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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

22 de dezembro de 2009

Aos meus companheiros, pastores

Avivamentos, contratempos e equilíbrio

A razão deste texto é de um pequeno desabafo de um coração apaixonado pela igreja. Por isso, dirijo este texto exatamente para meus companheiros, pastores.

Vamos começar a nossa reflexão em dois textos que se seguem.

Atos 2:16-21 "Pelo contrário, isto é o que foi predito pelo profeta Joel: 'Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todo os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. Mostrarei maravilhas em cima no céu e sinais em baixo, na terra, sangue, fogo e nuvens de fumaça. O Sol se tornará em trevas e a lua em sangue, antes que venha o Grande e glorioso dia do Senhor. E todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo!

2 Timóteo 3:1-9 "Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes. São estes os que se introduzem pelas casas e conquistam mulherzinhas sobrecarregadas de pecados, as quais se deixam levar por toda espécie de desejos. Elas estão sempre aprendendo, mas nunca são capazes de chegar ao conhecimento da verdade. Como Janes e Jambres se opuseram a Moisés, esses homens também resistem à verdade. A mente deles é depravada; são reprovados quanto à fé. Eles, porém, não irão longe; como no caso daqueles, sua insensatez se tornará evidente a todos.

Como será de fato um período de avivamento?

Foi ainda no princípio da década de oitenta que meu coração foi fortemente despertado por uma intercessão genuína a favor de um avivamento em nossa nação. Este sentimento foi grandemente provocado por pregações de meus pastores que, na época, inflamavam os nossos corações com o desejo de um avivamento. A leitura de livros como os de Charles Finney, as histórias de Wesley, Whitefield, Edwards e tantos outros, faziam aquele ingênuo coração de um adolescente queimar, desejando que tudo aquilo ocorresse também em nossos dias.

Meu coração ainda continua o mesmo, ainda desejo ardentemente ver nossa nação aos pés de Jesus. Mas, será que os livros nos mostravam tudo, ou cobriam apenas um ponto de vista da narrativa do que realmente acontecia naqueles períodos? Acredito que aqueles que são professores de história e acostumados à pesquisa histórica já estão compreendendo a minha reflexão. É possível que, com um bom coração, visando despertar em seus leitores o sentimento de intercessão, aqueles escritores narraram apenas os fatos que produziam tais sentimentos. Nessas narrativas, pouco ou quase nada se citavam acerca do temperamento de alguns destes homens. Pouco também se fala acerca de suas vidas familiares. E justamente por isso tiveram tanto sucesso na venda de seus livros e nas idéias (de suas cabeças) que acabaram tornando-se verdades... infelizmente.

Como será nos nossos dias?

O que vemos nos textos acima, são duas realidades da mesma época: "os últimos dias". Entendemos que a cruz ou o pentecostes inaugurou estes últimos dias. Os últimos dias referem-se ao tempo da igreja.

Isso significa que em todo período da Igreja haverá tal ambigüidade. Basta olharmos para os nossos dias, e poderemos ver claramente essas duas realidades co-existirem.

Encontramos hoje:

1. Igrejas que crescem com pastores rasos; e pastores profundos na Palavra, mas que não têm ninguém para ouvi-Los.

2. Gente que ministra cura divina e está doente em outras áreas; e gente sadia que prega de acordo com a Palavra sem ministrar cura divina.

3. Gente desonesta sendo admirada; e gente honesta que ninguém valoriza.

4. Gente com posturas questionáveis pedindo dinheiro; e gente que tem uma vida financeira transparente, sem dinheiro.

5. Gente que diz ter muita "unção", mas sem uma mensagem inteligente; e gente inteligentíssima, mas que você dorme ao ouvir.

Nossos desafios mais difíceis para hoje:

• Ensinar sobre o Dar e ainda assim ser confiável

• Ser líder sem ser arrogante

• Ser gentil e cordial sem ser fraco

• Ser atual sem ser leviano e sem ser mundano

A Crise de Ética

Até que ponto, o lado negativo da cultura brasileira já não contaminou a igreja brasileira? Até que ponto nós mesmos já não estamos contaminados por esse vírus e nem percebemos? Quando algo se torna cultura, nós nem sequer notamos que está errado.

