O dia quente, beirando os 40 graus, confirma a intensidade do verão desértico no Oriente Médio. Na medida em que o pequeno ônibus vai descendo o Vale do Jordão deixando para trás a cidade de Mádaba e as montanhas jordanianas de Gileade, o calor aumenta mais ainda. No último check point da Jordânia o coletivo dá uma parada seguindo viagem na direção da ponte Allemby, nome em homenagem a um general inglês, proeminente na região na época que antecedeu a criação do estado de Israel. Ao cruzar a ponte, rapidamente pode-se vislumbrar o rio Jordão, que nesse ponto alcança o Mar Morto como um pequeno porém bonito córrego. Nos primeiros metros, já dentro da fronteira israelense o ambiente muda. A checagem da documentação retarda o coletivo por quase 30 minutos, levando os viajantes a uma impaciência geral, frente ao calor de mais de 40 graus, comuns no vale do Jordão, com seus mais de 400m abaixo do nível do mar. Com sol ardente, tudo cercado por deserto, rara vegetação, parece um forno.
Quando, entretanto, o coletivo chega ao lugar de imigração e entrada oficial do estado de Israel, é que a situação realmente esquenta. Centenas de palestinos, homens, mulheres e crianças, aglomeram-se debaixo de uma tenda branca, aonde uma fila desorganizada é controlada por dois jovens soldados a paisana, com óculos escuros, armados com pistola e fuzil Uzzi. Um ventilador de grande porte, atenua o calor e umidifica o local. Os dois guardas olham de frente para o contingente formado basicamente por palestinos desesperados em atingir seu objetivo de entrar no território Israelense. Sabe-se que estão indo para Gaza, Ramalah, Nazaré, Hebrom, Nablus e Belém, que são os principais redutos onde vive essa minoria, que disputa com os Judeus o pequeno território de Sião.
Eu e os dois americanos que me acompanhavam, fomos tomando lugar na fila e esperando. A garrafinha de água é a salvação, que a este ponto já era compartilhada pelo trio. Pouco tempo depois, por estarem sem bagagem, meus companheiros, foram chamados, e sumiram dentro do saguão logo atrás do guichê. Mas eu fiquei. Um outro guarda gritava pela minha bagagem, que foi colocada por mim sobre uma grande pilha de malas, sacolas de todos os tipos e bugigangas, que saiam de dentro dos ônibus que não paravam de chegar da Jordânia.
A fila ia andando devagar pois a verificação dos passaportes era minuciosa e lenta, até que a funcionária gritou: coffee break. A moça simplesmente sumiu, voltando 30 minutos depois, deixando todos derretendo no calor.
Depois de retornar, meu passaporte foi então visto, passei para a entrada principal. Ao ser identificado como brasileiro, tive atendimento diferenciado, o que não significa que foi mais rápido. A rotina de responder as mesmas perguntas para pessoas diferentes, comum em Israel, quase tira a paciência. A seguir, depois de preencher formulários fui então autorizado a entrar no setor da bagagem. Duas horas depois, abri meu violão que era a única bagagem comigo e comecei a cantar em um canto do saguão. Meu cântico, mesmo baixo, chamou a atenção de um fiscal judeu que se aproximou e identificou-se como argentino. Graças a identidade sul-americana o hermano judeu que me ajudou a liberar as bagagens. Mesmo com a intervenção, meu trâmite foi de três horas e vinte minutos.
O taxi, que veio buscar-me para levar a Tel Aviv, me fez ver um pouquinho mais do contexto palestino. Passando pelos cercanias de Jerusalém um gigantesco muro surge de repente no horizonte saindo das montanhas milenares da Cidade da Paz chegando até a vizinha e turbulenta cidade de Ramala, que é território palestino. O taxista defende o muro, afirmando que este, de alguma forma, impedia ou pelo menos dificultava a incursão de "terroristas" no território de Israel.
Quando contudo se olha o assunto com uma lupa mais potente, a situação é muito mais séria e profunda e deve ser vista, tanto pela imprensa quanto pelos governos com neutralidade e preocupação.
