Tudo começou com um cartaz erguido por uma ativista durante a realização da III Marcha Nacional Contra a Homofobia, que aconteceu em Brasília no dia 16 de maio, com os seguintes dizeres: "Marisa Lobo, cure a minha heterossexualidade".
O que era pra ser uma crítica às terapias de conversão de orientações sexuais restrita à Marcha, acabou por se tornar uma campanha virtual que foi parar nos Trends Topics do Twitter.
Para quem não sabe, Marisa Lobo é psicóloga que defende publicamente o tramento para a convsersão de orientação sexual que, em palavras mais objetivas, significa "converter" homossexuais em heterossexuais. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) proíbe qualquer profissional PSI de praticar terapias de conversão.
Luth Laporta (foto), 19, estudante de Serviço Social na Universidade de Brasília (UNB) e ativista dos grupos Cia Revolucionária Triangulo Rosa (CRTR) e da Subversiva - UNB, conversou com o site A Capa e conta o objetivo da campanha, que tem como marca a utilização do sufixo "ismo" na palavra heterossexualidade.
"Houve mudança no sufixo de 'dade', utilizado pelas minhas colegas da CRTR, para 'ismo', de forma a tratar com ironia a heterossexualidade como se fosse doença, uma vez que o sufixo remete a doença e é sempre usado por fundamentalistas quando o assunto é homossexualidade", explica Luth.
Confira a seguir a entrevista.
De onde surgiu a ideia de fazer a campanha "Marisa Lobo, me cura do meu heterossexualismo"?
O nome oficial da campanha é "Marisa Lobo, cure meu heterossexualismo", apesar do nome dos vídeos. A ideia nasceu de uma militante da Cia. Revolucionária Triângulo Rosa (CRTR), junto a outras militantes deste coletivo, suas alunas. Elas tiveram a ideia de colocar a frase "Marisa Lobo, cure minha heterossexualidade" num cartaz feito para a III Marcha Nacional Contra a Homofobia. A foto foi divulgada no Facebook e visto por moderadores do grupo "Todos Contra a Homofobia, a Lesbofobia e Transfobia (TCHLT). Assim, idealizamos fazer uma campanha virtual com o nome "Marisa Lobo, cure meu heterossexualismo".
No primeiro vídeo da campanha você interpreta o começo de uma terapia e, no segundo, o fim. Entre o primeiro e o segundo, qual foi a repercussão da campanha? Muitos adeptos?
O primeiro vídeo teve vários acessos e após assisti-lo algumas pessoas também entraram na brincadeira e fizeram seus próprios vídeos para a campanha. Depois de alguns dias publicado YouTube, nós do TCHLT fizemos uma convocação para um tuitaço com a hashtag #curemeuheterossexualismo, realizada no dia 24/05. Foi um sucesso, atingindo o topo dos Trending Topics em várias regiões do país em apenas 15 minutos e permaneceu ali por mais de uma hora.
Marisa Lobo teve alguma reação ao tuitaço?
A "psicóloga cristã" Marisa Lobo tentou, assim que viu a nossa hashtag nos TT's, convocar suas seguidoras para um twittaço imediato, utilizando a hashtag #ForçaMarisa. Ela não conseguiu nenhuma posição nos TT's. Um jornal gospelpublicou uma matéria no dia seguinte em apoio à Marisa Lobo .
Uma das principais características da campanha de vocês é o senso de humor crítico. Acredita que falta senso de humor no ativismo atual?
O humor pode se revelar uma arma fatal para argumentos infundados e risíveis, como é o caso dos utilizados por fundamentalistas. A ideia principal da campanha é utilizar dos mesmos argumentos dos fundamentalistas para mostrar que, se algo vale para tratar de uma sexualidade, deve valer para tratar de outras. Assim, se o "homossexualismo" tem cura, o "heterossexualismo" também deve ter.
Utilizar da ironia, do humor em uma campanha de militância sexodiversa/LGBT comprovou ser uma forma de chamar a atenção de militantes e não-militantes e de fazê-las ter vontade de participar. Vários twittaços muito importantes dessa militância não tiveram êxito por falta de participação. O dessa campanha com certeza obteve sucesso por ser divertido ao mesmo tempo em que era questionador, crítico. Acredito que há carência de senso de humor em quase tudo e a militância não foge à regra.
