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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

27 de agosto de 2009

Quem És Tu, Que Julgas o Servo Alheio?

Autor: Pr. David Cloud1
Tradução: Walter Andrade Campelo


Mateus 7:1-5
"Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão".
Primeiro, Jesus não está condenando todo tipo de julgamento; Ele está condenando o julgamento hipócrita (Mt. 7:5).


Que Cristo não está condenando todo tipo de julgamento é evidente pelo contexto. No mesmo sermão Ele avisou sobre os falsos mestres (Mt. 7:15-17) e falsos irmãos (Mt. 7:21-23). É impossível ter cuidado com falsos profetas e falsos mestres sem julgar doutrina e prática comparando-as com a Palavra de Deus.


Que Cristo não está condenando todo tipo de julgamento é também evidente pela comparação de Escritura com Escritura. Em outras passagens somos ordenados a julgar. Devemos julgar segundo a reta justiça (Jo. 7:24). Devemos julgar todas as coisas (I Co. 2:15-16). Devemos julgar o pecado na igreja (I Co. 5:3,12), disputas entre irmãos (I Co. 6:5), pregação (I Co. 14:29), aqueles que pregam falsos evangelhos, falsos cristos, e falsos espíritos (II Co. 11:1-4), as obras das trevas (Ef. 5:11), e profetas (I Jo. 4:1).


Romanos 14:4
"Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar".
Esta passagem é freqüentemente abusada por aqueles que participam de movimentos ecumênicos. É dito que este verso nos proíbe de expor pecado e erro e comprometimento. É dito, além disso, que o verso ensina que muitas das verdades da Bíblia são "não-essenciais" ou "não-fundamentais" no sentido de como lidamos com elas.


Um pastor escreveu-me e disse:


"Romanos 14 é provavelmente a passagem mais violentada por aqueles de nós que se intitulam 'fundamentalistas' (observe que eu me incluo). Nós temos ou passado por cima deste capítulo ou dado a ele uma pecaminosa interpretação superficial e dançado ao redor de seus poderosos mandamentos sobre como lidar com diferenças a respeito de doutrinas 'secundárias' dentro da igreja. Por 'secundária' não quero dizer 'sem importância'. Eu preciso estar 'plenamente persuadido' sobre todos os pontos bíblicos controversos, ainda que deva receber bem e não julgar ou menosprezar aqueles que têm opinião diferente sobre alguns deles".
A isto eu dei a seguinte resposta:


"Romanos 14 é uma importante passagem, mas não tem nada a ver com a idéia de que há coisas nas Escrituras de valor secundário no sentido de como devemos lidar com elas. Os dois exemplos claramente dados pelo Apóstolo são comer carnes e guardar dias santos. Não há absolutamente nenhuma exigência recaindo sobre o Cristão do Novo Testamento a este respeito. Deste modo, Romanos 14 está tratando de como devemos lidar com assuntos NÃO ENSINADOS NAS ESCRITURAS. Em assuntos nos quais Deus não tem falado, eu devo dar liberdade. Nos assuntos nos quais Deus tem falado, a única liberdade é a obediência. Você está errando o alvo no entendimento desta passagem".
Tiago 4:11-12
"Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?"
Como Mateus 7:1, Romanos 14:4, e I Coríntios 4:5, Tiago 4:11 é freqüentemente mau usada pela multidão ecumênica para dar suporte à sua falsa doutrina de que Cristãos são proibidos de julgar doutrina e prática. Fazer estes versos ensinarem que Cristãos não podem nunca julgar joga a Bíblia em confusão. Há um julgamento certo e um julgamento errado. Muitos versos nos ordenam que julguemos com julgamento justo (Lucas 12:57, João 7:24, I Co. 2:15). Nós devemos julgar pregação (I Co. 14:29), pecado nas igrejas (I Co. 5:3), disputas nas igrejas (I Co. 6:5), pecado em nossas próprias vidas (I Co. 11:31), falsos mestres (Mt. 7:15, Rm. 16:17), espíritos (I Jo. 4:1), etc.


Quando, então, está Tiago proibindo? O contexto esclarece o assunto.


Primeiro, Tiago está tratando do falar mal (Tg. 4:11). Julgamento apropriado é falar a verdade em amor. A verdade não é má e falar a verdade em amor não é mal. O tipo de julgamento condenado por Tiago é julgar no sentido de rebaixar, transmitir informações oficiosas, e difamar. É julgar com má intenção. Quando alguém julga biblicamente o pecado e o erro, nunca é com o desejo de ferir as pessoas. Os fariseus julgaram Jesus desta forma má (Jo. 7:52). Os falsos mestres na Galácia e em Corinto julgaram Paulo desta mesma forma, tentando rebaixá-lo ante os olhos das igrejas (II Co. 10:10).


Segundo, Tiago está se referindo ao julgamento feito de um modo que é contrário à lei de Deus (Tg. 4:12). Isto se refere a julgar outros pelos padrões humanos e não pelos divinos, colocando desta forma a si mesmo como o legislador. Os fariseus fizeram isto quando julgaram Jesus por suas tradições (Mt. 15:1-3). Por outro lado, quando um crente julga as coisas pela Palavra de Deus, de forma santa e com compaixão, ele não está exercendo seu próprio julgamento; ele está julgando pelo julgamento de Deus. Quando, por exemplo, digo que é errado a uma mulher ser pastor, este não é o meu julgamento, é o de Deus (I Tm. 2:12).

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