Pr. Araúna dos Santos
Ao declarar, categoricamente, “O bom pastor dá a sua vida
pelas ovelhas” e exemplificar, objetivamente, “Eu sou o bom pastor”, Jesus
Cristo estabeleceu critério de avaliação do exercício pastoral na igreja. À
semelhança de Cristo, o pastor eclesiástico não deve servir a si mesmo, mas ao
rebanho – congregação – e esse serviço tem como característica o sacrifício
pessoal. Dar-se por inteiro – corpo e alma – imitando, ou melhor, reproduzindo
a vida e o ministério do Supremo Pastor, é a chamada, o propósito, o foco, o
desafio que distingue o verdadeiro Pastor do “Executivo de Deus” – o que cuida
do rebanho de Deus e o que administra seu próprio negócio.
Em outra ocasião (Mc 10.32-45; Mt 20.20-28), quando dois de
seus discípulos lhe pediram a honra de sentarem-se à sua direita e à sua
esquerda, na sua Glória, o Mestre, em resposta, lhes ensinou que aquela honra
desejada não era de sua competência conceder. Mateus esclarece que Jesus teria
afirmado ser da competência de Deus Pai – evidenciando, assim, sua humildade,
naquele tempo de encarnação do Verbo – Deus Filho (Fl 2.6-11). Na sequência de
seu diálogo com os discípulos, nosso Senhor esclareceu a questão, sintetizando:
“Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam
e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim, entre vocês.
Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo e quem
quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois, nem mesmo o Filho do
homem veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de
muitos”. E não se pode esquecer o belo exemplo de Paulo – pastor e apóstolo –
ao escrever à igreja que estava em Corinto (II Co 4.5) e lembrar-lhes o escopo
de seu ministério pastoral naquela igreja: “porque não pregamos a nós mesmos,
mas a Jesus Cristo, e a nós como escravos de vocês, por causa de Cristo” – O
amor real de Cristo.
Digna de destaque também é a advertência de Pedro –
igualmente pastor e apóstolo – ao dirigir-se diretamente aos presbíteros
(pastores) em sua carta “aos peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na
Capadócia, na província da Ásia e na Bitinia” (I Pe 5.1). Ao final de carta
exorta, com todas as letras: “pastoreiem o rebanho de Deus que está a seus
cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer.
Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como
dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho.
Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória”.
Na observação cuidadosa do texto, saltam aos olhos as
palavras: não por obrigação, não por ganância, não como dominadores. E, por
outro lado, os aspectos positivos são também ressaltados: livre vontade, desejo
de servir, como exemplos. Aqui estão características de personalidade, modelos
de atuação, traços de caráter, objetivos de vida, compreensão de ministério,
construção de relacionamentos e saúde de alma ou enfermidades que modelam o
pastor ou, simplesmente, o executivo de Deus.
A consciência ministerial do pastor é que ele está cuidando
do rebanho de Deus, a quem prestará contas. O.S.Hawkins, em seu valiosíssimo livro
- “The Pastor’s Prime” – deixa claro que nenhum pastor tem seu próprio
ministério e seu próprio rebanho. O ministério é recebido de Deus e pertence a Deus,
e o rebanho também. A igreja é de Cristo não do pastor e de ninguém mais. O
pastor e outros líderes na igreja, como a congregação, são apenas servos de
Cristo e uns dos outros, chamados para fazer o que Ele quer para a sua igreja.
O pastor não tem o domínio, mas precisa ter o cuidado.
Fonte: O Jornal Batista
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