Marina Silva, candidata do PV, é o caso mais emblemático. Participante de cultos daAssembleia de Deus desde 1997, não conseguiu atrair nem mesmo a metade dos votos que os evangélicos poderiam proporcionar. Eles representam 25% do eleitorado – uma massa de 33 milhões de pessoas.
Mudança de estratégia – Dilma Rousseff, em um passado recente, costumava driblar perguntas de jornalistas que diziam respeito às suas crenças religiosas. Após subir nas pesquisas, porém, a estratégia mudou. A campanha do PT chegou a divulgar um texto, intitulado “Carta aberta ao povo de Deus”, para, digamos, tentar neutralizar a opinião da candidata frente à Igreja Católica e aos evangélicos. O bispo dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de Guarulhos (SP), defendeu o boicote à candidatura de Dilma por considerar que o PT é a favor da interrupção da gravidez. Lula precisou intervir para que o fato não gerasse uma crise na campanha.
Para o professor Márcio de Paula, a carta divulgada pelo PT veio para reforçar a postura menos radical do partido ao tratar de assuntos polêmicos. “Ela tem o mesmo efeito da ‘Carta aos Brasileiros’, assinada por Lula em 2002. Enquanto o presidente queria acalmar os mercados naquela época, Dilma quis acalmar os religiosos desta vez”.
Já o tucano José Serra costuma se guiar pela razão e, apesar de ter uma queda por astrologia – Oscar Quiroga é seu astrólogo preferido -, o candidato do PSDB à Presidência não costuma falar muito sobre suas crenças religiosas. Em debate realizado em agosto pela TV Canção Nova, emissora católica, Serra afirmou que achava bom que o “presidente da República acredite em Deus”.
Para Rodolfo Teixeira, discutir a religião durante as eleições não é a melhor maneira de esclarecer o eleitor – ou ajudá-lo a escolher seus candidatos. “Não acredito que essa seja uma polarização interessante, mas as pessoas não discutem mais o modelo político e social do país e acabam colocando outros assuntos em pauta”. O professor da UnB concorda e diz que os candidatos não precisam se posicionar quanto às suas crenças, já que “ninguém está elegendo pessoas para administrar sua paróquia. É preciso saber se o candidato tem ou não compromisso público”.
Fonte: Portal Exame / Gospel Prime
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