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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

14 de dezembro de 2013

Eu, princesa? Não… Maria Madalena – Uma reflexão sobre o Dia Internacional das Mulheres – #PostDoLeitor Especial, por Manuela Weber Maron


madalena
Maria Madalena na visão do pintor italiano do século 19 Francesco Hayez
Eu nunca gostei muito do dia internacional da mulher, assim como sempre detestei ir pegar o buquê em festas de casamento. Acho que não gosto muito do dia da mulher porque, assim como em outras datas (natal, páscoa, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, dia dos namorados…), o dia da mulher também foi banalizado. É o dia de ganhar rosas na Rua XV (pelo menos aqui em Curitiba), e de comprar calcinha mais barata na Marisa.
É o dia em que muitos estereótipos vêm à tona, como a vergonhosa propaganda feita pela prefeitura de Porto Alegre (que já foi retirada de circulação, mas ainda sem uma retratação), com frases que demonstram, por si só, o lugar que ainda se pretende destinar a nós mulheres, apesar de tantas transformações e de tantas lutas por nós travadas, todos os dias.
A origem do Dia Internacional da Mulher vem das péssimas condições de trabalho oferecidas às mulheres nas fábricas durante a Revolução Industrial (ainda inferiores às condições de trabalho dos homens), que fizeram surgir os primeiros protestos nos EUA e Europa. O grande marco destas condições degradantes de trabalho foi um incêndio em uma fábrica de tecidos em Nova Iorque no início do século passado, que matou 146 pessoas, na sua maioria mulheres. Este revoltante evento acabou sendo associado ao dia internacional da mulher. Mas a data do Dia Internacional da Mulher só foi oficializada pela ONU em 1977.
Então não, não é o dia de fazer promoção de calcinha nem de ganhar flor na Rua XV. Não é dia de nos homenagear oferecendo curso de maquiagem ou de customização de colar pra crachás (como ocorreu no MPDFT). Não é dia de reforçar estereótipos ou de nos infantilizar. É um dia de luta, pelo fim da violência contra a mulher e pela garantia de direitos iguais, em todo o mundo.
E, no universo “gospel”, enquanto vejo ministérios como o da pastora Sarah Sheeva e suas princesas, ou Ana Paula Valadão tentando nos ensinar o que seria se vestir de maneira agradável a Deus e como ser uma boa esposa, fiquei me perguntando o que de relevante a igreja tem feito no sentido de reduzir as desigualdades, a opressão e a violência contra a mulher. Posso talvez ser injusta ao dizer que vejo muito pouco de positivo na atuação dos cristãos e da igreja na luta ao lado das mulheres. Mas não foi este o exemplo dado por Cristo…
O evangelho nos revela um Jesus que tem um olhar especial para todo aquele que está em situação de exclusão e opressão, inclusive as mulheres, que naquela época eram ainda mais desconsideradas e hostilizadas. Durante seu ministério, ficou sempre muito clara a opção de Jesus pela defesa dos oprimidos, pelo fim da injustiça e pelo amor como a arma central em sua revolução.
Jesus caminhou com muitas mulheres durante seu ministério, escandalizando a muitos e quebrando paradigmas. A mulher hemorrágica, a mulher divorciada samaritana, a mulher cananeia, a mulher flagrada em adultério, a viúva pobre, Maria e Marta, Maria Madalena, sua mãe Maria… Todas elas tinham em Jesus um aliado, alguém que sempre se colocava em seu lugar, desafiando quem insistia em negar-lhes dignidade.
Uma das passagens bíblicas mais utilizadas, dentro e fora da igreja, em diversos contextos, é a que Jesus impede um apedrejamento de uma mulher adúltera, usando a famosa frase “se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela” (João 8:7). Uma atitude de Cristo que nos chama à compaixão, e a nos colocarmos ao lado de quem está completamente vulnerável e exposto à violência e opressão. Do mesmo modo, a mulher que invadiu um jantar em que Jesus estava para lavar e perfumar seus pés passou por cima da hostilidade para estar perto dele. Mas Jesus se colocou do seu lado, e falou contra os homens que a rejeitavam e que debochavam dela.
Nos nossos dias, a situação da mulher não deixou de ser indignante. Segundo o IBGE, a cada ano, mais de um milhão de mulheres são vítimas de violência doméstica no País. A cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil. Para um terço das vítimas, as agressões começam por volta dos 19 anos. A violência doméstica é a principal causa de morte e invalidez de mulheres na faixa dos 16 aos 44 anos. 10 mulheres morrem a cada dia em razão da violência no Brasil. De cada 100 brasileiras, 25 foram vítimas de violência doméstica. 70% dos seus agressores são seus maridos, companheiros ou ex-companheiros.
Diante destes dados, o que temos feito, como cristãos, pela garantia de direitos iguais e na luta pelo fim da violência contra a mulher? Sinto muito, mas criar ministérios de “princesas”, ou ensinar as mulheres a serem boas esposas não se parece em nada com o que Jesus fazia durante seu ministério.
O chamado de Cristo exige que não sejamos alienados aos sofrimentos e injustiças porque passam milhões de mulheres, todos os dias, pelo mundo inteiro, mas que tomemos posição firme e atuante na luta ao lado de todo aquele que é injustiçado e oprimido.
“O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo?
Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?
Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda.
Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou. “Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar;se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia.” 
(Isaías 58:6-10)


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