14 de março de 2012
Home »
Musicas Gospel
» Analise da canção “Ressuscita-me” da @aline_barros por @CiroZibordi
Analise da canção “Ressuscita-me” da @aline_barros por @CiroZibordi
A canção “Ressuscita-me” tem sido bastante entoada pelos evangélicos. Sua melodia é bonita e envolvente — admito —, mas a sua letra está de acordo com as Escrituras? Tenho recebido vários pedidos por e-mail para analisá-la. E resolvi atender a essas solicitações.
Adianto que esta abordagem respeita a licença poética, mas prioriza a Palavra de Deus (1 Co 4.6; At 17.10,11; Gl 1.6-8). Afinal, como crentes espirituais, devemos discernir bem tudo (canções, pregações, profecias, milagres, manifestações, etc.), a fim de retermos somente o que é bom (1 Co 2.15; 1 Ts 5.21).
“Mestre, eu preciso de um milagre. Transforma minha vida, meu estado. Faz tempo que eu não vejo a luz do dia. Estão tentando sepultar minha alegria, tentando ver meus sonhos cancelados”. Não vejo problemas no início da composição em análise, visto que todos nós, mesmo salvos, passamos por momentos difíceis em que nos sentimos perseguidos, isolados, como que presos em um lugar escuro, sufocante, “no vale da sombra da morte” (Sl 23.4). Nessas circunstâncias, é evidente que ansiamos por um grande milagre.
“Lázaro ouviu a sua voz, quando aquela pedra removeu. Depois de quatro dias ele reviveu”. Aqui, como se vê, a construção frasal não ficou boa. Quem removeu a pedra? Com base na licença poética, prefiro acreditar que o compositor referiu-se aos homens que removeram a pedra, naquela ocasião (Jo 11.39-41), haja vista Lázaro, morto e amarrado, não ter a mínima condição de fazer isso — segundo os historiadores, aquela pedra pesava cerca de quatro toneladas.
A oração cantada prossegue: “Mestre, não há outro que possa fazer aquilo que só o teu nome tem todo poder. Eu preciso tanto de um milagre”. Algum problema, aqui? Não.
“Remove a minha pedra, me chama pelo nome”. Os problemas começam aqui. Se o compositor tomou a ressurreição de Lázaro como exemplo, deveria ter sido fiel à narrativa bíblica. É claro que Deus remove pedras grandes, como ocorreu na ressurreição do Senhor Jesus (Mc 16.1-4). Mas, no caso de Lázaro, quem tirou a pedra foram os homens, e não Deus (Jo 11.41)!
Aprendemos lições diferentes com as circunstâncias que envolveram as aludidas ressurreições. Fazendo uma aplicação espiritual, há algumas pedras que Deus remove (como na ressurreição de Jesus), mas há outras que o ser humano deve revolver (como na ressurreição de Lázaro). Em outras palavras, Deus faz a parte dEle, e nós devemos fazer a nossa (Tg 4.8; 2 Cr 7.13,14).
“Muda a minha história. Ressuscita os meus sonhos. Transforma a minha vida, me faz um milagre, me toca nessa hora, me chama para fora”. Clichês comerciais e antropocêntricos não podem faltar em gospel hits: “muda a minha história”, “sonhos”, etc. Como já falei muito sobre esse desvio em meu livro Erros que os Adoradores Devem Evitar, evitarei ser ainda mais “antipático”. Mas é importante que os compositores cristãos aprendam que os hinos devem ser prioritariamente cristocêntricos.
“Ressuscita-me”. Aqui vejo a principal incongruência do cântico, a qual não pode ser creditada à licença poética. Pedir a Deus: “ressuscita os meus sonhos”, no sentido de que eu me lembre das suas promessas e volte a “sonhar”, a ter esperança, a aspirar por dias melhores, etc. — a despeito do que afirmei sobre o antropocentrismo —, até que é aceitável. Mas não posso concordar com a súplica: “Ressuscita-me”. Por quê? Porque o salvo em Cristo já ressuscitou, espiritualmente, e não precisa ressuscitar de novo!
