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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

24 de setembro de 2009

ESTUDOS EM HERMENÊUTICA BÍBLICA

Ou, Leis Básicas de Interpretação da Bíblia
Pr. Davis W. Huckabee

Com isso queremos dizer que a Bíblia foi escrita durante um longo período de tempo, e só no final do primeiro século da era cristã o cânon das Escrituras estava completo e concluído. E foi muitas vezes o caso que declarações inspiradas posteriores suplementaram e interpretaram as primeiras declarações. As palavras de B. H. Carroll são relevantes aqui:
"O processo de desenvolvimento da Bíblia ocorreu em dois aspectos: (1) Parte desse processo é que durante pelo menos 1.600 anos foram acrescentando documentos após documentos. Daí, os simples ou principais tipos de palavras aparecerão nos documentos mais antigos; os tipos de palavras mais expandidos e secretos poderão vir à tona só mais tarde. (2) Outra parte desse processo é que houve acréscimo de fato para fato, e verdade para verdade, mediante o qual doutrinas que no começo só tinham um broto no fim se expandiram até amadurecerem em flor. Em seu início a Bíblia escolhe e aponta para a raiz completamente suficiente da qual todas as doutrinas brotam. A raiz é Deus. Nele são inerentes todas as virtudes que podem criar e sustentar um mundo. Portanto, conhecendo a ele, a criatura inteligente conhecerá as doutrinas que podem instruí-la e edificá-la. Daí a forma elementar de uma doutrina se achará nas partes mais antigas das Escrituras; a forma mais desenvolvida nos livros posteriores. Isso cria duas regras similares de interpretação. O sentido de uma palavra ou frase num livro posterior das Escrituras não deverá ser transferido para um livro mais antigo, a menos que o contexto exija. A forma de uma doutrina numa parte subseqüente da Bíblia não deve ser aceita como plenamente desenvolvida numa parte precedente sem a sanção do uso e do contexto".An Interpretation of the English Bible (Uma Interpretação da Bíblia em Inglês), Vol. I, p. 31.
Como exemplo dessa lei citamos as declarações dos profetas do Antigo Testamento, as quais hoje são muitas vezes consideradas como declarações que tinham aplicação somente para aquelas pessoas a quem foram imediatamente entregues, e cujos sujeitos eram apenas pessoas e eventos históricos então em existência. Mas as Escrituras do Novo Testamento falam de modo diferente quando mostram que essas declarações eram muitas vezes previsões de coisas futuras. "Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias". (Atos 3:24) De novo, durante muitas centenas de anos poucos homens viram nos Salmos qualquer coisa mais importante do que os relatos de Davi acerca de suas próprias experiências difíceis e aflições, e sua conduta sob essas circunstâncias. Mas o Novo Testamento revela o sentido profético dos Salmos. "Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o teu reino, Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção". (Atos 2:30-31)
O Livro de Hebreus é um excelente exemplo disso também, pois Hebreus é, de fato, um comentário sobre o sistema sacrificial inteiro do Velho Testamento, e não se pode com justiça entender muito do Pentateuco sem uma relação a esse sistema. No Pentateuco, o tipo foi apresentado, enquanto em Hebreus o tipo foi explicado, e o antítipo foi apresentado. Mas não só o livro de Hebreus, mas também todo o Novo Testamento sustenta esse caráter de uma interpretação do Velho Testamento, e acerca do relacionamento dessas duas divisões da Bíblia Sidney Collett observou com justiça que "
"O Novo no Velho está contido,
Enquanto o Velho pelo Novo é esclarecido."
Ou,
"O Novo no Velho é ocultado,
Enquanto o Velho pelo Novo é revelado."
Ou de novo,
"O Novo é encoberto no Velho,
Enquanto o Velho é descoberto pelo Novo".
All About The Bible (Tudo sobre a Bíblia), p. 169.
Mas isso não significa que mais revelações ainda serão dadas, pois é claro para todos os que querem ver, que as Escrituras tem sido agora completadas e trancadas por uns vinte séculos, e ninguém está autorizado a procurar revelações adicionais. É verdade que tem havido novos livros produzidos que afirmavam ser revelações adicionais de Deus, mas sem exceção, todos esses livros mostram sobre a própria face a evidência de que são apenas produções humanas, ou ao menos, que o espírito que inspirou não é de Deus. A qualquer momento em que os homens não estiverem contentes de adorar e servir a Deus de acordo com o que Ele revelou nas Escrituras, Satanás lhes dará uma "bíblia" para satisfazer seus gostos depravados em adoração falsa. Às vezes ele faz isso somente mediante uma falsa interpretação. E então às vezes ele faz isso chegando realmente a trazer à existência um livro tal como Ciência e Saúde, Com Chave para as Escrituras, o Livro de Mórmon e outras tais "bíblias falsas". É triste, mas verdade, que quando os homens amam seu pecado e sua própria vontade a ponto de se recusarem a crer na verdade para serem salvos, então Deus os entrega para si mesmos, e para espíritos enganadores para que eles sejam enganados por mentiras, Romanos 1:21-28; 2 Tessalonicenses 2:10-12. Essa última passagem, embora tenha aplicação principal aos que serão enganados pelo Anticristo " o maior de todos os mentirosos " já se cumpriu porém de modo geral milhões de vezes no passado pelos falsos profetas e falsos pregadores e mestres. Mas Apocalipse 22:18-19 dá um aviso bem solene acerca da alteração da Palavra de Deus: "Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro;  E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro". (Apocalipse 22:18-19)
Alguns homens poderiam debater se isso tem aplicabilidade para qualquer parte da Bíblia que não seja o livro de Apocalipse. Mas antes que comece a argumentar sobre esse assunto, seria melhor ele lembrar de que na base desses próprios versículos, pode estar apostando seu próprio destino eterno ao fazer isso. O Livro de Apocalipse é um resumo e fim bem adequado, não só do Novo Testamento, mas também da Bíblia toda, e não há certamente nada faltando em toda a Bíblia acerca das necessidades espirituais do homem, nem acerca de como as necessidades do homem podem ser supridas. As únicas coisas que o homem poderia de agora em diante desejar que sejam reveladas a ele são coisas que não contribuem em nada realmente importante ou necessário para seu bem-estar ou ser espiritual. Só daria para se desejar revelações adicionais mediante curiosidade sobre coisas escondidas que Deus não achou por bem revelar ao homem.
 
