Eliézer Sanches
Tive a oportunidade (e porque não dizer o privilégio) de ter participado desse ministério quando ainda era só um punhado de gente que estava cansada das idiossincrasias religiosas de então e sonhavam com uma vida restaurada à normalidade daquilo que a bíblia mostrava ser... por isso diziam ter a visão de Neemias, da restauração dos muros da cidade santa...
Tempo onde não havia um clero organizado... as pessoas ajudavam porque sentiam-se compelidas a fazê-lo sem esperar reconhecimentos ou imputação de patentes eclesiais quais fossem... só havia gente querendo ajudar àquilo que entendiam ser um movimento genuíno de “amor às vidas” no jargão evangélico... se sentir parte de um movimento que sentiam iria marcar uma geração na igreja brasileira... tempo onde o Estevam e a Sônia desciam do palco para abraçar a quem perto deles chegasse, junto à uma palavra de amor e esperança...
Uma época onde as barreiras do "sagrado" e do "profano" diluíram-se, onde era possível transitar entre uma "Terça-Gospel" no Dama-Xoc e um Show de Rock nas segundas-feiras de evangelismo, que mais se assemelhavam a uma balada qualquer, ainda que o espaço fosse o mesmo dos cultos dominicais... manifestação de demonstração extrema que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens... radicalmente protestante...
O brilho nos olhos de cada um, por mínima que fosse sua contribuição para que tudo se operasse com o fim de restaurar vidas, junto a alegria no coração de ver o resultado que se obtinha na operação da mão forte do Senhor era a recompensa mais que suficiente para nós...
Nada era forçado... tudo que se fazia dava naturalmente resultados pois o ambiente que ali estava instalado era o do comprometimento com uma visão de operar o bem ao próximo, sendo o templo só um local que se prestava a dar espaço às iniciativas que levassem em conta a visão de Neemias que o ministério possuía...
As canções eram fruto desse mover de Deus nos idos tempos da então quase-herética Igreja Renascer em Cristo... Katsbarnéia com o Brother Simion cantando com aquele jeitão de fissurado... Extra, Extra... o mundo acabará amanha de manhã... Atos 2, declarando Ah, eu quero sim, o Teu amor Senhor... e ainda Resgate, Oficina G3 com o Manga e o Túlio mandando ver em músicas com letras inusitadas comparando os cristãos com Naves Imperiais... e o início do Renascer Praise, com cânticos que remetiam a uma pureza e singeleza de sentido tão claro do Evangelho que, se comparadas às letras de hoje das músicas do mercado gospel (invariavelmente mantras, gemidos, sussurros e grunhidos incompreensíveis e sem qualquer relação com a mensagem de Jesus) seriam vistas com reservas pois sua mensagem seria não-vendável.
Mas não tardou, o canto da sereia foi ouvido... e pior, atendido e correspondido. O ministério de Libertação e Cura Interior foi criado sob a influência dos ensinos tresloucados da Neusa Itioka sobre o tema; a Teologia da Prosperidade vinha sendo pregada de maneira bem light, mas depois o “casal apóstólico” abraçou apaixonadamente esse lixo espiritual e colocou o então Pr. Gesher Cardoso para fazer seminários intensivos nas igrejas Renascer ministrando essa doutrina mamônica e anti-bíblica; vieram à reboque o deslumbrado Benny Hinn com sua esquisita unção do cai-cai; as tais "conferências proféticas" com a equipe do pr. Collin Dye, um especialista em profetadas e a Marcha para Jesus, um evento que originalmente visava dar visibilidade à fé cristã e que aqui virou demonstração de força política para promover negociatas em nome de um reino que não é o dos Céus.
Ainda me recordo daqueles tempos da inocência perdida... comparativamente ao crescimento humano, a Renascer optou por seguir seu próprio caminho, longe da singeleza do Evangelho e encantou-se com os sofismas da vida adulta... e ficou empedernida, incapaz de admitir que errou e voltar atrás para iniciar do ponto onde se desviou...
