Se você não ficar rico ou se nada acontecer ... as desculpas são sempre as mesmas ...“falta de fé”, “isso é só para os que crê”, “desobediência”; ou resultado de “ataques do diabo”. Por que isso acontece?
Por favor, desculpe-me pela demora em escrever. Ando sobrecarregado, cansado de responder as pessoas que sofrem e choram. Mas preciso voltar à questão da irmã Paola em dizer que crente ou cristão e evangélico é tudo Ladrão e mentiroso.
Passei por crise semelhante. Por volta dos meus vinte anos, perguntei-me o que fazia da vida. Cansei dos esquemas dos evangelistas itinerantes. Na minha adolescencia comprava todos os CD’s de pregação e eles me entediavam com suas pregações repetitivas. Mas ao ler a Biblía, percebi algumas marmeladas que os tele-evangelistas faziam. Caíram algumas vendas e vi os interesses escusos dos missionários e Pastores que tiravam fotografias de eventos nas comunidades pobres do nosso Brasil para fazerem propaganda nas suas igrejas. Chorei amargamente quando notei que os “caciques” das grandes denominações eram mais grosseiros que os políticos de que eu desdenhava.
Acordei também para os meus pecados sutis. Vi que não só partilhava de um mundo religioso doente, mas o reforçava com uma vaidade sedenta de prestígio.
Eu sabia, mas não queria abrir mão, da minha vontade louca de aparecer. Eu queria construir um nome e tornar-me notório pela “unção”, “autoridade”, “loquacidade”. Ah, como eu já quis despontar como um “pastor bem sucedido”! Queria ser igual aos famosos que conhecia, principalmente os estrangeiros, que arrebatavam multidões. Esses messianismos, essas falsas onipotências, começaram a desmoronar depois de um culto quando uma jovem fez algumas pergunta desconcertantes. Marli (nome fictício) era graduada em medicina na Universidade de São Paulo e, devido ao seu senso crítico, me confrontou com serenidade.
“Jeferson, cadê a vida abundante prometida por Jesus”?.
Pego assim de supetão, eu não soube o que responder. Tentei me safar com outra pergunta.
“O que você quer saber?”,
Na verdade eu só queria ganhar tempo com minha réplica. Ela não cedeu:
“Jeferson, quero entender. O que Jesus prometeu tem conexão com a realidade da vida? Ou a vida abundante que ele falava era apenas um desejo utópico dos apóstolos? Porque vejo esse deus a quem vocês servem fazer milagres no atacado e varejo, e as pessoas na áfrica continuam sofrendo, não seria uma boa idéia mandar esses pregadores que curam só de tocar no seu paletó para o hospital do câncer ? ou quem sabe levar um desses evangelistas para levantar a mão sobre as favelas do Rio de Janeiro e acabar com o trafico de Drogas?”.
Nervoso, insisti em perguntar ainda procurando ganhar tempo:
“Como assim?”.
“Se Jesus prometeu que seus seguidores experimentariam vida abundante, quero saber por que não vejo acontecer concretamente?”.
Nessa hora tive que dar a mão à palmatória. “Marli, você tem razão, a vida abundante prometida por Jesus aparece muito mais nos discursos do que na concretude da vida. Entretanto, o problema não é dele ou dos apóstolos, mas nosso”.
Nessa hora tive que dar a mão à palmatória. “Marli, você tem razão, a vida abundante prometida por Jesus aparece muito mais nos discursos do que na concretude da vida. Entretanto, o problema não é dele ou dos apóstolos, mas nosso”.
O discurso religioso promete muito mais do que cumpre. Dificilmente constatam-se evangélicos com qualidade de vida melhor do que as pessoas não convertidas.
Problemas conjugais, instabilidade emocional, patologias psíquicas, permanecem intocados na grande maioria das igrejas que alardeiam que seus fiéis terão uma “vida abundante”. Enquanto os auditórios se maravilham com discursos triunfalistas que asseguram o melhor casamento, felicidade total e melhores salarios no trabalho e paz duradoura, enormes problemas são varridos para debaixo dos tapetes ou justificados como “falta de fé”, “isso é só para os que crê”, “desobediência”; ou resultado de “ataques do diabo”.
Por que isso acontece?
Priorizou-se a “salvação” como uma esperança a ser alcançada depois da morte. E as igrejas, cada uma se acreditando mais legítima, se especializam em oferecer o bilhete para a vida eterna - que só vai começar quando o coração parar de bater. Assim, meticulosas em “dar certeza da salvação” aos seus convertidos, não se preocupam em ensinar como viver do lado de cá. Com esse modelo, comumente se vê gente segura de que vai para o céu, mas sem saber lidar com os momentos triviais da existência.
Em minha pequena experiência, já tive o desprazer de aconselhar mulheres super espirituais, que se gabam do nome estar “escrito no livro da vida”, mas intoleráveis, mal-resolvidas e tristes. Recentemente precisei gastar três horas com um pastor que há anos prometia o céu para quem “levantasse a mão para aceitar Jesus”; só que ele não sabia resolver seus dilemas familiares. No meio de nossa conversa, abatido ele me confidenciou: “Jeferson, estou vivendo num inferno”.
