Para não cultuarmos o deus “escolha” da nossa época.
Consumismo é a forma exagerada de materialismo que envolve os nossos cinco sentidos. Sustenta que a felicidade é alcançada quando se exerce o direito de escolha. Não vai dar tempo de curtir o que você adquiriu porque… “você descobre” mais uma necessidade.
O consumismo produziu um impacto forte e negativo nas áreas da ecologia, justiça e espiritualidade. E mina a evangelização. Uma igreja de consumistas não tem uma mensagem salvadora para a sociedade.
Leia alguns trechos do livro:
Pág 41-42
Em 1978, um pouco antes da Sra. Thatcher chegar ao poder na Inglaterra, John Stott escreveu seu conhecido comentário sobre o Sermão da Montanha, intitulado Christian Counter-culture(Contracultura Cristã). Mas agora, olhando para a igreja vinte ou mais anos depois, me pergunto: o que aconteceu com a contracultura? De que maneira os cristãos estão diferentes?
Parecemos freqüentemente tão envolvidos e imersos na promessa de felicidade proposta pelo consumismo quanto qualquer outra pessoa. (…) No entanto, a Palavra de Deus nos revela coisas que nos causam desconforto. Nada há de errado com o mundo material, mas os cristãos estão sendo cada vez mais levados a adorar as coisas criadas. É provável que a nossa alegria esteja alicerçada nas criaturas em vez de firmada no Criador. Muitos que se dizem cristãos estão apenas interessados em um Deus que os encha de “saúde e riqueza” por intermédio dos assim chamados pregadores da Palavra da Fé do evangelho da prosperidade. Muitos de nós se tornaram amantes mais dos prazeres do que de Deus (2Tm 3:4). Isso acontece para a nossa vergonha e nos coloca em risco espiritual.
Mesmo sem a ameaça do mundo tentando fazer com que apostatemos da fé em Cristo e nos oferecendo seus prazeres materiais (…), a causa principal da impotência da igreja cristã nos dias de hoje não são necessariamente os grandes pecados, mas o simples fato de que os cristãos se distraem com o que é trivial, com a infinidade de opções para ocupar o tempo na sociedade de consumo. Estas coisas talvez não sejam más em si mesmas, talvez não haja nada de errado com certas coisas que podemos comprar, mas o problema é que a nossa vida fica tumultuada e absorvida por coisas, atividades, diversão e tudo o mais que achamos tempo para fazer. Enquanto isso acontece, nosso foco na afirmação “Não terás outros deuses diante de ti” desaparece sem que se perceba. Nossa vida cristã é contaminada, não necessariamente por grandes corrupções, mas por assuntos triviais. Nas palavras de John Bunyan, nos desviamos na Campina. Em linguagem antiga, nos tornamos mundanos.
Pág 88
O consumismo leva você às compras e diz: “A escolha é sua! Depende de você – se expresse”. As escolhas pessoais fazem as pessoas se sentirem importantes. É uma forma de auto-afirmação. As coisas que escolho comprar expressam quem eu sou, ou a imagem que quero mostrar aos outros.
O consumismo leva você às compras e diz: “A escolha é sua! Depende de você – se expresse”. As escolhas pessoais fazem as pessoas se sentirem importantes. É uma forma de auto-afirmação. As coisas que escolho comprar expressam quem eu sou, ou a imagem que quero mostrar aos outros.
Pág 94
Precisamos estar conscientes de que este é o mundo em que vivemos. Enquanto buscamos a liberdade, enquanto estamos engajados neste conflito entre a natureza pecaminosa e o Espírito, precisamos nos conscientizar de que estamos envolvidos neste marasmo geral do consumismo que nos levará a um caminho sem volta.
Precisamos estar conscientes de que este é o mundo em que vivemos. Enquanto buscamos a liberdade, enquanto estamos engajados neste conflito entre a natureza pecaminosa e o Espírito, precisamos nos conscientizar de que estamos envolvidos neste marasmo geral do consumismo que nos levará a um caminho sem volta.
Não é triste ver que até o cristianismo chega a nós em uma embalagem de consumo? Até a religião nos é vendida. Algumas das grandes conferências evangélicas se ajustam à mentalidade de consumo: há opções de seminários, e matérias, e diferentes estilos de adoração para atender a todo tipo de cultura religiosa. Depois há a área de apresentação e venda. Tudo está disposto como as mercadorias em um grande shopping center. Todos os livros dos principais oradores chamam a nossa atenção no estande. Todos os discursos e louvores de adoração apresentados na conferência estão instantaneamente disponíveis em fitas de vídeo. São quase vendidos de forma que, por pouco, não pensamos que podemos comprar a espiritualidade se comprarmos estas coisas. E, mais uma vez, somente algumas empresas cristãs têm permissão para fazer propaganda desses produtos de maneira que possam proteger a parcela de mercado desta livraria ou daquela gravadora. Isso se tornou um grande negócio. Tudo isso parece tão diferente do espírito cristão das conferências evangélicas de anos atrás, quando a grande ênfase era fazer da convenção um momento de comunhão e encontro com Deus.
