Quando lemos a 2 Coríntios 12:2-4, ficamos sabendo que Paulo foi arrebatado ao terceiro céu: “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”.
A Bíblia não revela quando isso aconteceu, mas Sir Robert Anderson, autor do livro “The Lord of Heaven” (por mim traduzido há dois anos) tem uma teoria que me deixou realmente fascinada. Ele dá entender que isso teria acontecido em Listra, quando Paulo foi apedrejado até chegar a umaexperiência de quase morte. Vejamos o que ele escreveu:
O apedrejamento de Paulo não foi uma execução, mas um assassinato, e os seus assassinos eram homens, cujas paixões eram inflamadas pelo ódio religioso. A ferocidade e brutalidade de sua ação é indicada pela narrativa. A ordem dada para aquele apedrejamento foi para que o mesmo fosse executado “fora do campo”, e no caso de uma cidade, deveria ser executado fora do portão. Mas em seu ódio contra Paulo esse detalhe foi ignorado e então, após tê-lo apedrejado, “o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto” (Atos 14:19). Arrastaram-no como se fosse o cadáver de um cachorro.
Se aqui terminasse o relato, poderíamos conjeturar que Paulo foi levado pelos seus discípulos, para longe dali e amorosamente restaurado à vida, e que, após muitas semanas de sofrimento ele ficou em forma para reiniciar o seu ministério. Mas, dentre todos os milagres de cura no NovoTestamento nada existe mais maravilhoso do que o que realmente aconteceu ali. “Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se, e entrou na cidade, e no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio e Antioquia” (Atos 14:20-21). Se já houve um milagre, certamente este foi um!
“Eles o apedrejaram, não à maneira judaica, mas tumultuosamente, e nas ruas, tendo-o arrastado para fora da cidade (Alford). O Sentido exato é “E tendo prevalecido sobre a multidão, para que lhes permitisse apedrejar Paulo, eles o arrastaram para fora da cidade”. Na certa, fazendo referência às injúrias brutais e injustas lançadas contra os cadáveres dos malfeitores executados, os quais eram geralmente apanhados pelos calcanhares e lançados fora dos portões da cidade” (Bloomfield).
Se realmente atravessou os portões da morte, naquele dia tenebroso, e foi trazido de volta à vida, o Apóstolo jamais soube dizer:
“(... se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”
(2 Coríntios 12:3-4). Ele foi arrebatado ao terceiro céu e ouviu palavras inefáveis. Sua visão na estrada de Damasco foi narrada sempre e sempre, mas as glórias do paraíso e as palavras ali ouvidas ultrapassaram a possibilidade da expressão humana.
Bem, para que ele não se exaltasse pela excelência das revelações e para evitar-lhe a soberba, foi-lhe dado “um espinho na carne, um mensageiro de Satanás”, para que sua vida se transformasse em martírio. A natureza dessa aflição tem sido objeto de muita conjectura. Ela, evidentemente, começou depois da “revelação” e a inferência natural é que se tratava de sofrimentos físicos, aos quais a revelação estava associada. Que era algo que tendia a afastá-lo do ministério público torna-se evidente, “algo em seu aspecto ou personalidade, que o afligia com agonia e humilhação”. Contudo, uma saída de emergência é necessária para se chegar a uma conclusão. Em Corinto a sua pregação fora considerada “desprezível”, enquanto no início do seu ministério ele havia sido enaltecido como orador. Pois, embora Barnabé não fosse um homem de capacidade e marca medíocres, não foi ele, mas Paulo quem foi saudado em Listra como Mercúrio (deus da eloqüência). Então qual seria a explicação para esse paradoxo?
Poderia acontecer, naturalmente, que o apedrejamento lhe tivesse causado uma paralisia facial, ou uma moléstia ainda mais aflitiva, que tivesse destruído o controle de suas feições, tornando-o objeto de zombaria aos membros hostis de cada audiência às quais ele se dirigia? Isso eu me atrevo a opinar, foi o seu “getsêmani” - aflição da qual ele três vezes suplicou que o Senhor o livrasse. Quanto mais estudamos essa maravilhosa personalidade, mais insatisfatória se nos apresenta a visão comum de que era apenas “um espinho na carne”, do tipo que muitos cristãos carregam, sem murmuração.
