Claro que blogueiros também ensinam coisas importantes a jornalistas – leia 5 delas.
Mas digamos que jornalistas estão há mais tempo nessa história de propagar informações com mais – ou menos – responsabilidade.
Desnecessário dizer que o entrevero que houve entre blogs e Estadão é algo que se dá entre uma empresa e um grupo de representantes de um veículo de comunicação ainda em ascensão, os blogs.
Logo, isso não é uma batalha entre jornalistas e editores de blog nem entre o lado sombrio e o lado bonzinho da Força.
Os dois tipos de profissionais podem ser amiguinhos e até a mesma pessoa, como é o meu caso.
Portanto, não há por que negar que jornalistas também têm também coisas importantes para ensinar aos editores de blog.
1. Jornalistas apuram os fatos.
O jornalista já está habituado com a idéia de que nem tudo o que dizem pra ele é verdade.
Ao receber uma informação, ele telefona para suas fontes e, principalmente, fala – ou tenta falar – com os envolvidos.
O jornalista – assim como qualquer pessoa que propaga informações falsas – pode ser responsabilizado judicial e eticamente, prejudicando sua reputação diante do público e dos colegas.
O que fazer para melhorar: pergunte antes de atirar. Ao ler um artigo em um blog, pare para pensar se ele é verdadeiro antes de repercuti-lo ou simplesmente reproduzi-lo como um papagaio.
Antes de propagá-lo, descubra se há interesses por trás de determinada idéia. Descubra quem é a fonte mais confiável para você ler ou ouvir sobre o assunto.
Será a diferença entre ser um propagador de informações responsável e um mero fofoqueiro. E pode evitar dores de cabeças futuras.
2. Jornalistas sabem ouvir.
Claro que o jornalista lê jornais antes de escrever suas matérias. Mas, antes de escrevê-las, ele vai ouvir suas fontes. Não basta reproduzir uma informação: é preciso acrescentar algo. De outra forma, os jornais iriam se limitar a mastigar as informações uns dos outros. Em alguns casos, é o que acontece na blogosfera.
O que fazer para melhorar: ouça. Ouvir no caso da internet inclui, além do telefone e outras formas de contato pessoal, o email, o MSN e até diálogos em caixas de comentário. Quanto mais fontes você puder ouvir, mais embasado, confiável e completo seu artigo ficará, cheio de material inédito. Cultive e armazene bem suas fontes: alguns jornalistas morreriam se perdessem seus cadernos de telefone.
3. Jornalistas dizem muito com pouco.
Um jornal – impresso, radiofônico ou na tevê – é limitado pelo tamanho da coluna ou pelo tempo. É preciso saber dizer o essencial em poucas linhas. Jornalistas são craques nisso.
Na internet, sobretudo nos blogs, não há limites de tamanho. Junte a isso a habilidade – benéfica – que os blogueiros têm de ser pessoais e o artigo pode ficar mais longo do que o leitor gostaria.
O que fazer para melhorar: não diga com duas palavras o que você pode dizer com uma. Por exemplo, só use um adjetivo se ele realmente for acrescentar algo ao substantivo.
Treine: tome um texto seu e tente reduzi-lo à metade, aprendendo assim quais foram as palavras inúteis que você certamente usou.
Garanto que você vai se divertir e aprender muito com essa prática.
4. Jornalistas têm paciência.
Antes, o prazo de um dia para a notícia sair na manhã seguinte nas bancas e a deadline no começo da noite, quando a matéria precisava ser entregue, era um tempo muito escasso.
Hoje é um período infinito do ponto de vista de um editor de blog.
Um assunto precisa ser passado à frente ou comentado assim que é lido no blog ou site social de notícias preferido.
O jornalista, porém, tem ou tinha tempo de matutar sobre o assunto e dar a chance para as idéias aparecerem. Uma abordagem inovadora ou uma informação inédita sempre surgia daí.
O que fazer para melhorar: escolha um assunto que você leu. De preferência o que mais lhe agrada e o que mais lhe dá ansiedade para publicar o quanto antes.
E não publique.
Pense um pouquinho sobre ele. Trace uma estratégia de edição. Faça um plano. Trate-o com o carinho que ele merece. Que outras fontes você pode consultar antes de publicá-lo?
Enquanto isso, acompanhe o que os outros blogs estão dizendo. Espere. Deixe a água ferver até secar.
E só então depois de uns dois dias publique o mega-super-artigo com todas as coisas que ninguém disse sobre isso ainda.
E seja o centro das atenções.
Ou, se isso não acontecer, pelo menos tenha a oportunidade inigualável de se orgulhar de um trabalho bem feito.
5. Jornalistas revisam seus textos e dominam a língua portuguesa
Não todos, naturalmente. Mas a maior parte dos jornalistas penam revisando seus textos antes de que eles sigam para a edição e, a seguir, para a diagramação e a impressão.
Acontece que, quando no dia seguinte você lê um texto seu no jornal e há um erro absurdo de português, você sofre. Pois imagina que o leitor o considera estúpido ou coisa assim.
É comum que pessoas tirem todo o crédito de um texto bem elaborado se elas encontram um erro bobo como a flexão do verbo haver para o plural no sentido de existir.
Editores de blog, ainda têm a possibilidade de corrigir seus textos depois de publicados, mas imagine quantas pessoas já o leram antes que isso aconteça.
O que fazer para melhorar: leia, escreva, estude. Não tem outro jeito. Quando acabar de ler, revise seu texto. Releia.
Se você tiver essa possibilidade e não estiver com pressa, peça para outra pessoa – de preferência alfabetizada – ler seu post. É mais fácil encontrar erros em textos que não escrevemos.
eu como jornalista (profissional) e blogueiro (amador) defendo uma única lição do curso de jornalismo:
ResponderExcluirobrigar (ou tentar obrigar, ao menos) o estudante a ler gente que escreve melhor que ele.
para mim, fora a questão da (não) apuração, o maior problema está na péssima qualidade dos textos publicados. salvo, claro, raras e honrosas exceções.
Ótimo post!
ResponderExcluirTentarei agregar todas a minha forma de postar.
Parabéns!!