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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

22 de setembro de 2009

Predestinação: mais um caso de má interpretação


Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles" 2Pe 3:14-16

O pastor Elder Cunha se propõe a expor a verdade sobre predestinação e eleição, tema segundo ele"muito discutido e mau [sic] interpretado por muitos". Por ele inclusive, como se conclui das afirmações que faz sobre a doutrina da predestinação e sobre a salvação em si. 

Entre as informações erradas a respeito do calvinismo estão, por exemplo, a de que eleitos são "um grupo de pessoas que poderiam fazer tudo errado, mas seriam salvas" e que os réprobos são "outro grupo as pessoas poderiam fazer tudo certo, mas jamais se salvariam". Isso o leva a conclusão de que "os que Deus destinou a salvação serão salvos mesmo pecando ou não querendo ser salvos. E os que destinou à perdição não serão salvos mesmo aceitando o Sacrifício de Jesus, e vivendo vida santificada".
 

Para o pastor, todos os homens são predestinados à salvação. Antes da pergunta inevitável do porque nem todos são salvos, ele afirma que a salvação "é exclusivamente uma decisão pessoal" e que Deus "não pode interferir nas decisões do homem, por força do livre arbítrio que conferiu ao ser humano". Seu golpe final na doutrina da predestinação vem nas palavras "se a predestinação fosse uma doutrina verdadeira, creio que não precisávamos de Jesus, do Seu sacrifício, nem do evangelho, nem da igreja, muito menos do Plano de Salvação. Bastava viver e aguardar a morte."


Um blog chamado "Semeando a verdadeira doutrina de Cristo" e um artigo que pretende ser "A verdade sobre predestinação e eleição" mereciam uma pesquisa mais cuidadosa, sob pena de desvirtuar a verdade que se pretende semear e defender. Além disso, as afirmações do pastor implicam universalismo e aniquilacionismo. Apenas faremos um breve esclarecimento a respeito das más representações acima.


1. Eleitos não tem imunidade para pecar 

A diferença entre eleitos e reprovados não é intrínsica. Ambos são, até a operação infalível do Espírito Santo, pecadores merecedores do fogo do inferno. Paulo explica que "nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais" (Ef 2:3). A experiência de cada salvo é que "nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros" (Tt3:3). Além disso, a salvação dos eleitos não se dá à margem da santificação, "sem qual ninguém verá o Senhor". (Hb 12:14). Pelo contrário, a salvação dos eleitos se dá pela santificação, "porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (1Ts 2:13). Somos finalmente salvos pela conformação à imagem de Jesus, que foi decretada na eternidade, é iniciada e prosseguida nesta vida e será completada na volta do Senhor.


2. Não eleitos bonzinhos não vão para o céu 

Isto não se dá pelo fato de serem não eleitos, mas porque não existe ninguém, eleito ou não, que seja bonzinho a ponto de merecer ir para o céu. É verdade que Jesus promete "
o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora", mas antes, no mesmo verso, Ele disse "todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim" (Jo 6:37). A barreira, portanto, não está no fato de Jesus rejeitar o pecador que vai a Ele, mas no próprio pecador que não quer e não pode voltar a Deus por si mesmo. O veredito do Senhor sobre a vontade e a capacidade do homem é inapelável:"não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo 5:40) e "ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer" (Jo 6:44).

3. Pecadores deixados por conta própria, não decidem por Cristo 

Como vimos (Jo 5:40; 6:37; 6:44), se a salvação dependesse exclusivamente de uma decisão pessoal, sem a ação invencível do Espírito Santo, então a Casa do Pai de Família ficaria vazia e no inferno teria gente saindo pelo ladrão. Pois a Bíblia afirma que "
não há ninguém que busque a Deus(Rm 3:11). Uma pesquisa capaz de sondar o coração dos pecadores teria como resultado "não queremos que este reine sobre nós(Lc 19:14). Ou o Senhor age para que o homem se decida por Ele ou ninguém é salvo. 

4. Deus pode salvar, e de fato salva, quem Ele quiser


A verdade é que "do Senhor vem a salvação" (Jn 2:9), pois "nosso Deus é o Deus da salvação; e a Jeová, o Senhor, pertencem as saídas para escapar da morte" (Sl 68:20). Jesus não apenas é "Autor da salvação eterna" (Hb 5:9), no sentido de que provê os meios para a salvação, como também é "Autor e Consumador da fé" (Hb 12:2), no sentido de que aplica o recurso necessário ao ato de crer. É "Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:13) e essa operação é infalível, pois diz "operando eu, quem impedirá?" (Is 43:13). Assim, da eternidade passada à eternidade futura, passando por esta vida, nossa salvação é toda obra do Senhor. Deste fato resulta nossa segurança eterna e a remoção de qualquer chance de nos gloriar por termos feito a nossa parte na salvação. 

5. A predestinação é verdadeira


O pastor conclui que, fosse a predestinação verdadeira, "não precisávamos de Jesus, do Seu sacrifício, nem do evangelho, nem da igreja, muito menos do Plano de Salvação". O problema para o pastor é que a predestinação é verdadeira, o que fica provado pelos textos bíblicos que o próprio cita no início de seu artigo e que em nenhum momento refuta. Se o pastor estiver certo, ou a Bíblia está errada ao afirmar a predestinação ou a pessoa do Salvador, a expiação, o evangelho e os meios da graça são inúteis e vãos. Não é o caso, pois o que temos aqui não é uma negação fundamentada da doutrina bíblica da predestinação, nem a anulação da ação divina em favor do perdido, mas simplesmente mais uma pessoa engrossando a estatística dos que discutem muito e interpretam pior as maravilhosas doutrinas da graça. 

Soli Deo Gloria

1 comentários:

  1. Muito bom o artigo, embora eu não ser calvinista, respeito muito essa linha teológica. para deixar meu parecer, creio que a salvação é única e exclusivamente de Deus, e que o homem por si só não pode se achegar a Deus, somente com a ação do Espírito Santo. Mas o Espírito Santo atua convencendo o homem do caminho da salvação, o homem recebe isso e decide seguir a Jesus (Aquele que QUISER após mim...). Assim, Deus já elegeu, antes da fundação do mundo, todos os predestinados a salvação, pela Sua presciência (Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.1Pd 1:2) já sabe de antemão aqueles que serão convencidos pelo Espírito Santo, serão dados pelo Pai a Cristo mediante esta ação e viverão suas vidas para Cristo.

    Um abraço, meu amigo!

    Blog Emunah

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