As facções, Hammas e Fatah, que controlam os territórios Palestinos, acusam Israel de uma crescente violação dos direitos humanos, o que é comprovada por observadores internacionais. Minorias cristãs, igualmente protestam sobre o quesito. Recentemente uma carta assinada pelas principais igrejas evangélicas americanas, presentes em Israel, tenta vetar junto ao congresso dos Estados Unidos, a gorda liberação de verbas para Israel, por entenderem que o estado Judeu viola constantemente os direitos humanos das minorias, cristãs e árabes, cuja situação é cada vez mais insuportável. Hoje os palestinos tem uma população crescente e jovem, que representa quase 40% do povo israelense. Porém, sem empregos e sem condição de emigrar para buscar outras possibilidades além mar, não precisa ser analista, para prever a bomba relógio que o quadro representa. Acusações mutuas, retardam o processo de paz, que mesmo pressionado pelas grandes potências, insiste em não sair.
O governo sionista defende com unhas e dentes o etnocentrismo judeu, alegando uma base histórica para faze-lo, o que por outro lado não é apoiado totalmente, nem mesmo dentro dos quadros antropológicos judeus. O historiador da faculdade de Tel Aviv, Shlomo Sand, é um desses. Sand defende a tese de que o verdadeiro estado de Israel é miscigenado tanto sangüíneo quanto culturalmente, o que causa fúria nos Rabinos mais radicais que defendem com unhas e dentes a tese do estado puro dos Judeus.
Com respeito às minorias cristãs, a situação é preocupante, principalmente levando-se em conta que a maioria dos cristãos em Israel são também palestinos. Sofrem pressões tanto das lideranças árabes quanto das judaicas. O desrespeito mutuo é o modus operante. Asharaff Hounus é um exemplo. Palestino simpatizante Cristão, Hounus teve que fugir de Ramala, vindo para o Brasil, pois estava sendo ameaçado de morte por ser simpatizante cristão e ter exposto o Filme Jesus em sua TV comunitária. Pouco tempo depois foi encontrado morto no Brasil sem explicação plausível.
Casos assim são constantes. No lado judeu a intolerância com conversões e assuntos como pregação pública e evangelismo são visíveis Há poucos anos atrás o Knesset, que é o congresso legislativo de Israel, aprovou no dia do Natal Cristão a lei contra evangelismo: Qualquer tentativa de pregação do Evangelho visando evangelizar outras pessoas fora dos templos autorizados é passível de prisão e julgamento. No caso palestino ,pode chegar até a violência como aconteceu com um cristão que ao tentar tocar um cassete de música cristã em um ônibus, foi jogado para fora com o veículo em movimento, vindo quase a morrer.
Tantos judeus quanto muçulmanos pressionam, perseguem, e limitam as liberdades cristãs. Por outro lado os palestinos árabes fazem o mesmo com os judeus e cristãos. Já os cristãos, tem por proteção, unicamente, a pressão internacional, que mesmo tênue, é hoje sua defesa.
O futuro de Israel passa pela definição de liberdade. A conturbada democracia, fragilizada pela corrupção de ambos os lados e agora agitada pelas pressões dos vizinhos Sírios, Irã, Egito e Líbano, fazem crescer a temperatura. O governo vai ter que dar um passo a mais na direção da tolerância e civilidade. O Israel de hoje, por mais que busque sua identidade através da pureza étnica e religiosa, é sem dúvida uma mescla de raças, culturas e religiões que se distanciam cada vez mais de uma fé verdadeira que as leve a serem pessoas melhores que vivem em paz com seus semelhantes. As múltiplas minorias que ali se acumulam de forma irrevogável, representam o todo da conturbada nação e que tenta fazer do pequeno país sua própria "terra santa".
A eleição americana foi esperada para definir os próximos passos que serão dados na direção da política interna e externa de Israel. Os movimentos pró democráticos dos países árabes são comprometidos com o fundamentalismo islâmico e em um futuro próximo poderão ser determinantes em desestabilizar o balanço de poder na região, exercido com primazia por Israel, que se perder o respaldo internacional, em função de assuntos como o desrespeito dos direitos humanos, o Oriente Médio poderá sair da primavera e entrar em um longo inverno de tensões ainda maiores.
Com a aceitação recente do Estado Palestino como um “estado observador”, que lhe confere novos direitos junto à comunidade internacional, o jogo vai progressivamente endurecendo para Israel.
O que todos esperam é que ambos busquem outros caminhos, mais coerentes com a fé em Jeová e Alá. Pelo que praticam seus seguidores da Terra Santa, tanto judeus quanto palestinos, parecem mais seguidores de deuses fictícios, aliados apenas a uma retórica vazia e infrutífera em promover a tão esperada paz.
