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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

25 de março de 2010

Mais que uma questão de fé

A prática dizimal, embora disseminada nas igrejas evangélicas, está longe de ser unanimidade entre os crentes
 

A relação entre fé e riqueza nunca despertou tanto interesse quanto nos dias de hoje. Graças à predominância do capitalismo, as religiões são cada vez mais atraídas por um apelo financeiro. O principal alvo dos críticos dessa relação são os evangélicos que, em geral, não dispensam o discurso proselitista em prol da expansão do Reino de Deus para justificar a arrecadação de fundos que financiem os esforços evangelísticos, cada vez mais dispendiosos por conta dos crescentes investimentos em patrimônio e mídia eletrônica. O crescimento exponencial do número de convertidos nas duas últimas décadas deu ainda mais visibilidade para esse fenômeno. A livre organização, característica essencial das entidades evangélicas, tornou o terreno fértil para as mais variadas interpretações bíblicas quando o assunto é dinheiro. E a necessidade de resultados elevou a arrecadação financeira a uma condição de prioridade doutrinária, defendida com ênfase na maior parte das igrejas, de todas as linhas teológicas, conforme levantamento de uma pesquisa realizada por ECLÉSIA sobre o assunto.
O dízimo, principal fonte de receita de 74% das igrejas evangélicas pesquisadas , virou uma questão central e peça-chave na luta contra as trevas. Não apenas no sentido espiritual, em que sua prática abriria as portas do céu para a prosperidade, mas também como uma forma de ajustar o orçamento e manter a obra de Deus.
A prática dizimal – algumas vezes, justificada; outras, abusiva – gerou uma série de reservas por parte da sociedade em relação às igrejas evangélicas, a tal ponto de o assunto se tornar matéria-prima de trocadilhos jocosos como "templo é dinheiro". O advento da teologia da prosperidade, que avançou no Brasil a partir da década de 1970, impulsionou de vez a cobrança do dízimo com ênfase no sucesso material para as pessoas verdadeiramente espirituais, ao afirmar que o plano de Deus para o homem é fazê-lo feliz, abençoado, saudável e próspero em tudo, ainda nesta vida, e não apenas no Paraíso. E tal abordagem floresceu, em especial, no ramo neopentecostal da Igreja Evangélica nas décadas seguintes. "A posse, a aquisição e exibição de bens, a saúde em boas condições e a vida sem maiores problemas ou aflições são apresentados como provas da espiritualidade do fiel", afirma o sociólogo Ricardo Mariano, da PUC-RS, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Edições Loyola).
"A teologia da prosperidade, ao justificar o intenso pedido de dízimos e ofertas, agrada aos pastores cujos projetos evangelísticos são ambiciosos e de alto custo, enquanto que, ao prometer bênçãos materiais e uma vida vitoriosa, mostra-se quase irresistível aos fiéis, não somente os mais pobres", avalia o estudioso. Beneficiados pela elevada arrecadação, prossegue Mariano, os neopentecostais acabaram estimulando muitas igrejas de outras linhas teológicas, como as renovadas e as protestantes históricas, a imitá-los. A relação com o dinheiro, na qual o dízimo assume papel de destaque, adquiriu conotação e valor teológico positivos, tornando-se até objeto de cultos especiais. "Pastores, sem cerimônia, passaram a pedir dinheiro em grandes quantias, enquanto os fiéis, sem culpa, assumiram seus desejos de consumo e ambições materiais", diz.