Além do humor, a campanha de vocês toca num tema bem delicado que é a questão do controle sob o corpo e da conversão de uma orientação sexual "anormal" para uma "normal". Acredita que as pessoas entenderam o recado?
Algumas tiveram dificuldade em entender. Eu tive de explicar para várias delas qual o real objetivo da campanha, mas acredito que isso se deve mesmo ao analfabetismo funcional, um grave problema no Brasil. A maioria das pessoas entendeu, participou do tuitaço e se divertiu assistindo aos vídeos.
Marisa Lobo e outros/as psicólogos/as ligados às correntes religiosas tem defendido publicamente a conversão da orientação sexual, mesmo o Conselho Federal de Psicologia (CFP) já os tenha proibido de fazerem tais "tratamento". Que análise você faz de tal cenário? O CFP poderia ser mais rígido?
Não acredito que o CFP compactue com a ideia de conversão de orientações sexuais. Ele possui uma diretriz bem clara que orienta as psicólogas a tratarem de casos de egodistonia de sexualidade - quando a pessoa tem dificuldades em aceitar a própria orientação sexual - de forma a ajudar as pacientes a serem felizes como são, sem com isso pretender mudar sua sexualidade.
Além disso, uma psicóloga não pode julgar a sexualidade de sua paciente como "certa" ou "errada", "boa" ou "má", independente do que certa religião pregue. O Conselho Regional de Psicologia do Paraná já determinou que Marisa Lobo retirasse de seus meios de comunicação virtuais as alusões à sua religião. Ela, por sua vez, se refere a essa determinação como "perseguição religiosa" e não seguiu a determinação. Quanto às várias psicólogas que dizem seguir uma nova abordagem da Psicologia, denominada Psicologia Cristã, acredito que o CFP deva cumprir seu papel fiscalizador com maior eficácia.
E a campanha vai continuar? Vocês pretendem fazer outro tuitaço?
Claro! A campanha deu um resultado bastante satisfatório e foi muito gratificante pelo retorno de quem assistiu aos vídeos, pela participação de outras militantes - seja fazendo mais vídeos para a campanha ou participando do tuitaço - e por conseguir fazer militância de forma tão divertida. Nosso próximo tuitaço será no dia 19, terça-feira, com início às 20h.
O que era pra ser uma crítica às terapias de conversão de orientações sexuais restrita à Marcha, acabou por se tornar uma campanha virtual que foi parar nos Trends Topics do Twitter.
Para quem não sabe, Marisa Lobo é psicóloga que defende publicamente o tramento para a convsersão de orientação sexual que, em palavras mais objetivas, significa "converter" homossexuais em heterossexuais. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) proíbe qualquer profissional PSI de praticar terapias de conversão.
Luth Laporta (foto), 19, estudante de Serviço Social na Universidade de Brasília (UNB) e ativista dos grupos Cia Revolucionária Triangulo Rosa (CRTR) e da Subversiva - UNB, conversou com o site A Capa e conta o objetivo da campanha, que tem como marca a utilização do sufixo "ismo" na palavra heterossexualidade.
"Houve mudança no sufixo de 'dade', utilizado pelas minhas colegas da CRTR, para 'ismo', de forma a tratar com ironia a heterossexualidade como se fosse doença, uma vez que o sufixo remete a doença e é sempre usado por fundamentalistas quando o assunto é homossexualidade", explica Luth.
Confira a seguir a entrevista.
De onde surgiu a ideia de fazer a campanha "Marisa Lobo, me cura do meu heterossexualismo"?
O nome oficial da campanha é "Marisa Lobo, cure meu heterossexualismo", apesar do nome dos vídeos. A ideia nasceu de uma militante da Cia. Revolucionária Triângulo Rosa (CRTR), junto a outras militantes deste coletivo, suas alunas. Elas tiveram a ideia de colocar a frase "Marisa Lobo, cure minha heterossexualidade" num cartaz feito para a III Marcha Nacional Contra a Homofobia. A foto foi divulgada no Facebook e visto por moderadores do grupo "Todos Contra a Homofobia, a Lesbofobia e Transfobia (TCHLT). Assim, idealizamos fazer uma campanha virtual com o nome "Marisa Lobo, cure meu heterossexualismo".
No primeiro vídeo da campanha você interpreta o começo de uma terapia e, no segundo, o fim. Entre o primeiro e o segundo, qual foi a repercussão da campanha? Muitos adeptos?
