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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

12 de dezembro de 2009

Julgar ou não julgar - Eis a questão!



A resposta para esta pergunta seria: Julgar, sim, mas com discernimento bíblico.

Discernimento - é o ato ou processo de examinar cuidadosamente um assunto, antes de se fazer um julgamento.

Na vida cristã, discernir é...

“Identificar a verdadeira natureza de um espírito, doutrina, prática ou grupo; distinguir a verdade do erro, distinguir entre o erro crasso e o erro banal, distinguir entre o que é divino e o que é humano ou demoníaco”. (Robert M. Bowman, Jr. - “Orthodoxy and Heresy”, Baker Book House, 1992, p. 115) (1).

As duas principais palavras gregas traduzidas como “discernimento” são “anakrino”, significando examinar ou julgar bem de perto, e “diakrino”, que significa fazer separação, investigar, examinar, etc. (2).

Os cristãos devem crescer em discernimento espiritual - conforme a Bíblia ensina.

Em Hebreus 5:12-14, lemos: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”.

Na 1 Tessalonicenses 5:19-22, Paulo ensina: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal”.

Conquanto admoestando os tessalonicenses a não extinguirem o Espírito e a não desprezarem o que ele ensinava, conforme mandato divino, Paulo os instruía a testar todas as coisas, retendo o bem. Quando um cristão prega ou ensina algo afirmando ter sido inspirado por Deus, não devemos desprezar este ensino, mas precisamos compará-lo com as Escrituras, a fim de ver se eles conferem com a Palavra de Deus. [Quando eles conferem, nós devemos recebê-lo como edificação e, se não conferem, que o consideremos heresia].

Lucas elogiou o povo de Beréia porque este conferia no Velho Testamento tudo que Paulo ensinava:

“Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens.” (Atos 17:11-12).

Como crescer em discernimento - Vejamos como um cristão pode crescer em discernimento:

(a) - Confiar na orientação do Espírito Santo, o Qual habita em todo crente nascido de novo. 

(b) - Estudar a Palavra de Deus - a Bíblia - com espírito de humildade.


O Espírito Santo - Não se pode esperar que uma pessoa que acabou de receber a Cristo como Salvador, tenha algum conhecimento de teologia bíblica. A Bíblia ensina que um pecador vai a Cristo porque o Espírito Santo o convidou, após tê-lo convencido do pecado, da justiça e do juízo, e o Seu convite foi aceito pelo pecador. Quando o pecador aceita Jesus Cristo como Salvador, ele é regenerado [nascendo de novo e se tornando uma nova criatura, segundo a 2 Coríntios 5:17]. Além de outras coisas boas, um cristão leva vantagem sobre um incrédulo, conforme Paulo ensina na 1 Coríntios 2:11-16:

“Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”. 

A Bíblia - A Bíblia provê o modelo pelo qual todo ensino deve ser testado, conforme a 2 Timóteo 3:16-17:

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”.

A confiança na orientação do Espírito Santo e na Palavra de Deus escrita deve manter o cristão com os olhos fixos no Salvador. [Do primeiro ao último livro da Bíblia, Cristo resplandece como a ESTRELA MAIOR]. Se os cristãos fossem confiar apenas na própria capacidade de entender as palavras da Escritura, isso não daria margem à orientação revelada pelo Espírito Santo nas riquezas de Sua Palavra Santa. Infelizmente, muitos cristãos deixam a responsabilidade de perscrutar a Bíblia, a fim de conseguirem um melhor discernimento da vontade divina para suas vidas, deixando essa orientação principalmente aos televangelistas e aos autores de livros [Os quais na maioria das vezes se tornam seus gurus], dos seus pastores e dos sites favoritos.

Isto funciona como se o cristão estivesse sendo alimentado a colheradas, com leite desnatado, pois, conforme o apóstolo Pedro nos ensina: devemos abandonar “toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações”, e desejar “afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele... [irmos] crescendo”. (1 Pedro 2:1-2). Devemos aprender com outros cristãos, mas sempre comparando cuidadosamente, na Bíblia, tudo que eles nos ensinam, a fim de nos tornarmos cristãos maduros.