Pontos para uma análise pessoal:

1. O perfil do líder

Como você define o pastor de uma congregação?

- Ele é o ungido. Mas a Bíblia diz que TODOS são ungidos. (1 João 2:27)

- Ele é o homem que foi chamado para o ministério. Mas TODOS têm ministério no Corpo de Cristo (é o assunto de 1 Coríntios 12)

- Ele é o sacerdote. Mas a Bíblia diz que TODOS são sacerdotes. (1 Pe 2:9)

Você percebe que essas definições que damos aos pastores estão um pouco em desacordo com a prática das Escrituras. Digo isto porque, em nenhum lugar nas Escrituras eles são chamados desse jeito. Você só encontra tais definições no vocabulário evangélico que provém do nicolaitismo romano.

A verdade é que carregamos conosco um pouco da cultura católica que separa o clero do povão. Misturamos isso com a cultura brasileira, de nossos políticos, que se sentem os donos do povo. E criamos o tipo pastor-intocável, pastor-inquestionável.

Será que não passamos SEM PERCEBER (não estou falando de mau caráter) essa cultura para os nossos irmãos a quem servimos (refiro-me aos membros da congregação onde pastoreamos)? Será que não passamos isso para os nossos filhos e esposas, fazendo-os se sentir alguém maior do que os outros tão somente por serem filhos ou esposa do pastor? O culto à posição?

A atitude e prática de alguns pastores de nossos dias demonstram claramente que existe um certo culto à posição provindo da cultura evangélica que por sua vez veio da romana. Uma boa pergunta para nos fazermos é: o que será que está de fato POR DETRÁS de tantos títulos novos dados aos pastores dos nossos dias? Será insegurança? Necessidade de auto-afirmação? Ou puro narcisismo* e culto a si mesmo?

(*Segundo a mitologia, Narciso foi um jovem que, ao ver o reflexo de seu rosto num rio, se apaixonou por si mesmo)

2. A questão do dinheiro

Há pouco tempo atrás, fizemos uma pesquisa em nossa cidade procurando saber daqueles que não eram cristãos, o que não gostavam na igreja, principalmente na evangélica. O resultado foi claro: em primeiríssimo lugar estava o descontentamento e o incômodo causados pela maneira como as ofertas eram recolhidas. Em segundo lugar, consideravam a vida dos pastores questionável, como se abusassem da fé do povo para enriquecer.

Por que será que o maior entrave do povo hoje com a igreja evangélica tem sido a questão financeira? A mídia cita isso, as pesquisas apontam isso, será que estão todos errados? Será que estão sendo realmente perseguidos? Dizer que isso é simplesmente perseguição não seria simplismo de nossa parte? Será que isso também não ocorre na igreja verdadeira?

Algumas perguntas para nos analisarmos:

• Nosso padrão de vida como pastores é justificável ou questionável?

• Como andam seu nome, suas contas e as contas e encargos da igreja?

• Até que ponto o nosso povo está seguro de nossa administração financeira?

A vida do ministro e seu salário

Você está no ministério por paixão ou por necessidade de um emprego? Esta é uma boa pergunta, pois já atendi pastoralmente a um irmão que me confessou manter-se no ministério simplesmente porque não tinha outra maneira de sobreviver. Este é apenas um exemplo do terrível drama daqueles que dependem do dinheiro do ministério para sobreviver, mesmo tendo reconhecido que aquele não é o seu chamado. E outros muitos que dizem que se não cobrarem o dizimo ou exigirem as ofertas a sua igreja fecharia?

Como ser pastores saudáveis, ministrando a uma igreja saudável, nos nossos dias?

Uma palavra chave: Equilíbrio

Saúde vem de equilíbrio. Qualquer desequilíbrio é sinal de doença. A esquizofrenia tem sido uma das maiores doenças comportamentais dos meios religiosos: a pessoa é uma nos encontros religiosos e tem outro comportamento dentro de casa ou no trabalho. Precisamos da saúde, do equilíbrio da Palavra de Deus regendo nossas vidas, cultos, organização, finanças e família. Quantos ditos cristãos você conhece que assim agem, que nos dias de culto se passam por santos, mas nos demais dias agem, pensam e são igualzinhos aos mundanos?