Distorções – O problema é que a nova relação dos pastores com o dinheiro, encarada como charlatanice por muitos, veio somar-se às acusações de nepotismo eclesiástico, fisiologismo político, enriquecimento de líderes ministeriais e à exploração da credulidade e ingenuidade de multidões de crentes. Com isso, a boa reputação de muitas lideranças evangélicas, se não foi a nocaute, passou a ser seriamente questionada. "Há distorções sérias na administração do dinheiro arrecadado pelas igrejas. O mais grave é que ninguém sabe para onde ele vai", aponta Hélio Alves da Silva, professor de Administração de Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, e membro da Igreja Evangélica Cristo é Vida. Ele vai além: "A prestação de contas é extremamente precária. Normalmente, é uma caixa preta, sem transparência".
Embora não seja dizimista, Hélio garante que sua contribuição "para a obra de Deus" ultrapassa o limite de 10% dos seus rendimentos, a ponto de defender um novo modelo eclesiástico: "Caso o dízimo não fosse obrigatório, talvez a arrecadação nem diminuísse, se tivéssemos a idéia bíblica de que cada um deve contribuir com alegria conforme o seu coração. Nós devíamos depender da fé e da liberalidade dos irmãos, no sentido de partilharmos uma visão de atender às necessidades financeiras dos mais pobres", teoriza. Só que na prática, uma postura como essa, ainda que possível, se torna bastante arriscada. O dízimo, citado em passagens bíblicas no Antigo e no Novo Testamento, garante uma previsão de faturamento das igrejas, o que administrativamente traz segurança. Tanto que a grande maioria das denominações inclui o dízimo na sua base doutrinária.
É ponto pacífico que, sem o dízimo, fica inviável suprir as demandas das igrejas – incluídos os gastos com custeio, construção e manutenção de templos, salários de obreiros, ação social, obra missionária e por aí vai. "A partir do momento em que se aluga um prédio, liga a luz e a água, as despesas ocorrem. E alguém tem que pagar", lembra o pastor e teólogo Antônio Carlos Barro, fundador da Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina (PR).
Para ele, a necessidade da cobrança do dízimo se impõe porque "o crente é muito sossegado". "De Deus ele quer a bênção, mas abençoar quase não faz parte do seu mundo. Assim é fácil", critica. Já o empresário Altomir Regis da Cunha, vice-presidente da Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno (Adhonep), prefere adotar um tom mais personalista, considerando o dízimo um ato de disciplina cristã. "Quando dizimamos ou ofertamos estamos na verdade aprendendo a viver pelos princípios da obediência e da semeadura", sustenta. "Quando dou meu dízimo ou entrego uma oferta estou demonstrando que aprendi a viver para Deus em todas as áreas", prossegue Cunha, que exerce o pastorado no Centro Evangelístico Internacional em Icaraí, Niterói (RJ).

Taxa espiritual – Na sua origem etimológica, o dízimo representa a décima parte de alguma coisa ou valor. Na época do Império Romano, para corrigir um eventual comportamento acovardado de suas legiões durante a batalha, os generais costumavam formá-las em centúrias e, por sorteio, mandavam matar cada décimo homem. Desta prática surgiu o significado original de destruição e morte associado à palavra dizimar. No entanto, quando o que está em questão são valores o termo é aplicado como forma de tributo. No mundo antigo, a prática do dízimo é encontrada na Babilônia, na Pérsia, no Egito, na Grécia, em Roma e até mesmo na China. Por causa da concepção nessas culturas antigas de que as terras como um todo pertenciam aos deuses, um profundo significado religioso ficou arraigado ao conceito do dízimo. "A entrega dos dízimos sobre as propriedades, para fins sagrados, era comum por todo o Oriente Próximo Antigo, embora evidências bem documentadas com relação a essas oferendas sejam provenientes principalmente da Mesopotâmia", diz o pesquisador Paulo José de Oliveira, crente presbiteriano e autor do livro Desmistificando o dízimo (Editora ABU).
Para se ter uma idéia da dimensão histórica do dízimo, a prática é encontrada já no século 14 a.C. em Ungarit, cidade no litoral norte da Fenícia. "O dízimo não era atribuído aos templos apenas; poderia ser também uma taxa real", comenta Oliveira. Já a referência bíblica mais antiga da prática dizimal está em Gênesis 14:17-20, quando Abrão – mais tarde renomeado Abraão, o patriarca hebreu – entrega ao rei de Salém, Melquisedeque, a décima parte dos despojos de uma guerra vencida. Outra evocação ao dízimo pré-mosaico na Bíblia está no capítulo 18 de Gênesis, quando Jacó faz voto de pagar um dízimo em Betel. Naquele caso, Jacó atribuiu o pagamento do tributo a uma condição específica: "Se Deus estiver comigo e me guardar no caminho por onde eu for, se me der pão para comer e roupas para vestir", entre outras coisas.
Nos primórdios do judaísmo, a lei concernente ao tributo foi dividida em primeiro e segundo dízimo — por conta dos conflitos gerados pelas passagens de Levítico 27:30-33 e Deuteronômio 14:24-25 — e o dízimo do pobre. De acordo com as prescrições sacerdotais, o dízimo deveria ser dado aos levitas, ao passo que o código deuteronômico ensina que ele deve em parte ser consumido pelo proprietário no santuário central e em parte entregue aos necessitados. Usado pelos judeus como demonstração externa de ortodoxia e obediência à lei, a prática do dízimo foi citada por Jesus em apenas duas ocasiões nos Evangelhos. Em ambas, o preceito é utilizado para criticar a hipocrisia dos fariseus. "Nos três primeiros séculos do cristianismo não houve pagamento de dízimos, e muitos dos patriarcas da Igreja, como por exemplo Irineu, no século 2, condenavam o ato de dizimar por considerá-lo legalista e ritualista, em oposição à espontaneidade das ofertas voluntárias", diz Paulo de Oliveira.
O tributo só foi oficializado no cristianismo nos dois primeiros concílios de Latrão, em 1123 e 1139. Os abusos na cobrança e aplicação do dízimo cristão vêm de longa data, mas a reação contra essas distorções iniciou-se apenas no século 13 e intensificou-se com a Reforma. Curiosamente, nos países onde as idéias de Lutero se impuseram, os dízimos continuaram a ser cobrados entre as igrejas reformadas de cada país. O motivo? Uma fonte de receita que atendia às necessidades políticas e corporativas da Igreja. "Essa ignorância histórica e as distorções sobre o que os textos bíblicos dizem a respeito do dízimo são lamentáveis", conclui Oliveira, um descendente de judeus e estudioso da Torá, as escrituras hebraicas.