Discernimento Espiritual com os dons - Os dons de línguas, sinais e maravilhas foram necessários na era da Igreja Primitiva, a fim de convencer os judeus de que Jesus era o Messias Divino. [O Pentecoste foi a maneira que Deus usou para convencer os judeus da messianidade de Cristo e dar início à era da igreja. O Pentecoste deve acontecer, novamente, na época da Tribulação. O Movimento Pentecostal na era da igreja é uma fraude. Quando o mistério da Igreja foi revelado, os dons foram cessando, até desaparecerem completamente. Nas cartas de Paulo, dificilmente encontramos ênfase aos dons de línguas, sinais e maravilhas, pois “o justo pela sua fé viverá”, Habacuque 2:4, seguido de Gálatas 3:11: “...porque o justo viverá da fé”.]

Julgar ou não julgar, eis a questão - Vejamos o que é correto e o que é errado no julgamento, conforme o discernimento bíblico.

Parecem claras para nós as palavras de Jesus: “não julgueis”, conforme Mateus 7:1. À primeira vista, parece que Jesus não apenas condena o nosso julgamento como Ele mesmo cai em contradição, julgando os Seus inimigos. Na igreja, tem havido muita controvérsia entre os que desejam fazer julgamentos e os que são contra esta prática. Um lado é acusado de “legalista” e o outro de “liberal” ou “abúlico”.

Buscar a verdade sobre este assunto é essencial e uma boa pesquisa pode revelar que existem dois tipos de julgamento ensinados na Escritura. A um somos comandados; a outro somos proibidos. Alguém poderia citar Mateus 18:15-18, no qual Jesus estava usando o contexto judaico: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. Na 1 Coríntios 5, Paulo censura os cristãos por não julgarem as coisas erradas de um modo correto. 

Um dos objetivos principais da igreja é alcançar a verdade. Existem igrejas [agora amplamente espalhadas por todo o Ocidente] em que os crentes são estimulados a gargalhar freneticamente, achando que este é um modo correto de adorar a Deus. Já nas igrejas que adotam a “Palavra da fé”, Deus é apresentado como um “Papai Bonachão”, pronto a atender todos os pedidos que Lhe chegam, como uma espécie de máquina automática de venda. Os carismáticos proclamam estar “cheios do Espírito Santo”, afirmando que pregam a verdade recebida diretamente de Deus [como se a Bíblia não fosse suficiente] e se comportam como aquele poema sem nexo, tão conhecido por todos nós:

“Por que as máquinas de fogo são vermelhas?”

Elas têm quatro rodas e oito homens.

Quatro mais oito somam doze.

Doze polegadas formam um governante.

Governante é a Rainha Elizabeth.

Ela navega pelos sete mares.

Os sete mares têm peixes.

Os peixes têm escamas (fins).

Os finlandeses odeiam os russos,

porque os russos são vermelhos...

As máquinas de fogo também são vermelhas.


É exatamente assim que certos grupos têm manejado a Bíblia... Vejamos os quatro pontos principais para essa falta de discernimento:

O discernimento tem faltado nas igrejas pelas razões que seguem:

1. - Tornamo-nos antropocêntricos, preferindo ser conduzidos por nossas experiências. Muitos líderes cristãos procuram imitar a Disney World, a fim de atraírem grandes audiências. O pós-modernismo e a morte da razão permeiam não apenas o mundo lá fora, mas também nossas igrejas.

2. - Perdemos o conhecimento da Hermenêutica. Os televangelistas fabricam suas próprias interpretações subjetivas da Bíblia e dizem que têm o “conhecimento da revelação” e que “Deus lhes falou pessoalmente”, a fim de ficarem a salvo de um escrutínio e de uma avaliação bíblica.

3. - A igreja tem aceitado amplamente a filosofia de que “a verdade é relativa”. Muitos livros “evangélicos” têm sido publicados, argumentando contra a “moral absoluta” [um meio fácil de se tornarem “bestsellers”.] Há cinquenta anos, isto não teria sido permitido dentro do Cristianismo.

Jay Adams foi quase um profeta, há 10 anos, quando escreveu o que vem a seguir, mas ninguém lhe deu atenção:

“Conforme o pensamento continuum, o modo de pensamento ensinado fora da igreja (mas amplamente aceito dentro dela), toda idéia é nebulosa. Não existe certo ou errado, nem verdadeiro ou falso, mas apenas sombras do certo e do errado, do verdadeiro e do falso, difundidas através de um continuum. Os pólos deste continuum são estendidos até criarem asas e, para todos os propósitos práticos, tornam-se inatingíveis e, portanto, inúteis. Nada, portanto, é certo ou errado. Tudo é relativo e a maior parte é subjetiva”. 