Eu ainda me pego cantando e pedindo para cantar muitas das músicas dessa época... sou grato à Deus por ter vivido o tempo em que o Estevam e a Sõnia eram só o Estevam e a Sônia e não o alter-ego de ambos que acabou carreado a um título após a investidura de uma patente eclesial...
Certamente presenciei ali também coisas que não correspondiam àquilo que a Palavra ensina... vi fogueira das vaidades, desmandos, surtos de autoritarismo, caça às bruxas e todos os chamados "sete pecados capitais" atuando em pleno vigor... não há quem vivendo em um ambiente assim, agüente por muito tempo sem se contaminar. Confesso que por algum tempo surtei com o surto deles... mas em um insight, quando me vi descaracterizado como um filho de Deus, abri-me à correção do Pai em minha vida e a Sua Graça me alcançou, me fazendo sair a tempo antes que eu ficasse pedrado.
Tempo onde não havia um clero organizado... as pessoas ajudavam porque sentiam-se compelidas a fazê-lo sem esperar reconhecimentos ou imputação de patentes eclesiais quais fossem... só havia gente querendo ajudar àquilo que entendiam ser um movimento genuíno de “amor às vidas” no jargão evangélico... se sentir parte de um movimento que sentiam iria marcar uma geração na igreja brasileira... tempo onde o Estevam e a Sônia desciam do palco para abraçar a quem perto deles chegasse, junto à uma palavra de amor e esperança...
Uma época onde as barreiras do "sagrado" e do "profano" diluíram-se, onde era possível transitar entre uma "Terça-Gospel" no Dama-Xoc e um Show de Rock nas segundas-feiras de evangelismo, que mais se assemelhavam a uma balada qualquer, ainda que o espaço fosse o mesmo dos cultos dominicais... manifestação de demonstração extrema que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens... radicalmente protestante...
O brilho nos olhos de cada um, por mínima que fosse sua contribuição para que tudo se operasse com o fim de restaurar vidas, junto a alegria no coração de ver o resultado que se obtinha na operação da mão forte do Senhor era a recompensa mais que suficiente para nós...
Nada era forçado... tudo que se fazia dava naturalmente resultados pois o ambiente que ali estava instalado era o do comprometimento com uma visão de operar o bem ao próximo, sendo o templo só um local que se prestava a dar espaço às iniciativas que levassem em conta a visão de Neemias que o ministério possuía...
As canções eram fruto desse mover de Deus nos idos tempos da então quase-herética Igreja Renascer em Cristo... Katsbarnéia com o Brother Simion cantando com aquele jeitão de fissurado... Extra, Extra... o mundo acabará amanha de manhã... Atos 2, declarando Ah, eu quero sim, o Teu amor Senhor... e ainda Resgate, Oficina G3 com o Manga e o Túlio mandando ver em músicas com letras inusitadas comparando os cristãos com Naves Imperiais... e o início do Renascer Praise, com cânticos que remetiam a uma pureza e singeleza de sentido tão claro do Evangelho que, se comparadas às letras de hoje das músicas do mercado gospel (invariavelmente mantras, gemidos, sussurros e grunhidos incompreensíveis e sem qualquer relação com a mensagem de Jesus) seriam vistas com reservas pois sua mensagem seria não-vendável.
Mas não tardou, o canto da sereia foi ouvido... e pior, atendido e correspondido. O ministério de Libertação e Cura Interior foi criado sob a influência dos ensinos tresloucados da Neusa Itioka sobre o tema; a Teologia da Prosperidade vinha sendo pregada de maneira bem light, mas depois o “casal apóstólico” abraçou apaixonadamente esse lixo espiritual e colocou o então Pr. Gesher Cardoso para fazer seminários intensivos nas igrejas Renascer ministrando essa doutrina mamônica e anti-bíblica; vieram à reboque o deslumbrado Benny Hinn com sua esquisita unção do cai-cai; as tais "conferências proféticas" com a equipe do pr. Collin Dye, um especialista em profetadas e a Marcha para Jesus, um evento que originalmente visava dar visibilidade à fé cristã e que aqui virou demonstração de força política para promover negociatas em nome de um reino que não é o dos Céus.
