| "A América está em coma há oito anos." Não é muito comum ouvir esse tipo de afirmação durante a divulgação de um blockbuster de 100 milhões de dólares estrelado por Denzel Washington. Mas são os elementos dissonantes dos irmãos Allen e Albert Hughes que diferenciam "O Livro de Eli" de outros longas pós-apocalípticos que estão invadindo os cinemas. "Acho que os americanos nunca acharam que poderiam ser atingidos e se perderam neste início de século. Talvez seja essa a razão do gênero ter retornado com tanta força. É um reflexo do drama pelo qual os Estados Unidos vivem", completa Allen, o lado mais intelectual da dupla. Os irmãoS Hughes não perdoam o próprio país. Afro-americanos e pouco pacientes com políticas de grandes estúdios, um deles (Albert) mora em Praga e o outro não esconde seu desejo de viver na Europa. "Mas alguém na família precisa trabalhar", brinca Allen com exclusividade para o Uol Cinema. "Na França e alguns países do velho continente ainda há respeito pelo cinema de verdade, pela velha arte de construir personagens e a emoção." Mas as filmagens de "O Livro de Eli" passaram bem longe de cruzar o Atlântico. Durante três meses, o elenco e a equipe técnica se refugiaram no deserto do Novo México, onde o futuro da Terra imaginado pelos Hugues tomou forma. "Aconteceu de tudo nesta produção", recorda a atriz Mila Kunis (That 70's Show), que faz uma garota sob o domínio do "prefeito" tirânico de uma pequena cidade, vivido por Gary Oldman. "Tempestades de areia, calor de mais de 40 graus durante o dia e um frio congelante à noite. Pode apostar que não foi uma estadia em um hotel de luxo." O esforço valeu a pena. "O Livro de Eli" acompanha um homem solitário (Denzel Washington) numa jornada para atravessar os Estados Unidos arrasados por explosões solares daqui a 30 anos. A sua missão é proteger um livro sagrado até São Francisco, cidade que, em tese, abriga uma comunidade preocupada em reeguer a sociedade em frangalhos. "É uma história sobre o poder da fé e da esperança, e não sobre religião", descreve Allen, quando ouve o apelido ("Mad Max gospel") que o longa recebeu da imprensa. Não é nenhum segredo qual é o livro que repousa na mochila de Eli, personagem de Denzel, e desperta a busca de Carnegie, o ditador que mantém o controle sobre a população por possuir acesso à água, produto mais valioso do planeta: a Bíblia. "Carnegie é um homem que sabe o poder que os livros têm e está com medo de perder seu controle", filosofa Gary Oldman, outra vez brilhante no papel de vilão - ao ponto de ganhar uma música brincalhona chamada "Scary Gary" (Gary Assustador), composta por Mila Kunis e sua colega de set, Jennifer Beals. O uso do livro sagrado do cristianismo não foi simbólico ou por acaso, mesmo se considerarmos que estamos diante de um filme dos diretores de Do Inferno, adaptação da graphic novel de Alan Moore, e Perigo Para a Sociedade. "Os cristãos não tem um rock star. Eles precisavam de um homem ou uma mulher para representar sua crença de forma cool", confessa o "não-religioso" Allen Hughes. Quer dizer que, no caso de vitória do herói solitário, o futuro da Terra será ditado pela Bíblia? Não é bem assim. "Gosto de imaginar vários Elis, de raças e crenças diferentes, salvando livros importantes em todo o planeta", diz o diretor, que só imaginou isso depois que o estúdio alertou para o problema monoteísta. "Foi uma das raras notas inteligentes que o estúdio me mandou", conta o Allen, sem esconder a gargalhada. "Eu não estava muito preocupado com isso, porque o filme não é sobre a Bíblia, mas sobre o sacrifício do personagem." O sacrifício, no entanto, tem suas vantagens. "Eli é um homem abençoado", explica Allen, referindo-se à destreza de Denzel Washington com a espada como um pós-apocalíptico e imbatível samurai. "Meu irmão estudou muito Zatoichi para compor o visual das lutas e do guerreiro. Não poderia ser de outra maneira, já que Denzel é um ator que não cria apenas ícones, mas personagens de verdade." Tanto é verdade, que o astro quase não topou participar deste faroeste no fim do mundo. "Nunca brigamos, mas tivemos grandes debates sobre como Eli deveria ser. O problema é que ele ganhava sempre, porque é um grande debatedor. Caramba, ele fez até um filme sobre isso!", diverte-se Allen, lembrando de O Grande Desafio, longa dirigido por Washington em 2007. "Eu sabia que tinha muito trabalho a ser feito no roteiro e queria ajudar", admite Washington, em entrevista coletiva. "Mas há uma evolução espiritual em Eli, algo que costumo ter em meus personagens, até em obras mais sombrias como 'Dia de Treinamento'." Apesar do peso dos 55 anos nas costas, Denzel treinou por seis meses para entregar as cenas de ação, nas quais ele enfrenta canibais como dobro de seu tamanho ou mercenários armados até os dentes. "Ele queria estar em todas as cenas. Não aceitava os dublês", lembra Allen. "Já fiz filmes que exigiram do meu físico, mas neste caso precisei trabalhar com Jeff Imada e Dan Inosanto, dois artistas brilhantes de artes marciais, e foi o maior desafio em que joguei meu corpo." O desafio ainda não acabou. O Livro de Eli rendeu apenas 93 milhões nos Estados Unidos e tem uma nova chance no mercado internacional, mais aberto ao estilo cru e pessimista imposto pelos diretores. Uma bela hora para rezar, não é? Fonte: Uol Via GUIAME.com.br Postado por Adriana Amorim |
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