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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

29 de março de 2010

Igreja Evangélica e a Violência Infantil


Por Renato Vargens

A Violência doméstica é um grave problema em nossa sociedade. Nossas igrejas estão repletas de mulheres e crianças que apanham de seus maridos, pais e padastros. Infelizmente não são poucas aquelas que vivem uma vida de horrores, sofrendo as agruras de uma relação despótica, ditatorial e abrutalhada.

Segundo a UNICEF, todos os dias, mais de 18 mil crianças são espancadas no Brasil, sendo que as mais afetadas são meninas entre sete e 14 anos. Em nosso país, existe uma população de quase 67 milhões de crianças de até 14 anos. Em todo território nacional são registrados 500 mil casos/ano de violência doméstica de diferentes tipos. Em 70% destes casos os agressores são os pais biológicos.

Em Curitiba, a cada seis horas, as autoridades municipais tomam conhecimento de pelo menos uma criança vítima de violência, abuso sexual ou de maus tratos praticados pela própria família, em uma situação que é classificada de emergência. No Rio de Janeiro, numa pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre 'violência doméstica', o tipo mais comum de violência é a sexual (31,6%), seguida de maus tratos físicos (27,7%), negligência (24%) e abuso psicológico (15,8%), onde na maioria das vezes, o algoz é o pai ou padrasto.

Em São Paulo, a CASA DE ISABEL, que é um Centro de Apoio a Mulheres Vítimas de Violência, afirma que 90% das mulheres que procuram ajuda são evangélicas, membros em sua maioria, de Igrejas Pentecostais. Nas dissidências da Casa de Isabel, é fácil encontrar grupos de mulheres com a Bíblia aberta, senhoras murmurando corinhos cristãos e até mesmo a música no rádio da recepção, tocando canções evangélicas.


Isto posto, é indispensável que entendamos:


1- Nem todos que se dizem evangélicos, de fato os são.
2- O homem por natureza é mau e desesperadamente corrupto.
3- É inegável que o ambiente onde o agressor foi criado e habita, contribui significativamente para a formação de uma mente violenta e perversa.
4- A falta de referências afetivas e familiares são marcas indeléveis a uma mente desestruturada.
5- A Ausência paterna caracterizada especificamente pela inexistência das leis que regem a família contribui para um comportamento violento do agressor.
6- A relativização da ética, da moral e dos bons costumes.
7- Baixíssimo nível de escolaridade.


E a igreja? O que tem feito diante da violência doméstica?


1- Tem sido absolutamente omissa diante da violência dominante na sociedade.
2- Tem sido teologicamente fatalista.
3- Tem "polyanizado" a vida fazendo o "jogo do contente", deixando de cumprir o papel de denunciar a violência e a injustiça da nação.
4- Tem sido exageradamente farisaica.
5- Tem "satanizado" os relacionamentos pessoais transferindo a culpa das mazelas humanas para o diabo.
6- Não tem educado, nem tampouco corrigido os desvios comportamentais de seus membros.
7- Tem distorcido teologicamente o papel do homem, da mulher e da criança na relação familiar.
8- Não tem fortalecido, nem tampouco servido como comunidade terapêutica àqueles que foram vitimados pela violência.


O que fazer ent
ão?

1-Romper definitivamente com a hipocrisia eclesiástica que nos é peculiar.
2-Romper com os conceitos e métodos educacionais usados nos encontros de casais.
3- Reformular as classes de ensino bíblico objetivando o resgate de valores cristãos como amor, respeito e afetividade.
4- Estabelecer um discipulado prático e objetivo em suas estruturas onde os valores do reino devam ser enfatizados e pregados.
5- Denunciar e punir eclesiasticamente os autores de violência doméstica.
6- Amparar, fortalecer e ajudar na restauração emocional dos que foram vitimas de violência familiar.
7- Estabelecer uma "Escola de Pais" onde através de pastores e educadores, pais e responsáveis sejam ministrados em quesitos básicos relacionados a convivência familiar.
8- Promover fóruns, simpósios e congressos práticos que visam à qualificação de conselheiros cristãos para uma abordagem direta dos que foram vitimados pela violência.
Estabelecer parcerias com o poder público, com a sociedade civil, com escolas, associações de moradores, conselhos tutelares, etc.
9- Se necessário for denunciar o agressor a polícia.


Caro amigo, mais do que nunca é necessário arregaçar as mangas, abandonar definitivamente os balcões de espera, e enveredar por este mundão de meu Deus anunciando aos que sofrem o maravilhoso amor de Jesus.


***
Renato Vargens é pastor, escritor e articulista no Púlpito Cristão

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