É óbvio que não sou contra livros cristãos ou fitas evangélicas, mas tudo parece tão centrado no lado comercial que podemos imaginar o que Deus realmente pensa de tudo isso. Sim, as conferências tinham de ser lugares onde as pessoas pudessem apresentar suas ofertas e tudo mais que fosse necessário para adorar a Deus, mas será que havia necessidade de transformar o templo de Deus em um mercado em vez de uma casa de oração?
Pág 113
A mentalidade consumista não somente deturpou a nossa fé pessoal, como também enfraqueceu a importância das igrejas para a sociedade que está ao seu redor. Preferimos ir atrás do sonho de morar em uma casa bonita. Preferimos morar em um lugar onde podemos comprar uma casa melhor pelo preço que oferecemos. Uma vez que as pessoas optaram por ir “de carro” para a igreja, então as igrejas não estão mais ligadas às suas comunidades locais. Morando longe do local onde a igreja se reúne, torna-se mais difícil para a congregação se envolver em questões sociais e de boas obras que nos foram imputadas por Jesus e pelo evangelho como dever para com a comunidade. Em vez de os cristãos morarem e cultuarem a Deus em seus próprios bairros e sua fé sobreviver em um contexto que naturalmente esteja relacionado à fé e vida, o que ocorre é uma separação.
A mentalidade consumista não somente deturpou a nossa fé pessoal, como também enfraqueceu a importância das igrejas para a sociedade que está ao seu redor. Preferimos ir atrás do sonho de morar em uma casa bonita. Preferimos morar em um lugar onde podemos comprar uma casa melhor pelo preço que oferecemos. Uma vez que as pessoas optaram por ir “de carro” para a igreja, então as igrejas não estão mais ligadas às suas comunidades locais. Morando longe do local onde a igreja se reúne, torna-se mais difícil para a congregação se envolver em questões sociais e de boas obras que nos foram imputadas por Jesus e pelo evangelho como dever para com a comunidade. Em vez de os cristãos morarem e cultuarem a Deus em seus próprios bairros e sua fé sobreviver em um contexto que naturalmente esteja relacionado à fé e vida, o que ocorre é uma separação.
As pessoas que moram no local onde se situa a igreja apenas vêem muitos carros chegando e saindo aos domingos. As pessoas que moram nos bairros em que os cristãos residem apenas vêem os carros saindo aos domingos e, depois de algum tempo, retornando. Nenhum grupo relaciona a vida dos cristãos ao amor de Deus manifestado por meio do cuidado de sua igreja. Como dissemos, grande parte deste deslocamento acontece porque há cristãos que vão atrás do que basicamente são valores do consumismo no que se refere à moradia e conforto. Onde está o compromisso com Cristo que não tinha onde reclinar a cabeça? Onde estão os valores do Senhor Jesus que estava preparado para “levar a vida com dificuldade”, deixando as glórias do céu, tornando-se um simples carpinteiro e pregando sem rumo para seguir por nos amar e pelo bem do reino de Deus? Os cristãos precisam encarar estes fatos. Formar uma igreja para Deus requer compromisso.
Pág 114-115
Todos nós agora pensamos no medo do compromisso. Claro que há uma hesitação natural e justa antes de assumirmos um compromisso. É tolice não ter medo. Devemos pensar bem e saber no que estamos nos envolvendo, antes de firmarmos qualquer coisa na vida. Há, portanto, uma preocupação justa sobre o custo de todo compromisso antes de o assumirmos, e o próprio Jesus ressalta este fato.
Todos nós agora pensamos no medo do compromisso. Claro que há uma hesitação natural e justa antes de assumirmos um compromisso. É tolice não ter medo. Devemos pensar bem e saber no que estamos nos envolvendo, antes de firmarmos qualquer coisa na vida. Há, portanto, uma preocupação justa sobre o custo de todo compromisso antes de o assumirmos, e o próprio Jesus ressalta este fato.
Em Lc 14:27 ele diz: “E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo”. Portanto, ser um verdadeiro discípulo de Jesus tem um custo. Então, ele diz que devemos avaliar o preço: “Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar todos os que a virem zombem dele dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar”. Na realidade, Jesus está dizendo: “Não quero que o mesmo aconteça com vocês. Se estiverem prestes a se tornarem cristãos, parem para pensar cuidadosamente em tudo que isto envolve”. É necessário que se faça um cálculo correto. A pessoa tem de se perguntar sobre quanto estas questões são sérias. Ela tem de refletir à luz da eternidade. É necessário o abandono dos prazeres do pecado.