"Ato de fé" – Para as denominações que precisam arcar com uma estrutura eclesiástica formal, seguir outro modelo que não o baseado no dízimo seria impraticável. Na Igreja Evangélica Luterana do Brasil (Ielb), por exemplo, as despesas com obreiros e patrimônio consomem cerca de 60% da arrecadação financeira, enquanto os investimentos em ensino, assistência social e educação mal chegam a 15% do total, conforme relatório informal de despesas fornecido a ECLÉSIA pelo tesoureiro Moacir Rodrigues. O restante dos recursos, sob a rubrica "despesas gerais", acaba absorvido no processo administrativo. A Ielb, explica Moacir, não exige, mas orienta e encoraja seus congregados a ofertarem o dízimo "como resposta ao grande amor de Deus que os salvou e os sustenta nesse mundo". E continua: "Sabemos que há muitos que são dizimistas, como também há diversos que ultrapassam os 10% em suas ofertas". A denominação conta ainda com investimentos que ocorrem com verbas do caixa nacional da Ielb, a partir de receitas de aluguéis e verbas recebidas do exterior — de países como a Alemanha, sede mundial das igrejas luteranas, onde em pleno século 21 o dízimo é tributado pelo próprio Estado.
Já os líderes das igrejas pentecostais preferem adotar um discurso mais espiritualizado para tratar do assunto. É o caso do pastor Carlos Alberto Bezerra, fundador da Comunidade da Graça, denominação que reúne sete mil membros em São Paulo, onde fica a sede, e mais 33 mil em congregações espalhadas pelo país. "O dízimo é bíblico. É um preceito que transcende a lei e a graça, pois foi instituído pelo próprio Deus", diz. Segundo ele, mais de 90% de sua membresia é dizimista fiel. "Ensinamos ao nosso povo a prática da obediência ao Senhor". A explicação para esse alto índice de contribuição, explica, está na ênfase do ensino sobre o dízimo nos grupos familiares, os GCEM — Grupos de Comunhão, Edificação e Multiplicação — em que se divide a igreja. Só em São Paulo há 600 dessas células.
Bezerra fala que ali os fiéis são conscientizados sobre o dízimo. "Nessas reuniões, todos os assuntos da vida cristã são tratados, inclusive a necessidade de se observar a prática do dízimo. Nosso povo entende que dizimar é uma bênção, não só pela obediência à Palavra, como também pelo privilégio de sustentar a obra de Deus", enfatiza. Na Comunidade da Graça, logo que a pessoa se converte é instruída, biblicamente, sobre a questão. Indagado acerca dos 10% de membros não-dizimistas, o pastor é condescendente: "São pessoas que, talvez por falta de fé, preconceito ou por experiências ruins em outras denominações, ainda não se conscientizaram da bênção que é obedecer ao Senhor e ser fiel a ele." Ele garante, por outro lado, que tais pessoas não sofrem qualquer tipo de pressão ou constrangimento. "Aí entra uma questão de fé de cada um", encerra.
Pois é justamente baseada na fé que a pastora Mara Rubia Barone Windt, da Comunidade Evangélica em Vila Anastácio (Ceva), bairro carente da região da Lapa, em São Paulo, articula seu discurso contrário ao dízimo. A igreja, ao contrário da maioria dos grupos evangélicos, não cobra os 10% dos rendimentos de seus membros, que são cerca de 400, boa parte deles pobres. "A Ceva foi a primeira igreja evangélica na região, e surgiu há seis anos. Como a área é pobre, não há muito interesse dos pastores em se instalar lá", ironiza. Para Mara Rubia, os ensinamentos adotados pelas igrejas evangélicas a respeito do dízimo não passam de um engano. "Recusamo-nos, na nossa igreja, a pregar mentiras", fuzila. "O dízimo é uma instituição que traz peso e sentimento de culpa aos crentes".
Para ela, o dízimo era uma lei para Israel, e nada tem a ver com a Igreja de Cristo. A pastora cita passagens bíblicas para reforçar o que diz. "O texto de Malaquias 3.7, bastante usado pelos pastores para justificar o dízimo, referia-se a Israel. Ali, o profeta fez o povo lembrar-se da lei mosaica, inclusive da prática dos dízimos." O episódio de Abraão e Melquisedeque, diz ela, foi um ato espontâneo. "A doação sempre deve ser fruto de amor, nunca de imposição", continua. Já em Gálatas 3, continua, o texto é claro ao dizer que ninguém será justificado pela lei – portanto, na sua opinião, é um paradoxo levar o povo a obedecer um princípio que não se aplica a quem está em Cristo e sob a graça. "O fim da lei é Cristo", decreta. Mara reconhece que que, diversas vezes, as contas não fecham no fim do mês – embora todos os líderes, inclusive ela e seu marido, o pastor José Carlos, sejam voluntários e nada recebam da igreja. "Deus honra nossa fé, e vez por outra recebemos uma oferta especial. Preferimos passar dificuldades, e elas não são poucas, a enganar o povo".

