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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

17 de julho de 2013

A impecabilidade de Cristo



Escrito por Ronald E. Watterson
10/08/2007

Um estudo sobre uma das doutrinas fundamentais da fé cristã, enfatizando que Cristo
nunca pecou porque Ele não pode pecar!


Uma certa noite, há mais de 2000 anos, um Menino nasceu em Belém. Séculos antes de
Seu nascimento, Deus havia revelado ao Seu povo algumas coisas acerca deste Menino
que seria o alvo das promessas e profecias que Deus daria. Foi a respeito dEle que Isaías
escreveu: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz
" (9:6). É importante notar dois verbos que Deus usou
neste versículo acerca deste recém-nascido:


       ·  nasceu —observe bem a precisão com que Deus escolheu as palavras para darnos
esta profecia. Ele usou o verbo "nascer" quando falou do Menino. Deus quer
destacar que aquele Menino era verdadeiramente humano. Ele nasceu como
qualquer outro nasce. Foi um nascimento normal.
      ·  deu — mas quando Ele falou do Filho (que é o mesmo Menino), Ele usou o
verbo "dar". Se o Seu nascimento foi normal, Sua concepção foi singular. Todo
ser humano existe antes do seu nascimento — isto é, desde o momento da sua
concepção. É neste ponto que o Senhor Jesus é singular. Ele existiu antes de ser
concebido. "De ti sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Mq 5:2). Outra vez a Escritura diz:

"… não tendo princípio de dias nem fim de vida" (Hb 7:3). Neste contexto o
Filho não nasceu; Ele foi dado. Ele não veio da mulher; veio do céu. Quanto à
Sua humanidade Ele nasceu da virgem, sendo um Homem perfeito, pois não
herdou a natureza humana que todos recebem, visto que não foi concebido por
José.


Não O conheceram

Não era o filho de José que nasceu, mas o Filho de Deus que foi dado. Foi o
nascimento de um Menino, o Homem Jesus, o Nazareno. No mesmo ato vemos um
Filho dado, pois aquele Menino que nasceu foi o Filho de Deus que nunca teve
princípio de dias. "Grande é o mistério da piedade; Deus Se manifestou em carne" (I Tm
3:16). "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1:14).

Muitos não O reconheciam como Deus durante os poucos anos que Ele ficou neste

mundo, mas Deus declarou desde os céus: "Este é o Meu Filho amado" (Mt 3:17). E hoje
não é diferente. Muitos negam a Sua divindade; muitos outros professam aceitá-lO 
como Deus mas, enquanto concordam que Ele nunca cometeu pecado, negam-nO
dizendo que Ele poderia ter cometido pecado. Ainda outros deixam a questão de lado
achando que não tem importância; sendo que Ele não pecou, dizem que a pergunta
torna-se irrelevante.

Fazendo uso da palavra "impecabilidade", não estamos dizendo apenas que Cristo nunca
cometeu pecado. Quanto a isto, a Bíblia é muito clara. Em I Pedro lemos: "O Qual não
cometeu pecado" (2:22). Todo cristão sabe disto e crê, sem reservas, que seu Salvador
nunca pecou. Mas não é isto que estamos dizendo agora. Estamos indo mais longe.
Estamos dizendo que Cristo não era capaz de pecar; era-Lhe impossível pecar. Assim
como "Deus … não pode mentir" (Tt 1:2), assim Cristo não pode pecar. Em Hebreus
lemos que "é impossível que Deus minta" (6:18), e da mesma forma afirmamos que é
impossível que Cristo peque.

A importância da impecabilidade de Cristo

Para nós a questão não é irrelevante. Para nós é importante— importantíssima. Se Ele
nunca pecou, porém poderia ter cometido pecado, nós não temos salvação. Tudo quanto
temos ou esperamos ter, depende da impecabilidade de Cristo.

Se Ele pudesse ter cometido pecado não teríamos a salvação, porque um homem sujeito
a pecar seria exatamente igual a Adão quando foi criado. E nenhum descendente de
Adão, por mais rico, poderoso e piedoso que seja, pode remir uma só alma. A Palavra
de Deus diz: "Aqueles que confiam na sua fazenda e se gloriam na multidão das suas
riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão ou dar a Deus o resgate
dele". O Redentor não pode ser um mero homem igual a nós, nem mesmo um homem
que nunca cometeu pecado.