Ele prossegue dizendo: 

“Esta é a razão por que a pregação bíblica, com a sua aguda antítese, tem conduzido muita gente ao erro, pois é difícil as mentes modernas aceitarem a mesma. Durante muito tempo, as instituições educacionais, os jornais, revistas, rádio, TV, etc., tem direcionado as pessoas ao pensamento continuum. Então o pensamento considerado antiético é descartado [como não sendo politicamente correto], como fanático ou coisa pior... Consequentemente, quando os próprios cristãos (todos eles afetados pelo ambiente) escutam expressões de visões antiéticas, logo se encontram discordando. Isso assim lhes parece porque eles acham que tudo evolui e, portanto, o discernimento fica relegado ao segundo plano”. (p. 30).

Adams mostra que as distinções entre o puro e o impuro no Velho Testamento foram entregues por Deus, a fim de criar uma visão totalmente antiética da vida. O devocional “Dailey Bread”, de 13/11/1995, observa que os falsos mestres aquecem o seu caminho, faturando sobre as emoções dos cristãos:

“Um falso mestre ensina o que apela aos nossos desejos: “E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade” (2 Pedro 2:1-2). Ele não usa na lapela um distintivo para admoestar as pessoas sobre suas mentiras. Ele se apresenta disfarçado como um legítimo representante da verdade. [Para ele, a mentira é uma verdade incubada]. Ele garante que vai enriquecer as pessoas [material e espiritualmente], mas aquelas que o seguem logo descobrem que foram enganadas”.

A falta de discernimento na igreja, hoje em dia, está custando um alto preço. A igreja se transformou naquela planta da qual Jesus fala em Lucas 13:19: a qual “cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu”. Essas aves ali fizeram ninhos, sendo aves puras, impuras, ferozes ou gentis. [Assim é a igreja, onde se encontram todos os tipos de pecadores]. 



A liberdade do discernimento - Julgar ou não julgar, eis a questão. Mateus 7:15 deixa claro que podemos julgar as mensagens e os frutos dos falsos profetas. [e falsos apóstolos]. Mas Jesus diz em Mateus 7:1 p: “Não julgueis”, ou seja, que sejamos cuidadosos ao criticar alguém, sem conhecer os seus motivos, querendo direcionar o pecador à perdição eterna. Ora, Deus é o Juiz de todas as coisas. Além disso, podemos estar sendo duros demais com as pessoas que estamos julgando, exatamente em assuntos secundários.

Tudo fica mais claro, quando verificamos que a palavra “julgar” pode ser usada de várias maneiras e em contextos diferentes. Entender o contexto é essencial para interpretar o tipo de julgamento do qual estamos falando.

Richard Winter, em seu livrinho “Tortured Texts”, observa esta diferença:

“Considerem antes a palavra “krino” [ou anakrino], traduzida como julgar em nosso texto. Numa concordância da BKJ podemos verificar que a palavra foi traduzida ... de 87 maneiras diferentes. Outros eruditos gregos dizem que ela significa: “chamar a atenção”, “concluir”, “decretar”, “estimar”, “determinar”, “pensar” e “sentenciar”. Com tantas significações diferentes, acho que seria seguro dizer que a palavra que o Senhor usou é mesmo: condenar ou fazer julgamento de alguém, de maneira maliciosa, enquanto o contexto mostra a responsabilidade de avaliar de modo apropriado uma coisa ou um ato de alguém” (pp.28/30).

Vamos ilustrar o assunto. Olhamos uma casa e vemos as paredes descascadas e as janelas quebradas. Deveríamos condenar o proprietário do imóvel, taxando-o de preguiçoso e relaxado? Suponhamos que ele fosse fisicamente incapacitado ou pobre demais para cuidar dos reparos... Não deveríamos ser cuidadosos no julgamento, por não conhecermos a realidade dos fatos? Todo julgamento leva à condenação e Jesus condenou isto em Mateus 7:1. Os fariseus eram especialistas em condenar, baseados em regras fúteis e na tradição, em vez de se embasarem nas Escrituras.

Pedro, Paulo e João fizeram uma porção de julgamentos, mas de maneira correta. Em quase cada epístola do Novo Testamento encontramos um julgamento sobre a apostasia. Na 2 Timóteo 4:10, Paulo julga e censura as heresias de dois companheiros dele - Demas e Crescente. Paulo fez uma porção de julgamentos, quando se tratava dos falsos mestres. Somos ordenados a combater as falsas doutrinas. 