Equilíbrio no ensino.

Será que não estamos pregando a mesma coisa sempre? Que tal fazer uma análise de suas últimas mensagens (não somente os títulos, mas o conteúdo) e ver se você não esta falando sempre a mesma coisa? Quais assuntos você nunca ensinou, e POR QUE não ensinou? Só porque não eram empolgantes ou populares? Em quais verdades você está seguro de que REALMENTE sua congregação está FUNDAMENTADA?

Equilíbrio no pastoreio.

Precisamos do equilíbrio entre ser líder e trabalhar em equipe. Você vê sua equipe ministerial como subalternos ou são para você pessoas imprescindíveis, das quais você sente uma santa dependência?

É possível ter um nível profundo de adoração sem ser esquisito?

Esta segunda pergunta visa refletirmos sobre aquilo que hoje chamam de unção (falando em evangeliquês).

Será que em nome de unção disto ou daquilo, não deixamos as nossas reuniões muito esquisitas e até deixando brechas para sermos questionados de nossa sanidade mental?

Quando Paulo diz que um incrédulo entre nós poderia dizer que estamos loucos, não seria isso, uma medida para nós? Ou somos tão espirituais que não podemos ser de maneira nenhuma julgados pela opinião pública?

Nosso culto é pra Deus, mas também deve ser inteligível para as pessoas. Eu acredito que é possível termos um culto gostoso, inteligente, racional, agradável e ao mesmo tempo profundo. Um encontro onde a Palavra do Senhor é inteligível, com termos do cotidiano, sem o evangeliquês, a tal ponto de um incrédulo estar entre nós e compreender tudo, sendo levado a dizer com admiração no coração: Deus realmente está nesse lugar! (1 Coríntios 14:24,25)

Equilíbrio nos conceitos do sobrenatural.

Eu creio num Deus que intervém, eu creio no milagre da cura divina (Deus cura se o enfermo tiver fé Dele recebida), eu creio na contemporaneidade dos dons ministeriais (Efésios 4:11). Creio que, como cristãos, podemos experimentar o sobrenatural de Deus no dia-a-dia. Cada resposta de oração precisa ser vista como um milagre, como uma intervenção do sobrenatural na história.

Mas, como pastores, precisamos ensinar aos nossos irmãos sobre um sobrenatural do dia-a-dia, sem, no entanto, sermos gente esquisita. É como alguém se referia a Jesus: Ele era naturalmente sobrenatural e sobrenaturalmente natural.

O nosso modelo de fé, sobrenatural e milagres, deve sempre ser Jesus. Não o Fulano da multidões, não o Cicrano norte-americano cheio de esquisitices próprias daquela cultura, mas estranhas à nossa. Sem pompa, sem a desculpa de usar relógio de ouro porque o outro relógio parava quando "vinha a unção". Sem imitar os errados demonstrando dons espirituais, criando ou deixando Satanás colocar em nossas bocas palavras inexistentes, deixando nossas emoções atuarem sobre nossos corpos como desculpa para dizermos que temos o santo espírito de Deus.

Fica aqui para nós, sermos o modelo para os nossos irmãos. Um modelo fácil de ser imitado. Um sobrenatural não falsificado, não questionável, que não deixe gosto de plástico na boca das pessoas.

Que o Senhor nos dê graça para ministrarmos de forma inteligível para o homem de nossos dias, sem prometer-lhe prosperidade, curas ou demonstrar sinais e maravilhas que bem sabemos de onde provém...

E lembremos sempre que o nosso Mestre nos disse que nos últimos dias ocorreria o mesmo que ocorreu nos tempos de Noé, e ainda nos alerta perguntado, será que o filho do homem encontrará fé quando retornar? 

(Mensagem extraída do boletim "Caminho da Luz, edição 230 de 06/11/2009 publicado pela Igreja de Deus em São Paulo).

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