Compromisso – Por defender tal posição teológica, era de se esperar que a Ceva e sua liderança sofressem algum tipo de pressão – e elas acontecem mesmo. Segundo Mara Rubia, muitos pastores reclamam de sua postura. A igreja até já teve um programa de rádio boicotado e tirado do ar. Entretanto, para manter a obra em andamento, a importância dada à ministração da oferta é grande nos cultos da comunidade. "Você só colhe o que semeia", pregava Mara aos 70 presentes no culto da família, em uma quinta-feira à noite, durante o ofertório. "Se você já tem compromisso com a obra de Deus, oferte segundo as suas possibilidades. Mas Deus não tem compromisso algum de nos retribuir conforme ofertamos". Postura antagônica tem o bispo Robson Rodovalho, fundador da Igreja Sara Nossa Terra. "O dízimo é o caminho da bênção. O verdadeiro crente não pode ficar em falta com Deus.", sentencia. Ele informa que algo entre 70% e 80% da sua membresia, estimada em 300 mil fiéis, são dizimistas.
Para exemplificar o que diz, Rodovalho lembra as primícias – expressão bíblica que costuma ser entendida como a prática de recolher o dízimo à igreja antes de dar outras destinações ao resto do dinheiro. "O cristão deve pagar o dízimo antes mesmo de saldar os outros compromissos", defende. Segundo o bispo, muitas mazelas na vida do crente são resultado de negligência em relação ao tributo espiritual: "Conheço pessoas que foram infiéis no dízimo e enfrentaram provações, como carros roubados, perda de emprego etc." Para as pessoas que passam por dificuldade financeira, o bispo se revela um consultor financeiro bastante heterodoxo: "As pessoas têm várias maneiras de negociar suas dívidas. Neste caso, pode-se até dar o dízimo em cheque pré-datado".
Na opinião do líder da Sara Nossa Terra, o advento da graça trouxe a noção de que, para Deus, deve-se dar tudo – e é aí que reside, segundo ele, mais um argumento a favor do dízimo. "Sabemos que não é possível dar tudo o que temos, pois como sobreviveríamos? Assim, o dízimo é uma espécie de piso – o ideal é entregar mais do que dez por cento do que temos ao Senhor, mas o dízimo é o mínimo".
Do lado de lá dos púlpitos, para quem enfrenta a realidade dos salários baixos e das contas a pagar, a questão costuma ser vista de maneira bem mais funcional. E, se de acordo com o levantamento feito por ECLÉSIA, pelo menos 60% dos evangélicos são dizimistas, cada um deles tem a sua própria experiência pessoal em relação à prática. Para o bancário Marcos de Palma Nunes, membro da Igreja do Evangelho Quadrangular da Penha, na Zona Leste de São Paulo e dizimista há 13 anos, a motivação maior em entregar 10% do que ganha é o amor à obra e a obediência. "Comecei a dar o dízimo quando tinha dois meses de convertido", lembra. Desde então, Marcos não parou de contribuir com sua igreja. Certa vez, ladrões tentaram roubar seu carro sem sucesso. A esse fato, ele atribui a intervenção divina: "Deus guardou e não permitiu que levassem".
Embora tenha como verdade que o Senhor abençoa ao que dá com alegria, o bancário admite que não é somente o dizimista que pode contar com a proteção dos céus. "Não creio que somente através do dízimo Deus possa abençoar. Acho que o Senhor abençoa através de sua misericórdia, é uma relação de Pai e filho e não uma barganha", opina. Marcos também defende que é papel do dizimista acompanhar a administração das contribuições na igreja. "Acho que o membro deve acompanhar e, se caso precisar, questionar quanto à utilização dos dízimos e ofertas. Nas igrejas esta questão não é muito esclarecida", reclama.