Ainda me recordo daqueles tempos da inocência perdida... comparativamente ao crescimento humano, a Renascer optou por seguir seu próprio caminho, longe da singeleza do Evangelho e encantou-se com os sofismas da vida adulta... e ficou empedernida, incapaz de admitir que errou e voltar atrás para iniciar do ponto onde se desviou...
Eu ainda me pego cantando e pedindo para cantar muitas das músicas dessa época... sou grato à Deus por ter vivido o tempo em que o Estevam e a Sõnia eram só o Estevam e a Sônia e não o alter-ego de ambos que acabou carreado a um título após a investidura de uma patente eclesial...
Certamente presenciei ali também coisas que não correspondiam àquilo que a Palavra ensina... vi fogueira das vaidades, desmandos, surtos de autoritarismo, caça às bruxas e todos os chamados "sete pecados capitais" atuando em pleno vigor... não há quem vivendo em um ambiente assim, agüente por muito tempo sem se contaminar. Confesso que por algum tempo surtei com o surto deles... mas em um insight, quando me vi descaracterizado como um filho de Deus, abri-me à correção do Pai em minha vida e a Sua Graça me alcançou, me fazendo sair a tempo antes que eu ficasse pedrado.
Escrevo estas linhas depois de ler o artigo da ISTO É e de chorar movido por um misto de amor, tristeza, pesar e saudade... estaria idealizando um passado que só existiu na minha mente?... talvez... mas não posso negar que a maneira autêntica e ousada pelo qual a Renascer surgiu e andou nos primeiros anos de sua existência impactaram minha vida mais com coisas boas que com ruins...
Possivelmente a Renascer nunca será aquilo que se propôs a ser a 25 anos atrás na sala do pequeno apartamento do Estevam e da Sônia, ainda com o Tid e a Fernanda bem pequenos... uma família que vivia com dinheiro contado, com o Estevam saindo para vender máquinas de Xerox à pé, quando deram abrigo a um bando de gente que a igreja não os queria nem pagando... igualzinho como Jesus acolheu a mulher adúltera, ao fiscal corrupto, ao samaritano e ao guarda romano. Gente que ninguém quer. Assim como todos nós um dia fomos gente que ninguém quis, só o Pai. Quem sabe não seja a hora de acolhermos de alguma maneira ao Estevam e a Sônia pois HOJE eles são a gente que ninguém quer?
Eli é nosso amigão e a matéria foi postada no blog dele.
Mano, concordo plenamente, eu já fui membro da Renascer por 6 longos anos, ainda peguei o finzinho da época q tudo era natural, sem os excessos e erros q foram se manifestando a cada dia nakela igreja. Choro muito em ver como a família Hernandes decaiu. Ainda converso vez por outra no Twitter com eles, tento falar de maneira meio sutil sobre a situação deles atual, mas o q mais me dá tristeza não é nem a queda de membros ou influência, mas o fato de eles permanecerem sem enchergar onde caíram. Q Deus tenha misericórdia deles e q oremos para q se for da vontade divina eles um dia enxerguem seus erros.
ResponderExcluirQue belo artigo, meu irmão. Num tempo onde os cristãos focam mais em atacar pedras sem gastar um terço deste tempo em oração por aqueles que caem, fiquei emocionada principalmente com a conclusão do seu artigo.
ResponderExcluirEu também participei um pouco daquele início (eu era membro de outra igreja, mas gostava de ir às segundas-feiras à Lins e outros eventos que eles organizavam), e também lembro com saudosismo.
Mas Deus é poderoso para resgatar, trazer o trem desgovernado de volta aos trilhos, temos que crer nisso!
Parabéns pelo belo artigo.