É importante também porque se Ele pudesse ter cometido pecado quando andava aqui,
Ele poderia pecar ainda hoje, ou amanhã, e conseqüentemente não podemos ter
segurança alguma. Mas Ele permanece sempre o mesmo (Hb 13:8). Ele é imutável. Um
Salvador e Sacerdote, no céu, que ainda poderia pecar, não seria digno da nossa fé.

A natureza do Senhor Jesus Cristo

A grande diferença entre o Senhor Jesus e qualquer outro homem está na Sua natureza.
O Senhor Jesus não é um mero homem igual a nós. A nossa natureza é pecaminosa e é
atraída pelo pecado, mas o Senhor disse: "… porque se aproxima o príncipe deste
mundo, e nada tem em Mim" (Jo 14:30). Com estas palavras o Senhor Jesus está
declarando a Sua impecabilidade. Ele tinha uma natureza humana que nada tinha em
comum com o pecado, nada poderia despertar nEle o desejo de pecar. Eva ainda não
tinha cometido pecado quando a serpente chegou, mas ela tinha uma natureza que
poderia pecar, e quando Satanás tentou Eva, ele encontrou algo que sentiu-se atraído
pelas suas palavras. Mas o Senhor Jesus é diferente. Satanás se aproximou dEle, mas
nada encontrou no Senhor Jesus. Ele não podia pecar.

O Espírito confirma isto quando diz: "nEle não há pecado" (I Jo 3:5). Note bem estas
palavras. Ele não disse que não havia pecados (plural— os atos) nEle, mas sim, pecado.
A raiz que produz os frutos não estava nEle, e por isto Ele não cometeu atos de pecado:
era-Lhe impossível pecar.

O Senhor Jesus possuía duas naturezas:

       · A Sua eterna natureza divina pura e impecável;
       · A Sua natureza humana adquirida na Sua encarnação.

Nas Escrituras Sagradas não aparece nenhuma indicação de que houve um único
conflito entre as duas naturezas do Senhor Jesus; antes, sempre vemos a mais profunda
harmonia. Esta harmonia prova que Sua natureza humana era tão pura e impecável
quanto a Sua natureza divina.

As três naturezas humanas

Notemos, no Novo Testamento, que há três tipos de natureza humana:

     · A natureza humana de Adão quando Deus o criou. Era uma natureza perfeita,
porém capaz de pecar. O fato que Adão pecou é prova irrefutável disto.
    · A natureza humana caída que Adão possuía a partir do momento da sua queda.
Todos nós temos esta natureza. Veja a confirmação desta verdade nas Escrituras:
"Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl
51:5). "E éramos por natureza filhos da ira, como os outros também" (Ef 2:3).
Mas o Senhor Jesus nunca teve esta natureza caída.
    · A natureza humana perfeita e incapaz de pecar. Só o Senhor Jesus tem esta
natureza agora: os salvos a terão ao serem transformados, na Sua vinda (I Jo 3:2.
I Co 15:51)

Objeções

Aqueles que não aceitam a impecabilidade de Cristo, apresentam as suas razões. Vamos
examinar duas que são citadas frequentemente.

Nosso Substituto

Alguns dos seus argumentos parecem apoiar-se mais no raciocínio humano do que nas
Escrituras, mas I Coríntios 15 é um capítulo onde alguns buscam apoio. Eles afirmam
que este capítulo ensina que o Senhor Jesus veio como nosso substituto, e portanto, teria
de ser igual a nós.

Este capítulo, porém, não fala de Cristo como nosso substituto, mas como Cabeça e
Senhor. Além disto, este capítulo não está mostrando semelhanças entre o Senhor Jesus
Cristo e a humanidade. Está mostrando que Adão foi feito alma vivente mas Cristo,
espírito vivificante. Adão foi natural; Cristo, espiritual. Adão foi da Terra, mas o
Senhor Jesus desceu do Céu (I Co 15:45-47). Esta Escritura não diz que Ele é como
nós, mas sim que nós seremos como Ele, mediante a grande transformação que
acontecerá na vinda do Senhor. Portanto, o argumento é sem base, pois I Coríntios 15
não ensina que Ele foi feito como nós, e sim que nós seremos feitos como Ele é.