"Escravidão, não" – Na outra ponta, está G.O. (que preferiu não ser identificado), um crente decepcionado com a prática de seus antigos líderes por conta da aplicação do dízimo. "Participei ativamente, de coração, por mais de uma década de um grupo cristão que se pretende ser a obra de Deus no mundo", lamenta. Ensinos sobre dízimo e ofertas, lembra G.O., não eram a tônica na denominação. "Tudo mudou quando os líderes do movimento começaram a fazer grandes construções, especialmente seu imponente centro de conferências. Então, todo tipo de argumento emocional e teológico foi utilizado para cobrir as imensas despesas das obras", conta. Abarrotadas de compromissos financeiros, as congregações passaram a ser obrigadas a ratear despesas sob o nome de "compromisso de oferta", com carnê e tudo o mais.
Segundo G.O., havia um ensinamento estapafúrdio que postulava que para exceder a justiça dos fariseus, as contribuições tinham de ser de, pelo menos, 11%. Chegou-se a criar um grupo de membros ofertantes, denominado "pool", acionados quando a coisa ficava preta. "Irmãos entregavam cheque pré-datado e dinheiro de pagamento de empréstimo bancário; do púlpito, eram exortados a vender a segunda linha telefônica, imóveis, o segundo carro", denuncia G. O. Hoje, ele enxerga a questão de maneira bem ponderada: "Não sou, de modo nenhum, contra ofertas, mas radicalmente contra qualquer abordagem coercitiva, escravizadora, mercantilista e com interesses escusos sobre o assunto". (Colaboraram Carlos Fernandes, Marcos Stefano e Marcelo Santos)

H. Guther Faggion
Fonte: Revista Eclesia

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