Se fosse procurada, feiticeira disse que sorte da seleção da África do Sul poderia ter sido outra

Donos de poderes divinos, mas bem conscientes da realidade em que vivem, os feiticeiros do Mercado de Faraday estão preocupados, como de resto todo o país, com a situação da África do Sul na Copa do Mundo. “Eu poderia ajudá-los”, diz a curandeira Ntombizonke Mpanza. “Mas o time nunca me consultou”, lamenta.
Nesta terça-feira, a África do Sul faz um jogo de vida ou morte contra a França. Precisa vencer por um bom placar e torcer para que Uruguai e México não empatem. Só um milagre, de fato, classifica a seleção anfitriã para as oitavas de final.
“Há um feitiço muito conhecido que ela poderia fazer”, explica um colega de Ntombizonke Mpanza, que não se identifica. “Cada vez que a bola vem na direção do goleiro adversário, ele vê um leão e se abaixa, com medo”, diz.
Difícil saber o que é verdade e o que é enganação no Mercado de Faraday. Ntombizonke Mpanza nos apresenta a sua assistente, uma sorridente curandeira, que exibe um dente de ouro no lugar de um dos dentes da frente. “Ela é irmã do Tshabalala”, diz, referindo-se a um dos craques da seleção de Carlos Alberto Parreira.
Pergunto a ela quantos irmãos têm o jogador. “Muitos”, ela responde. “Somos uma família muito grande”. Peço que ela soletre seu nome e, com a ajuda de um tradutor, ela anota: “Elisa Shabalala”, sem o “tê” do nome do jogador.
Ntombizonke Mpanza trabalha com ervas, ossos e carcaças de animais. Combina-os, de acordo com as necessidades, tritura o material e oferece poções que podem ser bebidas ou usadas para banhos de imersão. A feiticeira não dá detalhes, mas assegura curar Aids e câncer. “Coloca na sua reportagem. Quem sabe você não me arruma clientes do Brasil”, diz, sorridente.
Quanto custa uma consulta com a curandeira? “Primeiro, eu ouço a pessoa. Vejo o quanto ela está doente. Quando chega aqui, normalmente, a pessoa já gastou muito dinheiro com outros tratamentos”, diz. Para um paciente com dificuldades financeiras, Ntombizonke Mpanza diz cobrar um mínimo de 250 rands (cerca de R$ 60). Remédios para insônia e impotência estão entre os mais solicitados no Mercado de Faraday. “E também epilepsia e hemorróidas”, acrescenta a curandeira.
Pergunto a Ntombizonke Mpanza como ela virou curandeira. “Comecei, como todos, ficando doente. Por muito tempo, tomei todos os remédios e nada funcionou. Até que, um dia, ouvi a voz de um ancestral, que me deu recomendações”, conta. Ao longo do treinamento, diz, passou por provações duras. “Você tem que acordar as três da manhã e tomar banho gelado, mesmo no inverno”, revela. “E não pode ver nenhum homem até completar a preparação”.
E quanto tempo demora para virar um curandeiro? “Depende do espírito que está dentro de você”, ela responde.
Curandeiros
O curandeiro sul-africano é uma espécie de doutor tribal, função criada há centenas de anos em culturas negras locais como Zulu e Xhosa. Na época não existiam médicos para atender à população. Os curandeiros eram chamados para resolver desde problemas sérios de saúde até questões amorosas e financeiras.
Mesmo nos dias de hoje, eles continuam muito populares. Em Khayelitsha, cerca de 60% dos habitantes frequentam os curandeiros, mesmo quem também utiliza os tratamentos convencionais. A justificativa segundo Thabang Titotti, que promove passeios guiados para turistas na comunidade, é que boa parte das pessoas que moram em Khayelitsha migraram de regiões rurais e, por isso, ainda são apegadas às tradições.
- O curandeiro é muito respeitado entre os moradores, o que ele prescreve é levado à risca por todos - ressaltou Titotti.
Com informações de UOL/ G1/ OGalile
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