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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

22 de setembro de 2009

O Evangelho que me adoeçe.


Entretanto, hoje estou escrevendo e pensando em você, que me lê com regularidade, e responde com alegria dizendo que ficou feliz com o texto que lhe enviei. Hoje vou dirigir-me tanto às pessoas que abrem meu e-mail, visitam meu blog para criticá-lo como para serem enriquecidas por ele. Tenho plena consciência de que, se faço mal a alguns, abençôo outros, e por hoje, não distinguirei quem é quem.

Preciso elucidar algumas questões que insistem em permanecer abertas; tentarei juntar algumas pontas de um confuso novelo de linhas soltas.

1. Minha tristeza.
Recebi ontem uma mensagem de um homem (velho, experiente) dizendo que eu ainda sou jovem demais para criticar ou escrever algo sobre Pastores ou igrejas. Assumo completamente, tenho 26 anos, minha esposa 24 anos, temos uma filha de 2 anos, sou jovem o bastante para perceber o que há de errado em mim.

A preocupação talvez fosse ou é, “estão preocupado com o que ?”.

Com um jovem de 26 anos, casado, vida simples e que não vai e nem entra no embalo da teologia da fama ?

Sim, tenho, muitas vezes, um gosto acre na boca; meu pessimismo é real, minha tristeza existe. Mas não é necessário que se decrete luto de três dias no arraial. Não vou morrer disso. Estou felicíssimo com a vida, em paz com minha família e adoro brincar  e tomar sorvete com minha filha.

Estão se mordendo só porque coloquei no meu blog que joguei bola com os meninos do Hospital de câncer, só porque brinquei com o  boneco da Disney com uma criança aidética ?

“hááááá, porque jogar bola é pecado”  ou  “ os brinquedos da Disney são amaldiçoados”.

Pelo amor de Deus né senhores teólogos ! Eu sou a favor da vida e da felicidade, amo ver sorrisos e receber abraços. Estão me criticando porque faço aquilo que vocês jamais fariam ? ou porque só fazem se a igreja pagar certa quantia em dinheiro ? ou só evangelizam se o nome de vocês aparecer no cartaz ?

 Não ando arredio com a “igreja” (não me refiro à Igreja institucional, mas ao povo que ama a Deus, que é enganado). Não desdenho da fé simples e empolgada dos pentecostais e nem olho com testa franzida para as igrejas frias e sem unção de Deus.

Continuo sendo simples. Aos treze anos fui visitar um amigo de meu avô no hospital, em fase terminal de câncer ele apenas pediu baixinho. “ por favor me traga minha Bíblia e meu caderno de oração”. É disso que quero fazer parte. “Meu Deus o seu reino é lindo, esse homem lembrou de orar pelas pessoas necessitadas sendo ele um doente”.
 
Fiz um desses cursinhos de aux. de enfermagem, depois me formei em sociologia, estudei dois anos de Farmácia, trabalho numa transportadora especializada em transporte químico farmacêutico e agora dia nove de fevereiro comecei minha faculdade de História. Sou casado com uma pedagoga que trabalha numa escola de Educação especial. E os experientes têm raiva do que ?
 
Não sou um liberal teologicamente falando, não porque condene o liberalismo teológico alemão, mas porque o situo numa outra época, numa outra realidade histórica e numa outra cultura. Prego e ensino a bíblia num modo simples usando o pouco que conheço. Reservo-me ao direito de dialogar com várias correntes teológicas, inclusive as que estão proscritas do cânon dos fundamentalistas ( Paulo estava certo quando disse: “Examinai de tudo para reter o que é bom”).

Tenho verdadeiro asco por quem só pensa com rótulos. Os rótulos servem como mecanismo torpe para quem quer demarcar o pensamento alheio dentro de uma fronteira, para depois ser pichado. Considero isso mediocridade. 
Mas, se gosto de ler livros de alguns teólogos católicos, não serei católico, se leio os judeus, não serei um judaizante sionista, se aprecio algumas coisas do teísmo aberto não serei um teísta aberto.


4. Minha vida espiritual.

Vivo meus melhores momentos. Ando crescentemente apaixonado pela mensagem do Reino de Deus. Sinto uma nova unção de Deus em minhas pregações, sei que meus textos abençoa muitas pessoas, como também o contrario é verdade.

