sexuais, já que as hétero estão extintas. São “reflexões” desse tipo que os milhões de espectadores do BBB consomem todos os dias – além de partes íntimas à mostra e muita, mas muita mesmo, baboseira pronunciada pelos “heróis” do Pedro Bial.

É sabido que a função do Big Brother não é apenas divertir, como tentam justificar alguns fãs de ocasião. A conversa é bem mais embaixo: paira por interesses comerciais explícitos, pela relativização de valores sociais, da banalização da imoralidade. Tudo feito no mais alto padrão global, com direito a câmeras estrategicamente posicionadas, a fim de flagrar posições e situações eróticas, para alegria dos manés de plantão (os mesmo que gastam seu dinheiro votando em seus brothers prediletos, compram a playboy com as eliminadas mais bem dotadas e visitam o site do Paparasi, para ver em detalhes o que as câmeras da casa só mostraram rapidamente).

Antes que alguém venha me acusar de homofobia ou coisa do tipo, adianto-me a rebater, pois qualquer homossexual, transexual ou simpatizante de bom-senso saberia que o tal beijo lésbico do BBB é tão pré-fabricado quanto as celebridades descartáveis que vivem seus minutos de fama no programa. Acreditar que as beijoqueiras do Big Brother estão levantando uma bandeira contra o preconceito é, no mínimo, ridicularizar a discussão sobre o tema. O que estão em jogo, além, claro, de um pomposo prêmio em dinheiro para o(a) vencedor(a), são os dividendos que a polêmica pode render fora da casa. Gente, o óbvio é ululante: BBB é negócio, grana, muita grana às custas da imbecilidade de nós, brasileiros.

Voltando à “brilhante” constatação da tal Diana (a extinção das mulheres hétero), penso que a moça tenha chegado a essa conclusão motivada pela mesma idéia que levou o cartunista e cross-drassing Glauco a afirmar que as diferenças entre homens e mulheres são um dogma da sociedade. Ou seja, fruto de uma conveniência pessoal, baseada num ponto-de-vista e numa escolha, nos quais, logicamente, não cabem generalizações.

Mas, não me iludo (e nem almejo) em achar que todos vão concordar com meu ponto de vista. Afinal, que mal há em assistir ao BBB de vez em quando? - argumentariam alguns. Tudo bem, há gosto para tudo e gosto não se discute. Aliás, mais uma vez o óbvio ulula: lixos como o BBB existem porque o ser humano tem preguiça de pensar. Fazer o quê?


***
Clóvis Cabalau é pastor, jornalista, e colunista no Púlpito Cristão

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