Quer dizer, então, que a aplicação feita pelo compositor é contraditória? Sim, pois, em Colossenses 3.1, está escrito: “se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus”. O que é o novo nascimento? Implica morte para o pecado (Cl 3.3) e ressurreição para uma nova vida (Rm 6.4). Essa analogia da nossa preciosa salvação — pela qual temos a certeza de que estamos mortos para o pecado e já ressuscitamos para o nosso Deus — não pode ser posta em dúvida para atender a anseios antropocêntricos. Por isso, a oração “Ressuscita-me” se torna, no mínimo, despropositada.
Alguém poderá argumentar: “Ora, a Bíblia não diz, em 1 Coríntios 15, que vamos ressuscitar? Por que seria errado pedir isso para Deus?” Bem, o sentido da ressurreição, no aludido texto paulino, é completamente diferente do mencionado na composição em apreço. Paulo referiu-se à ressurreição literal daqueles que morrerem salvos, em Cristo (vv.51-55; 1 Ts 4.16,17). Hoje, em vida, não esperamos ser ressuscitados, pois já nos consideramos “como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.11).
Amém?
Ciro Sanches Zibordi
Related Posts:
“PRA SER FELIZ”: UM PARALELO ENTRE O SERTANEJO DE DANIEL E O EVANGELHO DE JESUS Por Antognoni Misael Eu não curto muito o estilo sertanejo de ser. Só que ontem me apresentaram este vídeo abaixo, então o conteúdo sobrepujou a forma… Queridos, em tempos onde o cardápio Gospel entoa refrões humanista… Read More
Crítica às canções evangélicas “vingativas” faz sucesso no Youtube Bruno Sander Músicas evangélicas que fazem sucesso nas rádios e emocionam o público quando são cantadas nas igrejas nem sempre trazem mensagens com referências bíblicas ou que adorem ao nome do Senhor. Nos… Read More
Ao comparar entrevistas de Nelson Ned e Thalles Roberto a Jô Soares, colunista questiona a relevância dos artistas gospel da atualidade No dia 05 de janeiro faleceu o cantor Nelson Ned. Conhecido como “o pequeno gigante”, o cantor, que chegou a vender mais de 45 milhões de álbuns no auge da sua carreira, se converteu ao evangelho no início da década de 90 e… Read More
DESMISTIFICANDO A SANTA MÚSICA GOSPEL Para muitos crentes, a música gospel é santa, pura e imaculada. Muitas vezes até superior às Escrituras, pois doutrinas são elaboradas com base em letras de músicas gospel, e não na Bíblia, e i… Read More
Show superfaturado de Fernanda Brum coloca secretária de Cultura de Cachoeiro-ES no banco dos réus O Ministério Público denunciou e a Justiça acatou ação de superfaturamento por um show da cantora gospel Fernando Brum Cristiane Fagundes ParisSecretária da PMCI, autoizou contratar O Ministério Público denunciou e a Just… Read More
3 comentários:
Comenta! Elogia! Critica! É tudo para o Reino!
Considere apenas:
(1) Discordar não é problema. É solução, pois redunda em aprendizado! Contudo, com modos.
(2) A única coisa que eu não aceito é vir com a teologia do “não toque no ungido”, que isto é conversa para vendilhão dormir... Faça como os irmãos de Beréia e vá ver se o que lhe foi dito está na Palavra Deus!
(3)NÃO nos obrigamos a publicar comentários ANÔNIMOS.
(5) NÃO publicamos PALAVRÕES.
“Mais importante que ser evangélico é ser bíblico” - George Knight .
Essa é mais uma entre tantas músicas onde o centro e o eu e com sucesso para agora, já imediatamente. São letras comerciais para atingir o emocional do povo, que acaba perdendo o sentido da música que é louvar ao Senhor.
ResponderExcluirLuís
Concordo plenamente. Ótima análise. Acho ainda que a primeira parte é estranha de ser cantada por um cristão que vive uma vida espiritual diária "faz tempo que eu não vejo a luz do dia". Esta parte só pode ser cantada ou por novos ou por desviados né, fala sério.
ResponderExcluirOutra coisa é q não consigo aceitar o fato de uma pessoa com conhecimento na Palavra, com uma assessoria, com uma influência nacional, aceitar cantar algo tão distorcido da Palavra de Deus. Só por dinheiro? Misericórdia! Será q eles não analisam letras? Quem manda é a gravadora?
sim concordo ,e gostaria de saber posta pra gente uma letra que esteja plenamente de acordo com a palavra do senhor jesus. obrigado fica na paz!
ResponderExcluir