O primeiro vídeo teve vários acessos e após assisti-lo algumas pessoas também entraram na brincadeira e fizeram seus próprios vídeos para a campanha. Depois de alguns dias publicado YouTube, nós do TCHLT fizemos uma convocação para um tuitaço com a hashtag #curemeuheterossexualismo, realizada no dia 24/05. Foi um sucesso, atingindo o topo dos Trending Topics em várias regiões do país em apenas 15 minutos e permaneceu ali por mais de uma hora.
Marisa Lobo teve alguma reação ao tuitaço?
A "psicóloga cristã" Marisa Lobo tentou, assim que viu a nossa hashtag nos TT's, convocar suas seguidoras para um twittaço imediato, utilizando a hashtag #ForçaMarisa. Ela não conseguiu nenhuma posição nos TT's. Um jornal gospelpublicou uma matéria no dia seguinte em apoio à Marisa Lobo .
Uma das principais características da campanha de vocês é o senso de humor crítico. Acredita que falta senso de humor no ativismo atual?
O humor pode se revelar uma arma fatal para argumentos infundados e risíveis, como é o caso dos utilizados por fundamentalistas. A ideia principal da campanha é utilizar dos mesmos argumentos dos fundamentalistas para mostrar que, se algo vale para tratar de uma sexualidade, deve valer para tratar de outras. Assim, se o "homossexualismo" tem cura, o "heterossexualismo" também deve ter.
Utilizar da ironia, do humor em uma campanha de militância sexodiversa/LGBT comprovou ser uma forma de chamar a atenção de militantes e não-militantes e de fazê-las ter vontade de participar. Vários twittaços muito importantes dessa militância não tiveram êxito por falta de participação. O dessa campanha com certeza obteve sucesso por ser divertido ao mesmo tempo em que era questionador, crítico. Acredito que há carência de senso de humor em quase tudo e a militância não foge à regra.
Além do humor, a campanha de vocês toca num tema bem delicado que é a questão do controle sob o corpo e da conversão de uma orientação sexual "anormal" para uma "normal". Acredita que as pessoas entenderam o recado?
Algumas tiveram dificuldade em entender. Eu tive de explicar para várias delas qual o real objetivo da campanha, mas acredito que isso se deve mesmo ao analfabetismo funcional, um grave problema no Brasil. A maioria das pessoas entendeu, participou do tuitaço e se divertiu assistindo aos vídeos.
Marisa Lobo e outros/as psicólogos/as ligados às correntes religiosas tem defendido publicamente a conversão da orientação sexual, mesmo o Conselho Federal de Psicologia (CFP) já os tenha proibido de fazerem tais "tratamento". Que análise você faz de tal cenário? O CFP poderia ser mais rígido?
Não acredito que o CFP compactue com a ideia de conversão de orientações sexuais. Ele possui uma diretriz bem clara que orienta as psicólogas a tratarem de casos de egodistonia de sexualidade - quando a pessoa tem dificuldades em aceitar a própria orientação sexual - de forma a ajudar as pacientes a serem felizes como são, sem com isso pretender mudar sua sexualidade.
Além disso, uma psicóloga não pode julgar a sexualidade de sua paciente como "certa" ou "errada", "boa" ou "má", independente do que certa religião pregue. O Conselho Regional de Psicologia do Paraná já determinou que Marisa Lobo retirasse de seus meios de comunicação virtuais as alusões à sua religião. Ela, por sua vez, se refere a essa determinação como "perseguição religiosa" e não seguiu a determinação. Quanto às várias psicólogas que dizem seguir uma nova abordagem da Psicologia, denominada Psicologia Cristã, acredito que o CFP deva cumprir seu papel fiscalizador com maior eficácia.
E a campanha vai continuar? Vocês pretendem fazer outro tuitaço?
Claro! A campanha deu um resultado bastante satisfatório e foi muito gratificante pelo retorno de quem assistiu aos vídeos, pela participação de outras militantes - seja fazendo mais vídeos para a campanha ou participando do tuitaço - e por conseguir fazer militância de forma tão divertida. Nosso próximo tuitaço será no dia 19, terça-feira, com início às 20h.
O resultado da terapia de conversão
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(2) A única coisa que eu não aceito é vir com a teologia do “não toque no ungido”, que isto é conversa para vendilhão dormir... Faça como os irmãos de Beréia e vá ver se o que lhe foi dito está na Palavra Deus!
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“Mais importante que ser evangélico é ser bíblico” - George Knight .