Em minha pequena experiência, já tive o desprazer de aconselhar mulheres super espirituais, que se gabam do nome estar “escrito no livro da vida”, mas intoleráveis, mal-resolvidas e tristes. Recentemente precisei gastar três horas com um pastor que há anos prometia o céu para quem “levantasse a mão para aceitar Jesus”; só que ele não sabia resolver seus dilemas familiares. No meio de nossa conversa, abatido ele me confidenciou: “Jeferson, estou vivendo num inferno”.
Sua missão, meu cara Paola, é ajudar às pessoas a tratarem a vida eterna como uma possibilidade para aqui, para a terra. Aliás, a dimensão transcendental da salvação não compete a você; não depende de seus esforços e não acontecerá como resultado de sua confiabilidade ou unção. Salvação, vida eterna, foi conquista da cruz. Ela é obra vicária de Cristo, o mérito será sempre dele. Vida eterna é distribuída indistintamente a todos pela graça; e só o Espírito Santo convence do pecado, da justiça e do juízo.
Concentre-se em mostrar que o reino de Deus é chegado e que está entre nós. Livre das condenações da lei, sem precisar compensar os pecados com penitências e, sem ter que ganhar o favor divino com obras, a humanidade pode dar início ao projeto de humanizar-se. Neste propósito divino, crescemos em maturidade, nos solidarizamos com os carentes, exercitamos misericórdia e sempre defendemos a justiça.
Você precisa desvencilhar-se do antigo modelo de evangelização, que promete uma salvação para depois do último fôlego. Comece a pregar a chegada do Reino, só assim as pessoas se sentirão estimuladas a mudar e essa tarefa é extraordinária.
Mude o mote de suas pregações. Aborde questões práticas sobre matrimônio, cidadania, compaixão, preocupação ecológica, dignidade da mulher, educação infantil. Acredito que o cristianismo verdadeiro deveria preocupar-se muito mais com o jeito como as pessoas guiam seus automóveis do que em dar-lhes “garantias” de que vão para o céu.
Não, não pense que desconsidero o céu; essa é nossa esperança eterna, nossa maior riqueza. Contudo, eu realmente creio que o destino eterno de cada indivíduo foi garantido pelo sacrifício de Cristo na cruz e que, não precisando mais nos preocupar com esse importantíssimo assunto, podemos nos concentrar nos demais. Alguns são, sim, menos importantes diante da eternidade, mas fazem uma enorme diferença para a felicidade das mulheres, maridos e filhos.
Não, não pense que desconsidero o céu; essa é nossa esperança eterna, nossa maior riqueza. Contudo, eu realmente creio que o destino eterno de cada indivíduo foi garantido pelo sacrifício de Cristo na cruz e que, não precisando mais nos preocupar com esse importantíssimo assunto, podemos nos concentrar nos demais. Alguns são, sim, menos importantes diante da eternidade, mas fazem uma enorme diferença para a felicidade das mulheres, maridos e filhos.
Minha sugestão é que você releia os Evangelhos; procure as mensagens em que Jesus ensinou a ganharmos a vida no presente. Você se lembra daquela passagem de Mateus 16.26? “Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?”.
Antigamente eu entendia esse texto como uma advertência para que não me tornasse um grande conquistador ou um milionário e acabar no inferno. Hoje eu o leio numa dimensão existencial. Acredito que Jesus advertia seus discípulos para que não tentassem nenhuma conquista, se no processo perdessem a alma existencialmente. Para Jesus não adianta querer ter tudo (inclusive o céu) se nessa busca nos tornarmos amargos, calculistas e torpes.
As religiões, o cristianismo inclusive, já garantiu que muita gente inclemente, perversa e promotora da morte iria para o céu. Infelizmente!
As religiões, o cristianismo inclusive, já garantiu que muita gente inclemente, perversa e promotora da morte iria para o céu. Infelizmente!
Eu já não peço que as pessoas levantem a mão, concordando com a minha própria pregação; como também não lhes asseguro que, daquela hora em diante, receberão um selo que lhes garantirá o céu. Hoje convido as pessoas a começarem uma peregrinação. Cientes do amor de Deus, todos podem tomar o caminho proposto por Jesus de Nazaré. Nesta trilha, na companhia do Espírito Santo, todos se tornarão novas criaturas.
Você vai precisar de muita coragem para remodelar seu ministério, mas conte com minha ajuda e intercessão ou se preferir aguarde o julgamento que vai nos mostrar grandes surpresas naquele dia. Não acredite em tudo que lhe dizem, principalmente em promessas mirabolantes. Concordo a maioria dos Cristão é tudo isso que você falou, mas cuidado, ainda existem aqueles que lutam pelos pobres e fracos.
“Quando o Homem não tem mais em quem colocar a própria culpa, diz: Isso é vontade de Deus".
Recebi do autor Jeferson Queiroz via e-mail
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(1) Discordar não é problema. É solução, pois redunda em aprendizado! Contudo, com modos.
(2) A única coisa que eu não aceito é vir com a teologia do “não toque no ungido”, que isto é conversa para vendilhão dormir... Faça como os irmãos de Beréia e vá ver se o que lhe foi dito está na Palavra Deus!
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“Mais importante que ser evangélico é ser bíblico” - George Knight .