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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

12 de março de 2010

Vaticano cria 'muro de silêncio' sobre abusos, diz ministra alemã

 

Acusações de abusos vêm afetando a reputação da Igreja Católica

A ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, afirmou que as regras de sigilo do Vaticano atuam como um "muro do silêncio" para impedir as investigações sobre abuso sexual em escolas católicas no Estado da Baviera (sudeste alemão).

"Em muitas escolas havia um muro de silêncio que permitia o abuso e a violência. Mesmo os casos mais severos de abuso são sujeitos ao sigilo papal e não devem ser revelados fora da Igreja", disse ela à rádio Deutschelandfunk.

Segundo a ministra, esse sigilo se refere a uma diretriz do Vaticano de 2001 que estabelece que as suspeitas de abuso sexual devem ser investigadas primeiramente dentro da Igreja.

A ministra alemã expressou seu descontentamento com o fato de a diretriz pedir investigações internas e não a convocação de um promotor "o mais cedo possível". Para ela, esse "silêncio" só será quebrado se as suspeitas de abuso forem levadas ao Judiciário em primeira instância.

As declarações de Schnarrenberger foram feitas após surgirem suspeitas de novos casos de abuso físico e sexual no coro da catedral de Regensburg - que foi conduzido pelo irmão de Bento 16, Georg Ratzinger, entre 1964 e 1994 -, na abadia beneditina de Ettal e numa escola capuchinha em Burghausen. Todas essas cidades ficam na Baviera.

Desde o início do ano, a Igreja Católica enfrenta denúncias de abusos sexuais cometidos nas décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas alemãs.

Clique Leia mais na BBC Brasil: Jesuítas pedem perdão por abusos sexuais na Alemanha

'Discussão pública'

Durante a entrevista, a ministra sugeriu que a Igreja participasse de uma discussão pública com líderes políticos e vítimas dos abusos para o pagamento de uma eventual compensação às supostas vítimas.

O bispo Stephan Ackermann negou as afirmações da ministra. Em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allegemeine, as regras da Igreja "insistem no envolvimento de procuradores públicos".

Em abril, Ackermann havia apoiado a sugestão da ministra da Família da Alemanha, Kristina Schroeder, para a realização de uma discussão pública para lidar com o problema de maneira "rápida".

Nesta semana, o papa Bento 16 tem uma reunião marcada com o líder da conferência de bispos da Alemanha na qual o assunto deverá ser discutido.

De acordo com o analista da BBC para assuntos religiosos Christopher Landau, questões inevitavelmente irão surgir sobre se a Igreja Católica já enfrentou toda a amplitude do contínuo escândalo sexual.

Fonte: BBC

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