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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

15 de março de 2010

O que vale a pena lembrar


Muitas vezes, as coisas não saem do jeito que desejamos que fosse.

O tempo passa, e descobrimos que as pessoas não são bem aquele belo retrato inicial, aquele sorriso feliz, aquele abraço emocionado. Começando por mim...

Vejo-me e já não sou o exemplo moral que pensei que fosse. Já não sou a resposta dos problemas de meu gueto.

O tal velho Adão que imaginei ter dominado está todo de fora, e em algum lugar do cômodo, tenho a certeza que uma gargalhada abafada ri de minha angustia, como se vingasse de minhas antigas vanglórias contra o inferno.

Os amigos se foram, e parece que toda esta solidão sempre esteve com seus braços frios abertos, esperando para seu abraço no dia de minha derradeira derrota.

Repenso minhas tristezas e busco imagens de minhas vitórias que mofam na estante de minha fraca memória. Inevitável não perguntar:

- Vale a pena? - penso eu, em meio a indiferença em qualquer assunto. Toda a luta altruísta, toda as intenções e conquistas... Para quê?

Daí, lembro de que não sou pioneiro nesta cansativa labuta, nesta caótica sucessão de coisas sem sentido.

Imagino a poeirenta e pedregosa ladeira que é riscada por um tronco, melado de suor e sangue do ofegante condenado. Inocente, entre gemidos e lágrimas, com as carnes das costas expostas pelo chicote, ainda enfrentará seis horas desta sexta-feira agonizando nu, entre cravos enferrujados, ridicularizações e muitas dores.

Sozinho, abandonado, traído, escarnecido, insiste em ir até o fim e cumprir seu estranho plano: morrer em lugar daquele que quer viver.

Não há explicações válidas.

Não há ninguém digno que valha tamanho sacrifício.

Sorrio então.

Sou um dos inválidos que aceita esta morte.

Não é por que valho algo que ele se sacrifica. É por que Ele vale.

Aquela gargalhada parece ser engolida, e vejo, pelo canto do olho, o vulto nojento bater em retirada, rabo entre as pernas, ouvindo agora a minha gargalhada.

O telefone toca, alguém pede ajuda.

É alguém que não sabe o que fazer, também esqueceu da cruz, como eu.

Tenho o que dizer e fico feliz por isso.

E mais um dia se põe, e sinto as mãos Dele me acalentarem.

E durmo, como dormem os justos, mesmo sabendo que não sou digno de seu sacrifício, mas tendo um Deus incompreensivelmente amoroso.


Zé Luís, um cristão quase sempre confuso, em raro momento de reflexão registrada no Genizah


Postado por Alan orenegado


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1 comentários:

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