Quando, entretanto, o coletivo chega ao lugar de imigração e entrada oficial do estado de Israel, é que a situação realmente esquenta. Centenas de palestinos, homens, mulheres e crianças, aglomeram-se debaixo de uma tenda branca, aonde uma fila desorganizada é controlada por dois jovens soldados a paisana, com óculos escuros, armados com pistola e fuzil Uzzi. Um ventilador de grande porte, atenua o calor e umidifica o local. Os dois guardas olham de frente para o contingente formado basicamente por palestinos desesperados em atingir seu objetivo de entrar no território Israelense. Sabe-se que estão indo para Gaza, Ramalah, Nazaré, Hebrom, Nablus e Belém, que são os principais redutos onde vive essa minoria, que disputa com os Judeus o pequeno território de Sião.
Eu e os dois americanos que me acompanhavam, fomos tomando lugar na fila e esperando. A garrafinha de água é a salvação, que a este ponto já era compartilhada pelo trio. Pouco tempo depois, por estarem sem bagagem, meus companheiros, foram chamados, e sumiram dentro do saguão logo atrás do guichê. Mas eu fiquei. Um outro guarda gritava pela minha bagagem, que foi colocada por mim sobre uma grande pilha de malas, sacolas de todos os tipos e bugigangas, que saiam de dentro dos ônibus que não paravam de chegar da Jordânia.
A fila ia andando devagar pois a verificação dos passaportes era minuciosa e lenta, até que a funcionária gritou: coffee break. A moça simplesmente sumiu, voltando 30 minutos depois, deixando todos derretendo no calor.
Depois de retornar, meu passaporte foi então visto, passei para a entrada principal. Ao ser identificado como brasileiro, tive atendimento diferenciado, o que não significa que foi mais rápido. A rotina de responder as mesmas perguntas para pessoas diferentes, comum em Israel, quase tira a paciência. A seguir, depois de preencher formulários fui então autorizado a entrar no setor da bagagem. Duas horas depois, abri meu violão que era a única bagagem comigo e comecei a cantar em um canto do saguão. Meu cântico, mesmo baixo, chamou a atenção de um fiscal judeu que se aproximou e identificou-se como argentino. Graças a identidade sul-americana o hermano judeu que me ajudou a liberar as bagagens. Mesmo com a intervenção, meu trâmite foi de três horas e vinte minutos.
O taxi, que veio buscar-me para levar a Tel Aviv, me fez ver um pouquinho mais do contexto palestino. Passando pelos cercanias de Jerusalém um gigantesco muro surge de repente no horizonte saindo das montanhas milenares da Cidade da Paz chegando até a vizinha e turbulenta cidade de Ramala, que é território palestino. O taxista defende o muro, afirmando que este, de alguma forma, impedia ou pelo menos dificultava a incursão de "terroristas" no território de Israel.
Quando contudo se olha o assunto com uma lupa mais potente, a situação é muito mais séria e profunda e deve ser vista, tanto pela imprensa quanto pelos governos com neutralidade e preocupação.
As facções, Hammas e Fatah, que controlam os territórios Palestinos, acusam Israel de uma crescente violação dos direitos humanos, o que é comprovada por observadores internacionais. Minorias cristãs, igualmente protestam sobre o quesito. Recentemente uma carta assinada pelas principais igrejas evangélicas americanas, presentes em Israel, tenta vetar junto ao congresso dos Estados Unidos, a gorda liberação de verbas para Israel, por entenderem que o estado Judeu viola constantemente os direitos humanos das minorias, cristãs e árabes, cuja situação é cada vez mais insuportável. Hoje os palestinos tem uma população crescente e jovem, que representa quase 40% do povo israelense. Porém, sem empregos e sem condição de emigrar para buscar outras possibilidades além mar, não precisa ser analista, para prever a bomba relógio que o quadro representa. Acusações mutuas, retardam o processo de paz, que mesmo pressionado pelas grandes potências, insiste em não sair.
