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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

13 de dezembro de 2013

Carta de Martinho Lutero tratando sobre as formas de culto desafia contendas tolas e doutrinas expurias florescendo na igreja após cinco séculos.




"A opinião tolerante do Reformador sobre as formas de culto expressa nos anos iniciais da Reforma no escrito "Missa alemã" é relativamente conhecida. Que o Reformador, ao final da vida, reforça este conceito numa carta ao príncipe George de Anhalt pode surpreender, mas é plenamente coerente com o que ele escreve em 1520 sobre a liberdade cristã."



Em Congregação de Cristo
Tradução Martin Weingaertner 

Carta ao principe George de Anhalt

 Graça e paz no Senhor!

O doutor Augustinho Schurf insistiu muito que eu escrevesse para ti, digníssimo e excelentíssimo Príncipe uma carta sobre as formas de culto. Confesso que não sou favorável a formas de culto necessárias, mas, das desnecessárias, sou inimigo. Inquietou-me e ainda me inquieta, não apenas a experiência feita com elas na igreja do papa, mas também o exemplo da Igreja Antiga. Porque facilmente acontece que as formas de culto se elevam a leis. E, depois de se tornarem leis, logo viram em arapucas para as consciências. E, então, a doutrina pura é obscurecida e soterrada, especialmente, se os que sucedem aos que as estabeleceram não tiverem fogo, nem instrução, brigando mais pelas formas de culto do que pela mortificação da carne…até cada um seguir sua própria opinião.

Em síntese: o desprezo da Palavra da nossa parte e a blasfêmia dos nossos oponentes me parecem preanunciar o tempo que João Batista profetizou aos seus ouvintes: O machado já está posto à raiz das árvores (Mt 3.10). Como isto indica para o fim iminente, ao menos, o fim deste tempo “feliz”, não me parece necessário, ficar preocupado demais em introduzir e sintonizar formas de culto para estabelecê-las como lei eternamente válida.

Uma coisa, porém, deve ser feita para a Palavra ser ensinada pura e ricamente: que sejam ordenados servos da Palavra instruídos e adequados que, antes de tudo, se empenham em ser um coração e uma alma no Senhor (At 4.32). Neste consenso sucede com facilidade, que formas de culto sintonizem ou sejam toleradas. Sem ele a briga pelas formas de culto não terá nem fim, nem limites. Pois os que nos sucederem se revoltarão contra a autoridade que nós fizemos valer. Assim a carne lutará contra a carne, como é característico para a natureza corrompida.

Por isto não posso aconselhar que em cada lugar haja uniformidade nas formas de culto. Onde as formas de culto evidentemente abusivas e tolas foram eliminadas, deve-se tolerar a diversidade, de modo que, se em algum lugar algumas deixaram de ser praticadas, elas não venham a ser reintroduzidas; e, se elas permaneceram, não sejam abolidas por imposição.

O mesmo se dá quanto à questão da disposição costumeira dos altares, também da vestimenta santa, respectivamente, cotidiana dos pregadores e coisas semelhantes. Pois quando o coração e a alma são um no Senhor, suporta-se com facilidade a falta de forma do outro neste assunto. Acrescente-se a isto: quando não há empenho pela unidade no coração e na alma, aquela unidade exterior tem pouco efeito e não durará muito entre os sucessores.

Pois cultos estão sujeitos a lugar e tempo; e pessoas, a circunstâncias. Mas o Reino de Deus não consiste neles, pois são mutáveis por natureza. Seja quais forem as formas de culto que vierem a existir, deve-se evitar que elas sejam transformadas em leis compulsórias. Por isto me parece desejável que como um professor ou um pai de família, quando lhes parecer que a ordem foi abandonada, corrigem equívocos segundo a lei divina sem leis, mas com supervisão na escola ou em casa e também na igreja se lidere mais por supervisão presente do que por leis impostas. Pois onde falta a supervisão do pai, também faltará ordem na família. É o que dizem os provérbios: “O olho do patrão engorda a boiada” e “As pegadas do patrão adubam a lavoura”. Por isto toda questão consiste, como Cristo diz (Lc 12.42), em pessoas sábias e fiéis. Sem atrair tais pessoas para a liderança da igreja, tentar-se-á em vão dirigi-la por meio de leis.

E qual seria a necessidade de uniformizar tudo, se no papado reinou tão grande diversidade em todas as áreas? Que diferenças enormes sempre houve entre a igreja grega e a latina!

Por isto insistimos no estabelecimento de escolas e principalmente na pureza e sintonia da doutrina que une coração e alma no Senhor. Mas são poucos que se empenham por isto. Muitos são apenas ventres que buscam pastagem para se alimentarem a si mesmos. Por isto tive, mais de uma vez, a ideia de reduzir o número de pastores (nos povoados) e colocar no seu lugar um único instruído e fiel que algumas vezes por ano visita os lugarejos com pregação pura e supervisão dedicada, enquanto que, no entremeio, o povo vai à igreja matriz para receber os sacramentos, respectivamente estes seriam levados aos enfermos por diáconos.

Assim o assunto e o tempo ensinarão muita coisa que não poderá ser antecipada por lei e que não poderá ser previsto com antecedência.

Sua Alteza tem com isto uma breve síntese do que eu penso. O Senhor, porém, dirija sua Alteza pelo seu Espírito Santo,“sem cujo poder não há nada no ser humano e tudo lhe é nocivo”, no caminho da salvação e da paz para o louvor e a honra de Deus. Amém.

Submisso à sua Alteza

Martinus Luther, Doutor


Dica do Jean Regina





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