Kenneth Hagin
Kenneth Hagin
Amados irmãos, a minha amiga Tamar Soares de Souza, de São Paulo, enviou-me um texto — traduzido por ela mesma do inglês — em que Kenneth Hagin, momentos antes de morrer, se mostra frustrado quanto aos resultados de sua mensagem triunfalista e contesta a teologia da prosperidade, além de outros desvios da Palavra de Deus.
O artigo abaixo, entre aspas, foi originalmente publicado em http://charismamag.com, na coluna do editor Lee Grady (Fire in My Bones). Quanto ao livro O Toque de Midas (The Midas Touch), também mencionado no texto, está disponível no Kenneth Hagin Ministries, em http://www.rhema.org, e já foi traduzido para a língua portuguesa.
O aviso esquecido de Kenneth Hagin
Antes de morrer, em 2003, o reverenciado pai do movimento Palavra da Fé corrigiu seus filhos espirituais por terem ido longe demais com a sua mensagem de prosperidade.
O pregador Kenneth Hagin é considerado o pai do que é conhecido como evangelho da prosperidade. Com jeito de americano típico e autodidata, papai Hagin fundou um movimento em Tulsa, Oklahoma (EUA), que inclui uma faculdade bíblica e vários pregadores famosos. Todos eles ensinam que os crentes que ofertam generosamente devem esperar recompensas financeiras deste lado do céu.
Nota do editor deste blog: dentre os seguidores famosos de Hagin, destacam-se Kenneth Copeland, Oral Roberts, Morris Cerullo e Benny Hinn.
Hagin ensinou que Deus não é glorificado pela pobreza e que pregadores não devem ser pobres. Porém, antes de morrer, em 2003, e deixar o Centro de Treinamento Bíblico Rhema nas mãos de seu filho Kenneth Hagin Junior, ele reuniu muitos dos seus colegas em Tulsa para exortá-los por terem distorcido a sua mensagem. Ele não estava contente com o fato de que muitos de seus seguidores estavam manipulando a Bíblia para dar suporte ao que considerava ganância e arrogante indulgência.
Aqueles que estavam próximos à Hagin dizem que ele estava fortemente empenhado em corrigir esses abusos antes de sua morte. De fato, ele escreveu um livro brutalmente honesto com o objetivo de demonstrar suas preocupações. O livro, O Toque de Midas, foi publicado em 2003. Um ano após a infame reunião em Tulsa.
O Toque de Midas - Kenneth Hagin
O Toque de Midas - Kenneth Hagin
O Toque de Midas
Aqui estão algumas considerações que Hagin fez no livro O Toque de Midas.
Prosperidade financeira não é um sinal da benção de Deus.Hagin escreveu: “Se prosperidade somente fosse um sinal de espiritualidade, então traficantes de drogas e chefões do crime seriam gigantes espirituais. Prosperidade material pode estar relacionada com as bênçãos de Deus ou pode ser totalmente desconectada das bênçãos de Deus”.
As pessoas jamais devem ofertar com a intenção de receber.Hagin criticou aqueles que “tentam tornar a oferta em uma espécie de máquina de vendas celestial”. Ele denunciou os interesseiros, principalmente aqueles que ofertam carros para obter carros novos ou ofertam ternos para obter ternos novos. Ele escreveu: “Não existe fómula espiritural para semear um Ford e colher um Mercedes.”
Não é bíblico “dar nome à semente” em uma oferta. Hagin estava estupefato com essa prática que foi popularizada nas conferências de fé na década de oitenta. Os pregadores do movimento algumas vezes dizem aos ofertantes que, quando eles dão uma oferta, devem exigir um benefício específico como retorno. Hagin rejeitou essa idéia e disse que “focar no que você irá receber corrompe a verdadeira natureza da nossa atitude de ofertar”.
O “retorno de cem para um” não é um conceito bíblico. Hagin fez as contas e chegou à conclusão de que se essa noção bizarra fosse verdadeira, “nós teríamos crentes por aí não somente com bilhões, mas trilhões ou quadrilhões em dinheiro!” Ele rejeitou o popular ensinamento de que o crente deve exigir uma taxa de retorno específica sobre o valor da oferta.
Não se deve confiar em pregadores que dizem ter uma unção que cancela dívidas. Hagin estava perplexo com ministros que prometem “cancelamento de dívidas sobrenatural” para aqueles que dão uma quantia em oferta. Ele escreveu em O Toque de Midas: “Que eu saiba, não existe nada na Escritura que valide esse tipo de prática. Eu suspeito de que isso seja simplesmente um esquema para levantar dinheiro para o pregador, e no fim das contas pode se tornar perigoso e destrutivo para todos os envolvidos”.
(Muitos televangelistas americanos — e também brasileiros — usam esse falso argumento. Normalmente, eles insistem que o cancelamento miraculoso dos débitos somente acontecerá se a pessoa “ofertar agora mesmo”, como se a unção para esse milagre evaporasse imediatamente depois do programa. Esse recurso manipulador mais parece bruxaria do que crença cristã.)
Hagin condenou outras esquisitices
Ele condenou certas esquisitices usadas para iludir platéias e fazê-las esvaziar suas carteiras. Ele ficou indignado quando um pregador disse no rádio que levaria os pedidos de oração para a tumba vazia de Jesus em Jerusalém e oraria por eles lá, se o os pedidos estivessem acompanhados de uma oferta especial de amor. “O que o pregador do rádio realmente queria era que mais pessoas enviassem ofertas”, disse.
Hagin também escreveu aos seus seguidores: “Superenfatizar ou aumentar o que a Bíblia ensina invariavelmente causa mais danos do que benefícios”. Ora, se o homem que foi pioneiro no “moderno conceito de prosperidade bíblica” deu esse recado aos seguidores de seu próprio movimento, não faz sentido para eles executarem seus ensinamentos anteriores…
Amados irmãos, diante do exposto, seria bom que todos os amantes da teologia da prosperidade, os fãs incondicionais do papai Hagin e os seguidores de pregadores que prometem “mundos e fundos” (como depósito celestial em conta bancária e cancelamento de dívidas de cartão de crédito, etc.) refletissem.
Até que ponto vale a pena seguir a um falso evangelho, contrário à Palavra de Deus e contestado pelo seu principal mentor? Fica aqui o alerta a todos os animadores de auditório que se valem de frases de efeito, promessas triunfalistas, como as mencionadas por Hagin, a fim de “arrancarem” dinheiro do povo de Deus. Meditem em Mateus 7.21-23. Acordem! Ainda há tempo!
Respeitosamente,
Ciro Sanches Zibordi