Em João 7:24, disse Jesus: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”. Encontrar um equilíbrio entre o legalismo e o misticismo é necessário para julgarmos corretamente. Na 1 Coríntios 6:3-5, Paulo exige que julguemos certos assuntos. Podemos julgar os pecados públicos e os grosseiros, mencionados nos versos 9-10. Mas, qualquer que seja o nosso julgamento, ele deve ser temperado com o desejo de restaurar o pecador e não de castigá-lo. O objetivo deve ser sempre a restauração.

Podemos julgar as qualificações de um candidato ao ministério. Sobre um candidato a presbítero ou bispo, por exemplo, Paulo ensina quais devem ser as suas qualificações, conforme 1 Timóteo: “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3:1-5). 

Podemos julgar as qualificações, mas não as qualidades, pois estas somente Deus conhece. As qualidades são exteriores. Em João 21:16-17, Jesus disse: “Pedro, apascenta as minhas ovelhas”. Cuidar de uma ovelha é uma qualificação exterior. Podemos avaliar o sermão de um pregador e saber se ele pesquisou a Bíblia para escrevê-lo. A falta de preparo pode ser óbvia, assim como uma doutrina fraca ou falsa. 

Existem pregadores que usam o púlpito por amor a Cristo e às almas? SIM! Mas, muitos deles usam o púlpito para ganhar fama e enriquecer. Somente Deus pode conhecer o coração de cada um. Contudo, quando um pregador exibe um luxuoso estilo de vida, sem ter outro ofício, a não ser o de pregador, já dá para julgar [que ele não é tão santo como procura aparentar].

O Livro de Tito trata das qualificações exteriores, enquanto a 1 Timóteo 4:16 diz que o pastor deve ter cuidado de si mesmo, ou seja, deve estar cônscio de sua motivação interior e de suas qualidades interiores. Esta passagem pode nos ajudar a verificar a diferença entre as qualidades interiores (invisíveis aos nossos olhos) e as qualificações exteriores, as quais podem ser avaliadas.

A palavra “krino”, conforme Campbell Morgan, pode mudar conforme o contexto em que aparece. Algumas vezes, podemos julgar e outras vezes não. Podemos censurar, mas antes precisamos investigar, quando o caso o exigir. Ele explica: “Os primeiros versos proíbem a condenação, mas o sexto verso insiste numa cuidadosa discriminação” (The Gospel According Matthews, p. 71).

Ao ler esse texto, dentro do contexto, aprendemos que é lícito condenar os falsos mestres e o falso ensino [usando exclusivamente a Palavra de Deus como modelo]. Ficar tricotando a vida alheia é uma coisa... Mas remover os frutos podres é bem outra. Devemos ser corretos no discernimento, procurando sempre uma base na Palavra da Verdade e nos fatos, deixando as áreas desconhecidas da motivação a cargo do julgamento de Deus.

A Obra do Discernimento - “Parece que os cristãos esqueceram a palavra ‘discernimento’ e que os encorajamentos devem ser feitos, conforme o ensino bíblico.” (“Young’s Analytical Concordance to the Bible”, p, 257). Devemos usar o discernimento na obra de Deus, estudando bastante a Sua Palavra Santa, pois, conforme Paulo ensina na 2 Timóteo 3:16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”.

A. Carson observa: “Não vamos nos extraviar se nos aproximarmos da Bíblia com a mente humilde e nos devotarmos às suas verdades centrais. Gradualmente, iremos construir uma habilidade exegética e através do estudo sistemático e de uma determinação reverente e poderosa, poderemos nos tornar obreiros aprovados que manejam bem a Palavra da Verdade (2 Timóteo 2:15)”. (Exegetical Fallacies, p. 144).

Devemos conhecer bem as regras. Vamos espanar a poeira dos livros textos de Hermenêutica, insistindo sobre a regra básica, que é a do contexto. [Os pregadores carismáticos são especialistas em retirar textos do contexto, para um pretexto às suas desmedidas ambições]. Devemos considerar o contexto e também examinar cada passagem ou verso, pois deixar de fazê-lo tem causado muitos erros na interpretação das Escrituras. Muitos pregadores preparam uma mensagem e depois ficam buscando versos que combinem com o texto da mesma. Isto não é pregar um texto, mas conseguir um pretexto à sua negligência... O contexto deve ser a chave da significação da mensagem. 

