Atualmente em território brasileiro vivem cerca de 460 mil índios que ainda residem em suas aldeias, o equivalente a 0,25% da população brasileira, afirmam dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Muitas discussões podem ser travadas quando o assunto é a evangelização do índio. Alguns órgãos e indigenistas entendem que a pregação do cristianismo faz com que as culturas sejam danificadas. "As missões não têm como finalidade levar saúde e educação aos índios. O que querem é 'salvar almas'. Terminam fazendo trabalhos pontuais nessas áreas como moeda de troca", acusa o indigenista Izanoel Sodré, coordenador regional da Amazônia Ocidental, em entrevista ao Correio Braziliense (02/12/2005) . Já o pastor indígena Jayson de Souza Morais não concorda com opiniões semelhantes a essa. Conhecido como Pr. Tato, é membro da etnia Caiuá e atua como presidente da Igreja Indígena, além de dirigir o Instituto Bíblico para Indígenas e o Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI). Em entrevista exclusiva ao Guia-me, o Pr. Tato fala sobre a atual situação da Igreja Indígena e enumera suas peculiaridades e desafios. Guia-me: Como o senhor avalia a Igreja indígena hoje no Brasil? Pr. Tato: Podemos ver as bênçãos de Deus alcançando os povos indígenas e junto vemos também os desafios. Temos cerca de 100 etnias sem a presença de missionários, precisando do evangelho, e esses são os desafios que eu sinto como indígena. A gente percebe que a igreja brasileira tem deixado de lado os povos indígenas, tem olhado para fora, e esqueceu-se de olhar para a própria casa, que é o Brasil. Guia-me: Como está a luta contra o assassinato de crianças nas aldeias ? Pr. Tato: O infanticídio continua acontecendo hoje. Em diversas etnias as crianças continuam sendo mortas, e muitas pessoas defendem que isso deve continuar como uma prática cultural aceitável. Na minha aldeia isso acabou, entre os Caiuás, quando o Evangelho chegou entre nós. É isso que tentamos levar as outras etnias, porque só o Evangelho vai poder libertar. Estamos tentando junto ao Governo Federal uma lei que chama Moadi, para que seja proibido o infanticídio nas aldeias. Mas enfrentamos uma grande barreira de antropólogos, FUNAI, indigenistas, que lutam contra, não permitindo que essa lei saia do papel. É insano crianças morrerem e a gente achar que isso é cultural. Guia-me: Como evangelizar indígenas sem provocar um grande choque cultural, proveniente, por exemplo, da proibição de manifestações dos costumes indígenas? Pr. Tato: Alguns missionários, por despreparo e não conhecerem a cultura, começaram a proibir muita coisa, nossas danças, instrumentos. Vou até exemplificar, esse instrumento chama-se "Mimbu" (segurando), ele era usado para invocação de espíritos, mas hoje usamos para a invocação do nome do Senhor, do Espírito Santo. Não precisamos abandonar tudo que nós temos, mas direcionar à pessoa certa, aquele que nos salvou, que é o Senhor Deus, o criador de todas as coisas. É ele que louvamos, adoramos. Fazemos isso aqui (tocando) como uma oração e tenho certeza que Deus ouve de maneira muito especial, porque é de todo nosso coração. Guia-me: Quais são as principais necessidades da Igreja Indígena? Pr. Tato: Nós precisamos de apoio aos missionários que já estão trabalhando nos campos. Eu dirijo um instituto bíblico que prepara obreiros indígenas para que eles voltem para suas aldeias, e isso facilita o trabalho porque não há a barreira da língua, da cultura. Precisamos de ajuda no sentido de sustentar esses missionários que são enviados às aldeias e também precisamos de doações para o centro de recuperação de crianças desnutridas: alimentos, fralda descartável, leite. Qualquer ajuda será muito bem-vinda, será usada para a glória do Senhor em favor dos povos indígenas. Guia-me: Quais as principais diferenças da forma de adoração e momentos de louvor de vocês (índios) em relação a uma grande parcela das igrejas evangélicas no Brasil? Pr. Tato: A maneira pela qual nós adoramos e louvamos a Deus é diferente da maneira que vocês fazem. Nós priorizamos na aldeia tudo em nossa língua. temos o trabalho de tradução da bíblia, existe um missionário Caiuá trabalhando nessa tradução e, se Deus quiser, em 2011 teremos nossa bíblia. Esse é um outro desafio. De 213 etnias, apenas quatro possuem a Bíblia em sua língua. Nos momentos de louvor, algumas músicas são as que aprendemos com os missionários e traduzimos para a nossa língua, e outras criamos a partir do nosso contexto, da nossa vida, da nossa maneira de ser. Guia-me: O senhor acredita que a etnia Caiuá traga alguma manifestação cultural semelhante as histórias bíblicas? Pr. Tato: Nosso mito Caiuá, como aprendemos que o mundo foi formado, é muito semelhante a história de Adão e Eva e da criação. Ele só precisou ser ajustado depois que nós conhecemos o evangelho. Deus trabalha no meio das culturas e no fim de tudo há uma sede e um vestígio que aponta para um Deus único e verdadeiro. Foto de Getúlio Camargo |
29 de setembro de 2009
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