O
sociólogo Eduardo Guilherme de Moura Paegle afirmou que as igrejas
neopentecostais brasileiras se organizaram nos moldes de uma empresa de
fast-food, em um processo que ele chama de “McDonaldização” da fé
cristã.
Quem
entrar em um templo da Igreja Universal, por exemplo, disse, encontrará
a mesma estrutura administrativa e os mesmos cultos, com pouquíssimas
variações, quer onde esteja, em São Paulo, Lisboa ou alguma capital
africana.
“É
como pedir um lanche Big Mac”, afirmou Paegle, que é doutorando pela
Universidade Federal de Santa Catarina. “Vale tudo, até pregação pelo
celular.”
Ele
observou que, assim como os restaurantes de comida rápida, os templos
da Universal oferecem várias celebrações durante o dia para pegar quem
não tem horário disponível nos horários tradicionais de culto. “Se o
fiel dispõe de pouco tempo, é possível dar ao menos uma passadinha no
Drive-Thru da Oração.”
Paegle
foi um dos estudiosos que a CartaCapital ouviu para compor a reportagem
publicada nesta semana sobre a “avalanche evangélica” anunciada
recentemente pelo IBGE.
A
revista dá destaque para a possibilidade de os evangélicos passarem a
representar um terço da população em dez anos. Ainda assim dificilmente a
maioria da população se tornará evangélica em algum momento, na
avaliação do sociólogo inglês Paul Freston, estudioso sobre o Brasil e
professor da Universidade de Wilfrid Laurier, no Canadá.
Freston
argumentou que o avanço evangélico vai até certo ponto porque o
declínio da Igreja Católica tem um limite. “Há um núcleo sólido que não
vai desaparecer.”
Além
disso, segundo o professor, a cada duas pessoas que se afastam do
catolicismo apenas uma adere a uma religião evangélica. Na avaliação
dele, o máximo que os evangélicos podem conseguir são 35% da população.
E
mesmo que os evangélicos cheguem a tanto, isso não implicará profundas
mudanças na sociedade brasileira, diferentemente, portanto, do que
alguns preveem e outros temem. Porque “quanto mais uma religião cresce,
mais ela fica parecida com a sociedade na qual está inserida”.
De
acordo com as observações do sociólogo Gedeon Alencar, autor do livro
"Protestantismo Tupiniquim", já está havendo uma rápida transformação
nas igrejas evangélicas.
“Quando
eu era criança, os fiéis tinham de vestir roupa sóbria, não podiam usar
cosméticos ou qualquer coisa que denotasse vaidade”, disse. “A TV era
vista com desconfiança, os jovens não podiam praticar esportes.”
E
tudo isso mudou ou está mudando, segundo Alencar. As roupas dos fiéis
já não são tão sombrias e os cosméticos foram liberados. “Hoje há os
‘atletas de Cristo’, casas noturnas para evangélicos, bloco de
carnaval.”
“Os
evangélicos estão cada vez mais parecidos com os brasileiros”, afirmou.
E as igrejas — ele poderia acrescentar — se assemelham cada vez mais
com as lojas do McDonald’s.
Em Paulo Lopes
Fonte:http://www.genizahvirtual.com/2012/07/neopentecostais-transformam-religiao.html
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