O mundo ainda está em choque. De novo a contingência mostra sua cara na morte de Michael Jackson . Vale lembrar: contingência significa que os acontecimentos não são sempre necessários.
Quando ocorre alguma coisa sem uma razão que a explique ou justifique. Contingência gera imprevisto; fatos que escapam à engrenagem da causa e do efeito. Um avião cai porque o mundo é contingente, um Astro morre porque o mundo é contingente não porque tenha sido vítima do destino ou de um plano de Deus.
Digo isso porque batemos no peito e incenamos " As crianças são o futuro da nação". se fossem mesmo, investiriamos firmes e transformariamos malabaristas de semaforos em grandes artistas de circo, ou traficantes em grandes administradores de empresa, assim quando a ex-mimistra diz "relaxa e goza" ou "tô me lixando pro povo".
Mostra apenas que estão distante da realidade humana. Não sabem o que é levantar cedo e sair para entregar curriculum, tentar entrar num trem ou metrô lotado, pagar um absurdo no preço do ônibus ou ter que enfrentar seis meses de espera para uma vaga no posto de saúde.
Diz-se no senso comum que as pessoas só morrem quando chega a hora. Caso isso fosse verdadeiro, o destino reuniu em uma aeronave as pessoas que deveriam morrer naquele dia. Isso daria à fatalidade um poder apavorante. Impossível pensar que gente de mais de trinta países entrou no vôo 447 sem saber que obedecia a uma força cega, que determinava aquele como o último dia de suas vidas.
Igualmente, acreditar que Deus estava com raiva de Michael Jackson isso soa esquisito. Cada pessoa, com histórias, projetos, sonhos, foi arrancada da existência para que se cumprisse qual objetivo? Um objetivo macro?
Nas ultimas horas estive em algumas igrejas e o que mais ouvi foi " Irmãos nós somos de deus e não temos que chorar ou amolecer o coração diante da morte de um incrédulo".
Isso foi a gota d'agua. Poxa vida, quem nunca dançou Michael ? Conversei com Danilo Teixeira um amigo que me conheceu visitando o meu blog, morador do Rio de Janeiro e Cristão a quatro anos, disse que participou do clip do Astro e que nesse momento muitas emissoras o procuram para dar entrevistas e depoimentos. Danilo negou todas, porque ? Perguntei !
" Hoje sou convertido ao evangelho, desculpe pela minha fraqueza mas ... eu chorei sim pela morte de Michael, eu estive lá, eu participei, eu o comprimentei. Chorar a dor dos familiares e amigos é sentir na pele, pois enquanto ele estava vivo o que nós evangelicos fizemos para que o grande Astro não entrasse nesse mundo de ilusão ? Talvez você me diga: "mas esse mundo da fama é perdido!". Não é não, assim como lutamos contra as drogas aqui nos morros do Rio, podemos lutar contra ansiedade, depressão, solidão, basta estender as mãos e acolher, e isso não foi feito, choro por não ter conhecido Cristo antes e ter falado do grande amor de Deus para o grande Astro." Danilo Teixeira.
Isto é, para que a humanidade aprendesse ou se arrependesse? Isso faria com que as biografias fossem descartáveis, desprezíveis. O Divino Oleiro, sem precisar se explicar, afogaria tanta gente no Titanic, derrubaria aviões para conduzir a macro história para o fim glorioso? Sim? Mesmo que exista esse deus, eu não o quero.
Também, algumas pessoas aceitam que Deus tem um plano para cada morte individual. Verdade, ele é Deus, tem todo o poder e é capaz de reunir, em um só lugar, quem deveria morrer. Mas também é bom. Então todos os passageiros do vôo 447 foram eleitos para cumprir qual bem? Satisfaz pensar que o bem de ceifar tantas vidas, mesmo sem nenhum sentido do lado de cá, está garantido na eternidade? (Deus sabe o que faz?!?!) Como explicar tal conceito para pais, filhos e parentes desolados? Todos acorrentados à trágica realidade que lhes roubou de seus queridos.
A idéia de que Deus tem um plano para cada morte se esvazia diante dos números. Um avião caiu, um Astro morre, um navio afunda, mas o que dizer dos incontáveis acidentes de todos os dias? O que dizer das balas perdidas que aleijam inicentes? E dos erros médicos ou dos acidentes de trânsito? Recentemente uma senhora de nossa comunidade caiu da laje da casa em construção. Ela fotografava a obra para que a filha ajudasse com as despesas do acabamento. Quebrou a coluna e ficou paraplégica. A última explicação que se poderia dar é que Deus tinha um plano em deixá-la paralítica.
Jesus nunca cogitou o mundo sem contingência. Pelo contrário, não atrelou a queda de uma torre aos desígnios divinos; não disse que a cegueira do homem era consequência causal das ações interiores, dele ou de seus pais; advertiu que os seus discípulos enfrentariam tempestade, aflição e morte.
Contingência é o espaço da liberdade, portanto, da condição humana. Sem contingência nos desumanizaríamos. A consciência do risco de adoecer e da imprevisibilidade da morte súbita é o preço que pagamos por nossa humanidade.
A morte de Michael Jackson mostra a inutilidade de pensar que o exercício correto da religião e a capacidade talentosa mais excelente sejam suficientes para anular a contingência. Nossa vida é imprecisa e efêmera. Portanto, vivamos intensamente. Cada instante pode ser o último - " O diabo vem para matar, roubar e destruir, mas Jesus veio para dar vida e vida em abundancia".
"O mundo jaz do maligno". Cabe a nós fazermos a diferença nesse mundo perdido e ajudar o proximo.
Jeferson
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