Autor: Davis W. Huckabee


Método Gramático-Histórico
No decorrer da história da hermenêutica, muitos métodos de interpretação foram criados, visando facilitar a compreensão do texto sagrado. Destacando-se entre os demais, temos o método gramático-histórico, que acredito ser o mais eficaz na compreensão da santa palavra. Este método acredita na inerrância da Bíblia e portanto aceita sua historicidade e veracidade, ele procura entender sua mensagem à época e aplicá-la aos nossos dias.
Uma derrocada dos métodos interpretativos é mais do que certo, enquanto outros coadunam com a efemeridade dos seus hagiógrafos. Diante de tentativas interpretativas e boa vontade, as impropriedades teológicas não são poucas.
O método gramático-histórico, cujos pressupostos e procedimentos interpretativos básicos, estão alicerçados num fundamento imutável, preserva a sua contemporaneidade.
O método gramático-histórico é imperativo na tentativa de compreender os dados bíblicos por meio de considerações metodológicas derivadas somente das Escrituras. Este método objetiva extrinsecar o significado correto das Escrituras que Deus planejou comunicar, sendo plenamente compreendido pelo autor humano e seus contemporâneos ou não. Este método é fundamentado em alguns pressupostos necessários.

Pressupostos básicos do método gramático-histórico:

(1) Somente a Bíblia: A autoridade e a unidade das Escrituras são tais que a Escritura é a norma final com respeito ao conteúdo e ao método de interpretação.
(2) A Bíblia é a autoridade suprema e não está sujeita ao princípio da crítica. Os dados bíblicos são aceitos com seu valor de face e não estão sujeitos a uma norma externa para determinar confiabilidade, adequação, inteligibilidade.
(3) Rejeição do princípio da analogia, pois se admite a atividade singular de Deus, descrita na Escritura e no processo de formação da Escritura.
(4) Rejeição do princípio da correlação, pois admitimos a intervenção divina na história como descrita na Escritura.
(5) Unidade da Escritura. Uma vez que os diversos autores foram guiados por um único autor divino, a Escritura pode ser comparada com Escritura para formular doutrina.
(6) Natureza transtemporal da Escritura. Deus fala através do profeta para uma cultura específica, contudo a mensagem transcende os condicionamentos culturais como verdade eterna.
(7) O elemento divino e humano das Escrituras não pode ser separado.

Procedimentos Hermenêuticos Básicos do método gramático-histórico:

(1) Contexto Histórico. Tentativa de compreender o pano de fundo histórico contemporâneo no qual Deus se revelou.
(2) Análise literária. Exame das características literárias do material bíblico em sua forma canônica.
(3) Análise teológica dos livros bíblicos. Um estudo da ênfase teológica de cada hagiógrafo da Bíblia, examinado no contexto mais amplo da unidade de toda a Escritura. Isto permite que a Bíblia seja sua própria intérprete e as várias ênfases teológicas estejam em harmonia umas com as outras.
(4) Análise diacrônica. É a tentativa de traçar o desenvolvimento dos vários temas e motivos cronologicamente através da Bíblia em sua forma canônica.

Tal análise metodológica pressupõe uma noção bíblica da revelação, segundo a qual Deus progressivamente concedeu mais luz às gerações posteriores sem contradizer a revelação anteriormente concedida, tendo Cristo como ápice desta Revelação. O entendimento da revelação, somente poderá ser esclarecido através de um método funcional. Portanto, a escolha do método é fundamental para uma salutar hermenêutica.

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