Haverá oposição de todos os tipos quando a proposta é ser um discípulo de Jesus. Há um custo. Contudo, lembre-se de que há um céu a ser conquistado e um inferno a ser evitado. Quando fizer isso e observar o custo, você verá que o preço não é tão alto assim. No entanto, Cristo quer que saibamos o que estamos ganhando com isso. É necessário que se pense bem na questão de se tornar um cristão. Não há recriminações por parte de Cristo quando há uma hesitação justa. Ele quer que façamos uma reflexão acertada e, à luz da eternidade, um compromisso sério. Feito este compromisso, ele quer que sejamos verdadeiros pelo resto da vida.
Pág 123
Que cada um de nós esteja comprometido com Cristo na prática, nos trabalhos de sua igreja, na perseverança para alcançar o reino de Deus, na divulgação do evangelho e na busca em servir uns aos outros em Cristo.
Que cada um de nós esteja comprometido com Cristo na prática, nos trabalhos de sua igreja, na perseverança para alcançar o reino de Deus, na divulgação do evangelho e na busca em servir uns aos outros em Cristo.
Pág 137
Como os cristãos podem ser diferentes na sociedade de hoje? Como podemos dar um testemunho distintivo da forma como vivemos? (…) Onde foram parar a essência do testemunho e o traço distintivo do estilo de vida do cristão do Ocidente?
Como os cristãos podem ser diferentes na sociedade de hoje? Como podemos dar um testemunho distintivo da forma como vivemos? (…) Onde foram parar a essência do testemunho e o traço distintivo do estilo de vida do cristão do Ocidente?
Além da necessidade de uma pureza de vida em uma cultura em decadência, creio de todo o meu coração que esta questão do contentamento é a essência necessária.
Vivemos na era do consumismo. Há uma preocupação constante em conseguir padrões de vida cada vez mais altos, ainda que a ecologia do planeta sofra danos com isso. Estamos expostos a uma vasta e sofisticada indústria de propaganda que contínua e deliberadamente busca estimular o descontentamento. Ela diz constantemente ao indivíduo: “Você precisa de mais”. Em uma época em que todo o direcionamento da vida das pessoas se volta para a ascensão na vida profissional, aquisição de bens materiais que nunca satisfazem, um cristão ser capaz de dizer “Estou bem assim; não preciso de nada” é um tremendo e maravilhoso choque para o sistema dos não-cristãos. Este é o fator principal. Ser conhecidos como alguém que é capaz e, contudo, não tem ambição maior do que estar contente em Deus é tão surpreendente que desperta as pessoas.
É tão chocante quanto ver um apóstolo velho, preso e malcuidado (Paulo), que prega uma religião desprezada, e perceber que ele está completamente em paz e radiante com a alegria celestial, a despeito de todas as circunstâncias. Não é de admirar que as novas do evangelho tenham se espalhado por toda a guarda pretoriana em Roma (Fp 1:13). Este homem era diferente de todos os prisioneiros que já tinham visto. Eles normalmente estavam mal-humorados e tinham muitas reclamações compreensíveis. Contudo, a cela deste homem era um lugar de alegria. Um coração repleto de alegria em Cristo é o segredo para causar este tipo de impacto em nossos vizinhos e colegas em nossa sociedade de consumo.
Sem dúvida, o contentamento cristão é muito importante também por outras razões. É uma bênção pessoal. “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitos sofrimentos” (1 Tm 6:6-10). Mas aqui, simplesmente observemos que é o contentamento que causará um impacto a favor de Cristo. Em contrapartida, ter a preocupação de enriquecer não apenas levará a ter problemas espirituais, como convencerá o mundo de que não somos diferentes dele.
Pág 145
Fomos chamados por Deus. Ele pede que “abandonemos” a sociedade de consumo que tende a dominar as nações e até a igreja do Ocidente. Temos de ser diferentes no mundo que nos rodeia de várias maneiras. Devemos ser santos. E um ponto importante sobre esta santidade na atual geração é encher o coração do poder que vem de Cristo, que nos dá um contentamento sereno em todas as circunstâncias.
Fomos chamados por Deus. Ele pede que “abandonemos” a sociedade de consumo que tende a dominar as nações e até a igreja do Ocidente. Temos de ser diferentes no mundo que nos rodeia de várias maneiras. Devemos ser santos. E um ponto importante sobre esta santidade na atual geração é encher o coração do poder que vem de Cristo, que nos dá um contentamento sereno em todas as circunstâncias.
É por meio de Cristo que podemos fazer com que a sociedade desperte e perceba isso. Deus nos desafia para que sejamos visivelmente diferentes. Ele desafia esta geração de cristãos a ser transformada. Ele nos desafia a abandonar a falsa segurança do estilo de vida marcado pela ganância. A igreja de Cristo precisa se libertar dos grilhões do consumismo e, assim, ser capaz de glorificar a Deus aos olhos de um mundo atônito nos anos que estão por vir.
Autor: John Benton
Editora Cultura Cristã (www.editoraculturacrista.com.br)
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