O governo sionista defende com unhas e dentes o etnocentrismo judeu, alegando uma base histórica para faze-lo, o que por outro lado não é apoiado totalmente, nem mesmo dentro dos quadros antropológicos judeus. O historiador da faculdade de Tel Aviv, Shlomo Sand, é um desses. Sand defende a tese de que o verdadeiro estado de Israel é miscigenado tanto sangüíneo quanto culturalmente, o que causa fúria nos Rabinos mais radicais que defendem com unhas e dentes a tese do estado puro dos Judeus.
Com respeito às minorias cristãs, a situação é preocupante, principalmente levando-se em conta que a maioria dos cristãos em Israel são também palestinos. Sofrem pressões tanto das lideranças árabes quanto das judaicas. O desrespeito mutuo é o modus operante. Asharaff Hounus é um exemplo. Palestino simpatizante Cristão, Hounus teve que fugir de Ramala, vindo para o Brasil, pois estava sendo ameaçado de morte por ser simpatizante cristão e ter exposto o Filme Jesus em sua TV comunitária. Pouco tempo depois foi encontrado morto no Brasil sem explicação plausível.
Casos assim são constantes. No lado judeu a intolerância com conversões e assuntos como pregação pública e evangelismo são visíveis Há poucos anos atrás o Knesset, que é o congresso legislativo de Israel, aprovou no dia do Natal Cristão a lei contra evangelismo: Qualquer tentativa de pregação do Evangelho visando evangelizar outras pessoas fora dos templos autorizados é passível de prisão e julgamento. No caso palestino ,pode chegar até a violência como aconteceu com um cristão que ao tentar tocar um cassete de música cristã em um ônibus, foi jogado para fora com o veículo em movimento, vindo quase a morrer.
Tantos judeus quanto muçulmanos pressionam, perseguem, e limitam as liberdades cristãs. Por outro lado os palestinos árabes fazem o mesmo com os judeus e cristãos. Já os cristãos, tem por proteção, unicamente, a pressão internacional, que mesmo tênue, é hoje sua defesa.
O futuro de Israel passa pela definição de liberdade. A conturbada democracia, fragilizada pela corrupção de ambos os lados e agora agitada pelas pressões dos vizinhos Sírios, Irã, Egito e Líbano, fazem crescer a temperatura. O governo vai ter que dar um passo a mais na direção da tolerância e civilidade. O Israel de hoje, por mais que busque sua identidade através da pureza étnica e religiosa, é sem dúvida uma mescla de raças, culturas e religiões que se distanciam cada vez mais de uma fé verdadeira que as leve a serem pessoas melhores que vivem em paz com seus semelhantes. As múltiplas minorias que ali se acumulam de forma irrevogável, representam o todo da conturbada nação e que tenta fazer do pequeno país sua própria "terra santa".
A eleição americana foi esperada para definir os próximos passos que serão dados na direção da política interna e externa de Israel. Os movimentos pró democráticos dos países árabes são comprometidos com o fundamentalismo islâmico e em um futuro próximo poderão ser determinantes em desestabilizar o balanço de poder na região, exercido com primazia por Israel, que se perder o respaldo internacional, em função de assuntos como o desrespeito dos direitos humanos, o Oriente Médio poderá sair da primavera e entrar em um longo inverno de tensões ainda maiores.
Com a aceitação recente do Estado Palestino como um “estado observador”, que lhe confere novos direitos junto à comunidade internacional, o jogo vai progressivamente endurecendo para Israel.
O que todos esperam é que ambos busquem outros caminhos, mais coerentes com a fé em Jeová e Alá. Pelo que praticam seus seguidores da Terra Santa, tanto judeus quanto palestinos, parecem mais seguidores de deuses fictícios, aliados apenas a uma retórica vazia e infrutífera em promover a tão esperada paz.
Fonte: http://blogdoasaph-blogdoasaph.blogspot.com.br/
0 comentários:
Postar um comentário
Comenta! Elogia! Critica! É tudo para o Reino!
Considere apenas:
(1) Discordar não é problema. É solução, pois redunda em aprendizado! Contudo, com modos.
(2) A única coisa que eu não aceito é vir com a teologia do “não toque no ungido”, que isto é conversa para vendilhão dormir... Faça como os irmãos de Beréia e vá ver se o que lhe foi dito está na Palavra Deus!
(3)NÃO nos obrigamos a publicar comentários ANÔNIMOS.
(5) NÃO publicamos PALAVRÕES.
“Mais importante que ser evangélico é ser bíblico” - George Knight .