Como diz o próprio Hartill, “A Bíblia pode provar qualquer coisa, mas NÃO, quando estudada sob a luz do contexto”. Em seu clássico “Biblical Hermeneutics”, M. S. Terry insiste: “Muitas passagens bíblicas não podem, de modo algum, ser compreendidas sem o auxílio do contexto, pois muitas sentenças derivam todo o seu ponto de apoio da força de conexão (sic) na qual permanecem” (p. 219).

Benny Hinn pode se exibir em frente a uma audiência de TV e declarar que “os egípcios não foram afogados no Mar Vermelho, mas esmagados por uma chuva de granizo.” (Praise the Lord, 14/07/94). Ele pode até voar do seu assento, mas ignora completamente o contexto de Êxodo 14, o qual fala claramente das águas voltando, e submergindo os carros do Faraó. Após declarar tal aberração, seus telespectadores fazem: “Oh!!!”, entusiasmados com a “nova verdade hinniana”. Foi retirando versos do contexto que os líderes da Palavra da Fé criaram o seu deus “Papai Bonachão”, sentado lá no céu, disposto a realizar todos os desejos dos crentes, quando estes lhe dão ordens decisivas. Ao fazerem isso, eles torcem as Escrituras “para a sua própria perdição” (2 Pedro 3:16).

Outra regra é a da “Contextual Proximity”, a qual amplia a regra do contexto. Thomas Schmidt escreve: 

“Quanto mais nos distanciamos do contexto imediato, para buscar significações mais variadas, mais complicado se torna o processo. Por exemplo, um livro do VT pode esclarecer o que Paulo escreveu, mesmo tendo sido escrito centenas de anos antes. Porque podemos confiar que Paulo conhecia o VT e o considerava como autoridade...” [do mesmo modo como Jesus demonstrou, no Caminho de Emaús, Lucas 24:25-27: “E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”.]

Importante ainda é que possamos entender o mundo bíblico. Estudar as obras de Edersheim é de grande utilidade, neste caso. Como eram as palavras usadas e compreendidas, nos tempos da Bíblia, pelas pessoas em seu modo de vida e em sua cultura?

Em seu livro “Orientalism in Bible Lands”, o Dr. Edwin Rice mostra as disparidades entre os hábitos orientais e ocidentais, concluindo que “nenhum estudo da Bíblia pode ser satisfatório sem que se tenha algum conhecimento da vida e do pensamento do Oriente”. (p.112).

Uma boa Exegese exige interpretação do texto, para conhecer a sua significação. Conhecer as regras ajuda a nos tornarmos bons exegetas. Os que manejam a Palavra de Deus precisam conhecer algo sobre metáforas e semelhantes. Precisam estar familiarizados com a poesia e os paralelismos hebraicos. Uma boa Hermenêutica exige muito trabalho, sendo um dever de todo cristão que deseja dividir as Escrituras com integridade.



Viver em Discernimento - Paulo falou sobre a transformação do nosso entendimento. (Romanos 12:2). Podemos ler e entender mais claramente as Escrituras, se nossa mente estiver em sintonia com Deus. Viver em discernimento é mais do que simplesmente conhecer as regras, mesmo com a importância que elas têm. Sem uma renovação da mente e uma sintonia com Cristo podemos nos tornar arrogantes e ásperos, demonstrando uma atitude de quem sabe tudo. Na 1 Pedro 3:15, lemos: “Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós...” Esta é uma atitude de humilde confiança em Deus, santificando-O, antes de tudo, em nosso coração, o que Deus vai tornar possível, quando aprendermos a...

(A) - Amar o Salvador e andar com Cristo, em constante comunhão com Ele, obedecendo as Suas Palavras [pelas quais seremos julgados, segundo João 12:48]. Devemos olhar somente para Jesus (Hebreus 12:1-2), pois é vital uma comunhão com o AUTOR DO LIVRO. 

(B) - Viver com o objetivo da eternidade como uma realidade presente, segundo nos é entregue pela Escritura Sagrada.

Um discernimento correto é nosso privilégio e nosso direito. A obra de Deus merece esforço, mas a recompensa não será apenas o favor de Deus, mas a nossa alegria de enriquecer as vidas de outros cristãos. (1 Coríntios 15:58).

Mary Schultze

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