“É bastante digno de nota que sempre que ele se apresentava diante de ouvintes cultos, como, por exemplo, seus vários juizes romanos, o Apóstolo parecia merecer alta consideração e respeito. Sua aflição atraía a cortesia desses homens, enquanto entre o povo comum ela excitava repulsa. Diz-se que essa aflição iria afetar a sua vítima em diferentes graus, em diferentes ocasiões. (2 Coríntios 12). Bloomfield cita autoridades para a conjectura de que “essa enfermidade constava de uma afecção paralisante e hipocondríaca, que lhe causava uma distorção de continência e outros efeitos aflitivos.” Ainda é dito que supunha-se tratar de um milagre imperfeito e incompleto de cura, para o que não se encontra qualquer respaldo na Escritura. Mas, certamente, as palavras do Apóstolo indicam que ele sabia que sua experiência era peculiar. Suportar “um espinho na carne” tem acontecido a multidões entre o povo de Deus, mas sofrer uma punção, como se diz, após terem sido os ferimentos divinamente curados, isso era de tal modo exclusivo que ele deixou de aceitar, por duas vezes, a resposta à sua oração pela cura. Devemos acatar os que entendem essas palavras gráficas, significando nada menos que uma “agonia de punção”.) Até aqui falou Sir Robert Anderson.
Em geral, as pessoas que têm uma experiência de quase morte, segundo o livro “Os Fatos Sobre a vida Após a Morte”, de John Anckerberg e John Weldon (por mim traduzido em 1997 para a Chamada da Meia Noite), voltam incrédulas, pois são recebidas, do outro lado, pelo “anjo de luz”, durante essa travessia pelo mundo espiritual, o qual lhes incute a incredulidade na Divindade do Senhor. Com Paulo, que havia sido separado para o serviço de Deus desde o ventre materno (Gálatas 1:15), foi diferente. Ele voltou mais dedicado e consciente de sua missão de pregar o evangelho da graça aos gentios. Isto nos dá a gloriosa certeza de que o “anjo de luz” jamais poderá nos afastar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8:38-39).
Mary Schultze, novembro 2006.
Ola. Realmente, a tese desse autor foi muito bem argumentada e contada.
ResponderExcluirComo leigo em relação alguns assuntos relacionados à apologética, quero fazer um pequeno questionamento. Tenho visto em muitos dos posts do site sempre uma orientação a procurarmos buscar nas escrituras aquilo que está escrito. Em I Co 4:6 diz que “Não devemos ir além do que está Escrito". E também, na apologética, sempre é defendido, com muita ênfase, essas duas afirmações.
Sendo assim, gostaria de entender se este texto não está indo além do que está escrito? Pelo que entendi, não podemos afirmar, pela bíblia, que Paulo realmente foi ao terceiro céu quando foi apedrejado. Esse texto não vai contra o que é defendido pela apologética?
Não é uma crítica, mas sim, um questionamento para eu entender isso.
No amor de Cristo
Tiago Ferreira
Ola. Realmente, a tese desse autor foi muito bem argumentada e contada.
ResponderExcluirComo leigo em relação alguns assuntos relacionados à apologética, quero fazer um pequeno questionamento. Tenho visto em muitos dos posts do site sempre uma orientação a procurarmos buscar nas escrituras aquilo que está escrito. Em I Co 4:6 diz que “Não devemos ir além do que está Escrito". E também, na apologética, sempre é defendido, com muita ênfase, essas duas afirmações.
Sendo assim, gostaria de entender se este texto não está indo além do que está escrito? Pelo que entendi, não podemos afirmar, pela bíblia, que Paulo realmente foi ao terceiro céu quando foi apedrejado. Esse texto não vai contra o que é defendido pela apologética?
Não é uma crítica, mas sim, um questionamento para eu entender isso.
No amor de Cristo
Tiago Ferreira