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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

24 de setembro de 2011

O Papa Bento XVI ficou “comovido e abalado” após o seu encontro com vítimas de abusos sexuais em instituições da Igreja Católica

O Papa Bento XVI ficou “comovido e abalado” após o seu encontro com vítimas de abusos sexuais em instituições da Igreja Católica, sexta-feira à noite, em Erfurt. Mas a iniciativa foi considerada insuficiente por associações de vítimas por não ser “seguido de acções”, como disse à AFP Peter Bringmann-Henselder, presidente da associação alemã de crianças de orfanatos.


As cinco vítimas que estiveram com o Papa recorreram a uma linha telefónica de ajuda


“O encontro com o Papa não mudará nada no facto de que padres abusam de crianças e bispos abafam esses escândalos”, comentou entretanto a SNAP, associação de vítimas de padres pedófilos, em comunicado citado pela AFP.

A reunião com as vítimas decorreu sexta-feira ao final do dia, no seminário de Erfurt, capital da Turíngia. O Papa, refere um comunicado conjunto de Bento XVI, 84 anos, e das vítimas citado pela Lusa, “mostrou-se comovido e abalado com a difícil situação das vítimas de abusos, a quem manifestou o seu profundo pesar, lamentando tudo o que lhes aconteceu a eles e às suas famílias”.

O delegado da Conferência Episcopal Alemã, o bispo Stephan Ackermann, disse entretanto aos jornalistas que, durante o encontro, se falou sobre os abusos “de forma muito clara”. Durante meia hora, Bento XVI esteve com cinco vítimas, “dirigindo-se pessoalmente a cada um deles, e manifestando a sua vergonha e a sua dor por causa dos abusos”, de acordo com Ackermann.

Tal como já sucedera nos Estados Unidos, na Austrália, em Malta e na Inglaterra, em anteriores viagens do Papa Ratzinger, o encontro foi mantido secreto, à margem do programa oficial da viagem que Bento XVI está a fazer ao seu país natal, a Alemanha, desde quinta-feira. O objectivo, disse ainda o bispo, era “permitir que as duas mulheres e três homens que se encontraram com o Papa não fossem perturbados”.

De acordo com a mesma fonte, Ratzinger garantiu às cinco vítimas que os responsáveis da Igreja Católica querem esclarecer os casos de abusos e tomar medidas eficazes para proteger as crianças e jovens. Na Alemanha, ao contrário do que aconteceu em outros países, a Conferência Episcopal criou uma comissão para averiguar que casos havia.

As cinco vítimas que estiveram com o Papa tinham, aliás, recorrido a uma linha telefónica de ajuda, criada pela conferência dos bispos alemães.

O Papa “está com as vítimas, e manifestou a esperança de que a misericórdia de Deus, o criador e redentor de todos os seres humanos, possa curar as chagas e dar-lhes paz interior”, afirma o comunicado.

Hans Langendoerfer, coordenador-geral da viagem de Bento XVI, afirmou que as cinco vítimas são originárias de diferentes regiões da Alemanha e tinham sofrido diferentes tipos de maus tratos. Mas o mesmo responsável admite as queixas das associações sobre a escolha dos participantes e a duração da audiência.

Esta manhã, algumas dezenas de representantes da SNAP manifestaram-se à margem da missa celebrada pelo Papa em Erfurt. Fundada nos Estados Unidos, a associação apresentou recentemente no Tribunal Penal Internacional uma queixa por “crimes contra a humanidade”, por causa dos casos de pedofilia, mesmo admitindo que a iniciativa é meramente simbólica.

Sobretudo por causa da pedofilia, 181 mil pessoas deixaram de pagar, em 2010, o imposto religioso que é cobrado na Alemanha e que é a forma de cada pessoa dizer a que igreja ou comunidade religiosa pertence. O número é o mais elevado de sempre, desde que há este registo.



Fonte: Público

1 comentários:

  1. não podemos julgar a igreja católica ou muito menos o Papa, afinal quantos pastores por ai faz o mesmo, só não chega até a midia.

    orar ...pela vida desses.

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