James Frey é um escritor controverso. Ele já foi chamado de mentiroso, de uma fraude e de vigarista. Outros o consideram um salvador, um revolucionário e um gênio. Desde sua estréia no mundo da literatura mundial com Um Milhão de Pedacinhos (Objetiva, 2003). A obra biográfica relatava a vida de um Frey que foi alcoólatra por dez anos e viciado em crack durante três. Ele afirmava ter duas opções: aceitar a morte antes dos 24 anos ou encarar o inferno que sua vida se tornara e mudar radicalmente. A obra que foi escrita depois de seus três meses numa clínica de reabilitação fez sucesso, vendeu bem e agradou a crítica. Era uma marco de como uma vida podia se reconstruída. A apresentadora Oprah Winfrey recomendou entusiasticamente a biografia no clube do livro que mantinha em seu programa e que ajudou a alavancar dezenas de títulos.
Cerca de dois anos depois, a verdade apareceu. O livro não era biográfico, Frey o considerava uma obra de ficção, mas deixou ser vendido como real. A apresentadora o repreendeu publicamente, leitores chegaram a processá-lo. A editora precisou recolher as cópias restantes nas livrarias e anexar uma explicação do próprio Frey sobre o conteúdo da falsa biografia.
Acabou perdendo seu contrato com a editoras por causa de suas controvérsias. Acabou ficando com fama de maldito. Lançou outros livros. Já foi publicado em 38 idiomas e tornou-se conhecido por leitores de todo o mundo. O que passou a marcar a vida e a obra de Frey é que o jogo com a verdade, a tênue linha que separa a realidade da ficção. Aventurou-se a escrever roteiros para uma série de televisão sobre a indústria pornô. A rede HBO ainda não decidiu se o projeto será lançado.
Desde 2008 ele vem trabalhando em seu novo livro, chamado “Illumination” [Iluminação]. Mas que chegará às livrarias na Páscoa de 2001 com outro título “The Final Testament of the Holy Bible” [O Testamento Final da Bíblia Sagrada]. Como não poderia deixar de ser, Frey já está sendo alvo de críticas e polêmicas antes do lançamento oficial.
O título sugestivo relata uma vida fictícia de Jesus na Nova York de hoje. Mas o personagem central está longe do Jesus descrito na Bíblia. Neste “Testamento Final”, Cristo realiza casamentos de casais gays, engravida uma adolescente e depois a obriga a abortar, trata o Antigo e o Novo Testamento como bobagens que não merecem credibilidade. Mantém relações sexuais com homens e mulheres, cura os doentes mas pratica a eutanásia, desafia o governo e condena o que os outros chamam de santo.
A história é escrita pela perspectiva de 13 pessoas, familiares, amigos e seguidores de Jesus – incluindo um velho rabino, um jovem sem-teto e um médico. “É uma tentativa séria de escrever uma história válida sobre um Messias. É um hipotético terceiro livro da Bíblia. Uma versão de como poderia ser se o Messias aguardado pelos judeus, ou o Jesus Cristo dos cristãos, aparecesse nas ruas da Nova York contemporânea”, diz Frey. “O livro aborda idéias sobre Deus e a religião, o que isso significa, se essas idéias são válidas. Pessoalmente, acredito que se o Messias viesse para a Terra, ele não seria uma pessoa intolerante, que condenaria pessoas ao inferno pelo modo como viveram ou a quem eles amaram”.
Frey consultou diferentes especialistas, religiosos e seculares: rabinos, padres católicos, pastores evangélicos, neurocirurgiões, advogados e psiquiatras. Mas acredita que falar de sexo na vida de Cristo inevitavelmente criará polêmica. Por que ele acha que sexo é tão importante? “O sexo é parte do amor”, responde Frey. “Então, se alguém está pregando o evangelho do amor, o sexo precisa fazer parte disso. E eu não acredito que o sexo seria limitado a uma relação entre homens e mulheres. Jesus faz sexo com as pessoas que ele ama. Por isso, no meu livro, o Messias tem relações sexuais com homens e mulheres. Acho que a maioria dos cristãos fundamentalistas e evangélicos deste país se revoltaria com ele. Acredito que ele iria desmentir boa parte dos absurdos sobrenaturais na Bíblia, o universo sendo criado em uma semana, anjos com asas voando como super-heróis, um Deus barbudo com voz de trovão”.
Ele tem certeza que não será bem entendido: “Eu recebo críticas por tudo o que faço.” Mas insiste em afirmar que esta não foi a sua motivação. “Se você faz para enfurecer as pessoas, escreverá um livro ruim. Mas se fizer isso porque acredita no que está escrevendo, poderá criar algo interessante e significativa. É fácil escrever apenas para irritar as pessoas”.
Nas viagens da tour de lançamento d0 seu último Frey ele contratou os motoqueiros do Hell’s Angels como seus guarda-costas. Parece que irá precisar de seus serviços novamente no lançamento do novo também, pois certamente ele conseguirá irritar muita gente.
O livro já pode ser encomendado na Amazon e será lançado propositalmente em 12/04, perto da semana da Páscoa.
Fonte: The Guardian, Gawker e Interview / Gospel+
Tradução: Livros e Pessoas
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