Tentação irreal

Uma segunda objeção diz que a tentação não seria real se Cristo não pode pecar. Para
que tentá-lO então? Seria uma farsa. Mas a tentação não foi uma farsa. Foi real e válida.
É essencial que entendamos a natureza e o propósito daquela tentação. Não foi Satanás
que planejou aquele ataque, ou marcou o encontro no deserto. Foi Deus. O Senhor Jesus
foi impelido pelo Espírito Santo para ser tentado. Não foi simplesmente mais uma
tentativa de Satanás de derrotar o Senhor Jesus; foi um desafio lançado por Deus que
havia dito dos céus: "Este é Meu o Filho Amado" (Mt 3:17). Veja como nesta passagem
em Mateus, o cap. 3 termina com a declaração de Deus: "Este é o Meu Filho amado, em
Quem Me comprazo" e o cap. 4 começa dizendo: "Então foi conduzido Jesus …" É uma
declaração irrefutável da impecabilidade do Senhor Jesus. É como se Deus dissesse.
Este é Meu Filho Amado; podem examiná-lO. Vejam se acham alguma imperfeição
nEle. Podem tentar. Ele não vai pecar, porque é impossível que Ele peque. Esta
passagem é mais do que uma tentação por Satanás. É uma demonstração clara e
irrefutável da impecabilidade do Senhor Jesus Cristo.

O Que Dizem as Escrituras

Veja as seguintes Escrituras:

João 14:30

Nada melhor do que começar com as palavras do próprio Senhor Jesus Cristo. "...porque se aproxima o
príncipe deste mundo, e nada tem em Mim" (Jo 14:30). Quando Satanás
veio tentar Eva seu trabalho foi fácil, pois em Adão e Eva havia uma natureza capaz de
pecar, como já mostramos. Mas quando ele se aproximou para tentar o Senhor Jesus,
não havia nada na natureza do Senhor Jesus que pudesse ser atraído pelo pecado. "Deus
não pode ser tentado pelo mal" (Tg 1:13). Lendo este versículo no seu contexto (Tg
1:13,14), fica ainda mais claro e forte. O v. 14 diz: "Mas cada um é tentado, quando
atraído e engodado pela sua própria concupiscência". Nós somos atraídos ao pecado
pela natureza que está em nós. Deus nunca foi atraído ao pecado, nem pode ser. É
impossível. O Senhor Jesus nunca poderia ser atraído ao pecado; nem um pensamento
mau passou pela Sua mente. Cristo é impecável.

João 8:46

Nesta ocasião o Senhor estava cercado de inimigos. Os judeus estavam enraivecidos e
queriam matá-lO. Foi diante de tanta rebeldia e dureza de coração, que o Senhor disse
que eram filhos do diabo (8:44). Foi neste ambiente hostil que o Senhor lançou o
desafio: "Quem dentre vós Me convence de pecado?" Eles eram mentirosos e sem
escrúpulos (vs. 44-46), mas mesmo assim ninguém podia apontar um só pecado. Veja
um ambiente semelhante nos julgamentos que precederam a crucificação. O Espírito nos
conta que "os príncipes dos sacerdotes … buscavam falso testemunho contra Jesus, para
poderem dar-lhe a morte. E não o achavam" (Mt 26:59-60). Diante da incoerência das
testemunhas, o Governador declarou mais que uma vez: "Não achou nEle crime algum".
Como devemos dar graças a Deus por esta gloriosa revelação. Nem os homens, nem os
governadores, nem mesmo Satanás conseguiram achar pecado nEle. O nosso Amado é
impecável.

II Coríntios 5:21

Este versículo diz que Ele não conheceu pecado. Isto não indica um estado de
ignorância, uma falta de conhecimento que ignorava a existência ou a natureza do
pecado. Significa que Ele não conheceu o pecado experimentalmente, e Deus confirma
isto através de Pedro quando ele escreveu: "Não cometeu pecado" (I Pe 2:22). Aquele
que nunca conheceu pecado foi o sacrifício pelos nossos pecados. Jamais podemos
imaginar os sofrimentos espirituais que Ele sofreu quando Deus fez cair sobre Ele a
iniqüidade de nós todos (Is 53:6). Este versículo mostra a pureza inerente dAquele que
foi oferecido pelos nossos pecados, e é blasfêmia dizer, como alguns que não entendem
esta passagem dizem, que Cristo foi feito o maior dos pecadores. Se Ele fosse pecador,
Ele nunca seria aceito em sacrifício por nós, e estaríamos todos condenados
eternamente!