Mas o contrario não me tira o sono. Tenho um olhar mais solidário para com os pobres, as prostitutas, os familiares que sobreviveram aos suicídios, os alcoólatras e os índios que morrem de fome na Amazônia. Se não pareço bem alinhado com o que se fala e prega, por favor, não atribua esse desalinhamento a um “desvio”, mas a uma saúde.

Precisei, sim, distanciar-me das neuroses religiosas dos evangélicos, para manter um mínimo de lucidez.

Amigo(a), não se assuste quando eu sentir algumas dores. Por favor não fique aterrorizado(a) quando você me ver chorar. Na maioria das vezes, essas dores, esses choros, essas lagrimas, não são só minhas, mas nossas.

Se eu parecer meio decepcionado, saiba que estou mesmo, mas não conjeture que agora seja um humanista ateu – o meio evangélico precisa de um choque de pessimismo para voltar a uma moderação menos triunfalista e mais realista. E quando eu cutucar com palavras ásperas, procuro suscitar vergonha de nossas muitas bobagens que parecem santas, mas que são, na verdade, ridículas.

Bem é isso. Sabe? Estou cansado de ficar me explicando. Dar satisfação para Pastores que me chamam de “moleque”, ter que me explicar para teólogos metidos a santos e conhecedores que me criticam porque uso a sociologia e a pedagogia para falar do grande amor de Deus. Eu Também sou teólogo, também fiz seminário, estão com medo do que ?
 
 
Aos 18 vi meu tio e Pastor Manuel Queiroz enterrar a filha de 15 anos, no velório ele orou. “Senhor muito obrigado pelo privilégio de ter vivido esses quinze anos com minha filha”. Espera ai, privilégio ? meu tio tá doido !!!!  Tá não. Verdadeiramente precisamos agradecer, só sabemos reclamar e murmurar.

E isso faz de mim o que sou, não me impressiono com pregadores que pulam e acontece. No mundo ou “em cima dos púlpitos” não basta suar a camisa e ficar com as veias aparecendo de tanto gritar. É preciso também fazer. Só estudar e dirigir igreja e ter um helicóptero no teto da igreja lhe esperando não basta. As pessoas gostam de conversar, de ter verdadeiras amizades.
Ao invés de me criticar porque assim que acaba o culto eu abraço, cumprimento e converso com as pessoas, deveria me ajudar.


2. Meu afastamento.

Calma, amigo(a). Não estou me desviando do Evangelho, nem deixando de ser um discípulo de Jesus. Eu só não quero mais participar dessa igreja mercantilizada; recuso-me a encenar no picadeiro desse circo religioso que impera na mídia; não vou mais transitar em ambientes que eu suspeite de sua integridade ética.

Só isso. Tem um monte de gente me chamando de arrogante e presunçoso por não aceitar gastar meu precioso tempo para dar e receber tapinhas nas costas de gente que eu desprezo. Não é arrogância minha apenas uma constatação de que o tempo é uma riqueza não renovável e também vou ficar velho e não quero jogar minha vida fora na companhia de Lobos vestidos de Pastores.


3. Meus conteúdos teológicos.

Embora eu já seja considerado um “Jovem que distorce a bíblia” por algumas pessoas, sinceramente, não me vejo assim. Aliás, ninguém se vê como um herege, não é mesmo ?  Considero muito complicado ter que explicar no que creio, nas doutrinas que abraço, na maneira como enxergo a Bíblia para quem nem conheço direito. Contudo, de uma maneira bem sintética, vou tentar dizer o que  passa na minha cabeça.

Primeiro, sou um adolescente-homem , (rsrsrsrsrs) em fase de crescimento.
Segundo, não tenho uma “doutrina”. Creio e amo os ensinamentos de Deus. Bíblia.
Terceiro, não pretendo desencadear movimento algum.
Quarto, não vou sair abrindo igreja sem a direção de Deus.
 
 
 Vamos virar a página e passar a construir belos pensamentos, bons sonhos e ótimas expectativas ? me ajude a ajudar uma mãe que tem o filho com síndrome de down, um pai que sofre com a filha tetraplégica.

 Vou fazer isso.

Grato

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