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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

10 de dezembro de 2009

Prece Dialética: Sentenças humanas de uma alma sequiosa




Por Leonardo Gonçalves

Humano, demasiadamente humano. Tão humano ao ponto de iludir-se com a quimera de ser divino, sustentando uma falsa projeção de si mesmo.

Humano, notavelmente humano. Tratando de encobrir quem se é, cobrindo-se desde sempre com as folhas de figueira que a religião lhe ofereceu, distanciando-se de ti e perdendo a si mesmo.

Sim, humano. Demasiadamente humano; tão perdido neste culto narcisista, que precisa ser confrontado consigo mesmo, a fim de achar-se finalmente naquele que ultrapassa a descrição e a virtude.

Humano, excessivamente humano. Cheio de vícios e imperfeições que só podem ser superadas quando submetidas à graça divina.

Humano, totalmente humano, e por isso mesmo tão distante e tão próximo de Deus. Distante devido à ontologia que nos separa daquele que é por si mesmo; unido, porém, por aquele que se fez como nós, para que pudéssemos ser como Ele é.

Glória a Deus, que redimiu minha humanidade, para que eu pudesse participar da sua divindade. Louvado seja Cristo, em quem o divino se uniu ao humano. Ele só, a transcendência imanente; o paradoxo da fé.

Jesus Cristo, Deus humilhado e homem exaltado! Como pudeste ser homem como eu, e ainda assim reunir perfeições agógicas que nenhum livro, nem mesmo o Teu Livro, é capaz de descrever completamente?

Ensina-me a superar as imperfeições, a atingir a mansidão, mortificar paixões, viver menos para mim e mais para ti.

Ajuda-me a ver-te no outro e assumi-lo como parte de mim – amar o próximo como a mim mesmo.

Tu, que és Totalmente Outro e também Um igual a Mim, ajuda-me a encarar o paradoxo de trazer na alma a centelha divina, ao mesmo tempo que sou habitado pela imperfeição.

Oh, Deus: Sei que minha prece é loucura, mas que loucura pode ser maior que um Deus, que tendo o universo diante de si, escolheu habitar tabernáculos de barro? Sim Deus, és o louco dos loucos. Me perdi na sua loucura, pois sei que és louco apenas aos homens!

Te amo, oh Deus dos poetas, das almas confusas, dos soliloquistas. Tua Palavra é fraqueza que vence a força, é a aniquilação da minha inteligência, é o amolgar da minha soberba!

Tua Palavra é mais que a Folha impressa; desonraria-te se ousasse limitar-te ao papel. Tua Palavra, disse João, é verbo encarnado!

Meu Deus, antes de dormir, permita-me dizer-te: Já não quero incidir no erro que cometi no Éden milênios atrás: Já não me importa ser outro como tu; contento-me em saber que és um como eu.

***

Encontrei aqui.

Postado por Alan orenegado

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