I João 3:5

Mas a Escritura vai mais longe, e afirma que "nEle não há pecado". Eis a razão porque
não cometeu pecado. Em I Pedro vemos o que qualquer um pode ver —o exterior—
"Ele não cometeu pecado". Em I João vemos o interior —aquilo que somente Deus
pode ver —"nEle não há pecado". Note bem que João não escreveu simplesmente que
não há pecados (plural) nEle. Ele não está pensando em atos ou pensamentos
pecaminosos, mas em pecado (singular), a raiz que produz os pecados. Sem a raiz, não
haverá o fruto. É mais uma afirmação da Palavra de Deus confirmando a impecabilidade
de Cristo. Ele não tinha uma natureza pecaminosa, e portanto, nenhuma impureza
entrou na Sua mente, nem saiu da Sua boca, nem contaminou as Suas ações.

Hebreus 7:26

Neste versículo o Senhor Jesus e chamado "santo", e ainda no mesmo versículo é dito
que Ele é separado dos pecadores. Ele não foi separado deles fisicamente, pois os
líderes religiosos O descreveram como amigo de pecadores e publicanos, e disseram
dEle: "Este recebe pecadores e come com eles". Mas Deus declara que Ele foi separado
dos pecadores, obviamente falando da Sua natureza. Eles eram pecadores e estavam
oprimidos pelo pecado, mas Nele não há pecado. Isto confirma a Sua impecabilidade.

Lucas 1:35

Mesmo no Seu nascimento Ele não foi contaminado com o pecado humano. Quando o
anjo estava descrevendo como seria o Seu nascimento, ele disse: "… o Santo que de ti
há de nascer, será chamado Filho de Deus". Nem tão pouco poderia a morte contaminálO,
pois está escrito: "Nem permitirás que o Teu Santo veja a corrupção" (At 2:27).
Nem mesmo a vida neste mundo nem o Seu contato com pecadores como Pilatos e
Herodes, no Seu julgamento, nem com os malfeitores entre os quais Ele foi crucificado
— nada pode contaminá-lO; mas Ele foi feito maldição por nós (Gl 3:13). Outro fato
bem conhecido deve ser lembrado: o Senhor Jesus é imutável (Hb 13:8). Está escrito:
"Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente". Ele nunca vai mudar. Se Ele é
imutável então Ele continuará sendo impecável. A Sua imutabilidade garante a Sua
impecabilidade.

Conclusão

No Senhor Jesus existem duas naturezas. A natureza divina sempre existiu nEle. Ao
encarnar-se, porém, Ele se fez homem— um homem perfeito possuindo, a partir de
então, uma natureza humana perfeita e incapaz de pecar. Nunca houve um conflito entre
estas duas naturezas. Existem lado a lado, numa só Pessoa, pois ambas as naturezas são
perfeitas e impecáveis.

Finalmente, temos muito motivo para agradecer e servir ao nosso Senhor — Deus
manifesto em carne — pois Ele, subsistindo em forma de Deus, foi achado em forma de
Servo. E sendo achado em forma de homem— sem contudo deixar de ser o que sempre
foi, Deus — humilhou-se ainda mais, sendo obediente (o Servo perfeito) até a morte de
cruz. Mas Deus O exaltou, e O glorificou, e um dia Ele virá buscar os Seus. Ele foi feito
semelhante a nós em tudo exceto no pecado. Nunca houve nEle o desejo de pecar, e
quando Ele vier, nós seremos transformados, arrebatados, para estarmos eternamente
com o Senhor. "E seremos como Ele, pois havemos de vê-lO como é". Naquele dia a
nossa salvação estará completa — seremos como Ele, impecáveis, aprofundando-nos
nas glorias e perfeições do Cristo impecável, e O conheceremos e O serviremos como
nunca fizemos aqui na Terra.

Então Ele cantará com alegria: "Eis-me aqui a Mim, e aos filhos que Deus Me deu" (Hb
2:13).


R. E. Watterson

Artigo publicado na Revista "O Caminho" e disponibilizado no site da Editora Sã Doutrina, uma empresa sem fins lucrativos dedicada à publicação de literatura sobre a Bíblia, com ênfase especial nos assuntos concernentes às igrejas neotestamentárias.

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