Não se fazem mais hereges como antigamente. Pode parecer um absurdo o que vou dizer agora, mas é a mais pura e cândida verdade: os hereges de hoje não têm mais a mesma hombridade que tinham os velhos arqui-inimigos da ortodoxia cristã. O mais engraçado é que não estou dizendo nenhuma novidade. No início do século XX, G. K. Chesterton já ironizava a picaretagem dessa figura surtada e carismática do neo-herege. Se não me falhe a memória, esse admirável inglês fanfarrão certa vez disse algo mais ou menos assim:
No passado, o herege se orgulhava de não ser herege. Ou seja, ele odiava ser taxado de herege. Na verdade, gabava-se de ser um ortodoxo legítimo, pois tinha a convicção de estar certo em sua compreensão doutrinária. Nenhuma tortura, por mais cruenta que fosse, poderia fazê-lo admitir que era um herege. Mas infelizmente um novo mundo surgiu, e com ele veio o neo-herege: uma personagem excêntrica, que vive dizendo, com distribuição aleatória de sorrisos, “Sou o herege da vez!”, e, é claro, sempre correndo os olhos à procura dos aplausos e bajulações. Assim, nessa atual conjuntura, a palavra “heresia” não somente significa estar provavelmente certo como praticamente agrega os qualificativos de lucidez e coragem a essa figura um tanto curiosa do neo-herege. Por incrível que pareça, nesse novo contexto, a palavra “ortodoxia” não só deixa de significar “estar certo”, mas denota justamente o contrário: os ortodoxos estão sempre errados.
Pois é, pessoal, não se fazem mais hereges como Berengário de Tours, Pedro de Bruis, Pedro Abelardo, Arnaldo de Brescia, Pedro Valdo e outros tantos “digníssimos” hereges do medievo escolástico. Talvez seja esse o motivo que explica a saudade que sinto dos hereges do século XI e XII, quando leio os hereges de hoje, sabe?! Tá certo que é uma saudade um tanto mórbida, concedo, mas você há de convir comigo que é de certa forma uma saudade justificável, principalmente, quando vemos os neo-hereges defendendo o ateísmo de forma “capital” e, ao mesmo tempo, se autoafirmando como pastores.
Pastores hereges. Que contradição dos termos, meu Deus! O pior é que, como não bastasse o ateísmo pastoral, ainda temos de ouvir que “a decadência do protestantismo na Europa, na verdade, é a realização do próprio protestantismo, i.e., a consumação do ideal protestante é o esvaziamento de suas próprias igrejas”. É o fim da picada! Ou seja, o objetivo do protestantismo é tornar os cristãos cidadãos cada vez mais cidadãos, menos preocupados com a ortodoxia cristã e cada vez mais preocupados com a questão dos direitos humanos, da dignidade humana e do meio ambiente (como se essas coisas fossem antitéticas!). E o pior, meus caros, é que o marco final dessa pseudoevolução protestante atinge o clímax com a pretensa alforria dos cristãos, i.e., a “desigrejação” dos que são oprimidos pelo Deus títere e infantilizador da ortodoxia protestante.
Quanta péssima heresia, Senhor! Perdoe-os, ó Pai santo, porque já não sabem mais fazer heresias como antigamente!
Fonte: Blog do Jonas
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