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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

10 de junho de 2010

Os apóstolos (atuais)... Considerações

Começa hoje uma micro-série aqui no blog sobre o verdadeiro apostolado. Além das denúncias que tenho feito no blog, acho importante que seja dado também o ensino sobre este tema. Minha base é a Teologia Sistemática de Wayne Grudem. 

Quando sabemos o emprego da palavra apóstolo no Novo Testamento, fica simples respondermos a pergunta: existem apóstolos hoje?

A palavra apóstolo pode ser usada em um sentido amplo ou restrito. Em sentido amplo, ela significa "mensageiro" ou "missionário pioneiro". Mas em sentido restrito, que é o mais comum no Novo Testamento, refere-se a um ofício específico, "apóstolo de Jesus Cristo". Esses apóstolos tinham autoridade única para fundar e liderar a igreja primitiva e podiam falar e escrever a palavra de Deus. Muitas de suas palavras escritas tornaram-se as Escrituras do Novo Testamento.
Para se qualificar como apóstolo era preciso: (1) ter visto com os próprios olhos o Cristo ressurreto e (2) ter sido designado apóstolo pelo próprio Cristo. Houve um número limitado de apóstolos, talvez quinze ou dezesseis, ou alguns mais - o Novo Testamento não é explícito sobre o número. [...] Parece que nenhum apóstolo foi designado depois de Paulo e, certamente, já que ninguém hoje pode preencher o requisito de ter visto o Cristo ressurreto com os próprios olhos, não há apóstolos hoje. [...]
Embora alguns hoje usem a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado e proveitoso, porque simplesmente confunde quem lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali atribuída ao ofício de "apóstolo". [...] Se alguns, nos tempos modernos, querem atribuir a si o título de "apóstolo", logo levantam a suspeita de que são motivados por um orgulho impróprio e por desejos de auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo de ter na igreja mais autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente ter.

Wayne Grudem, Teologia Sistemática (p. 764)

Segundo artigo da micro-série O verdadeiro apostolado. Novamente, Grudem nos dá uma posição bíblica sobre a questão dos milagres no apostolado.
No contexto mais amplo do Novo Testamento, fica claro que outros além dos apóstolos realizavam milagres, como Estevão (At 6,8), Filipe (At 8,6-7), cristãos das várias igrejas da Galácia (Gl 3,5) e pessoas agraciadas com dons de "milagres" no corpo de Cristo em geral (1Co 12,10;28). Os milagres, como tais, não podem ser considerados sinais exclusivamente dos apóstolos. Na verdade, os "operadores de milagres" e os agraciados com os "dons de cura" são de fato distinguidos dos "apóstolos" em 1Coríntios 12,28: "A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar..." [...]
O argumento de que muitos outros cristãos do Novo Testamento operavam milagres é às vezes rebatido pela alegação de que somente os apóstolos e os que eram muito ligados a eles, ou aqueles em quem os apóstolos impunham as mãos, é que operavam milagres. Contudo, isso na verdade prova bem pouca coisa, pois a história da igreja do Novo Testamento é a história daquilo que se fez por meio dos apóstolos e das pessoas intimamente ligadas a eles. Pode-se formular argumento semelhante sobre a evangelização e sobre a fundação de igrejas: "No Novo Testamento, as igrejas só eram fundadas pelos apóstolos ou por pessoas muito ligadas a eles; portanto, não devemos fundar igrejas hoje".
Wayne Grudem, Teologia Sistemática (p. 294).

Esta é a última parte da micro-série sobre O verdadeiro apostolado. Para fixar bem a mensagem, este artigo tem algumas declarações dos auto-entitulados apóstolos brasileiros, demonstrando a gritante distância entre estes senhores e os verdadeiros apóstolos.
Grudem (Teologia Sistemática, p. 293) utiliza 2Co 12,12 para lembrar os sinais de um apóstolo:
Não precisamos adivinhar quais são esses sinais, pois noutra passagem de 2 Coríntios Paulo nos diz que o distinguia como verdadeiro apóstolo:
  1. poder espiritual no conflito contra o mal
  2. zeloso cuidado pelo bem-estar das igrejas
  3. verdadeiro conhecimento de Jesus e dos desígnios do seu evangelho
  4. auto-sustento (desprendimento)
  5. não tirar vantagem das igrejas; não atingir as pessoas fisicamente
  6. sofrimentos e dificuldades suportadas por Cristo
  7. ser arrebatado ao céu
  8. contentamento e fé para suportar o espinho na carne
  9. extrair força da fraqueza
[...]
Importa notar que nessa lista Paulo não arrola milagres para provar a legitimidade do seu apostolado. De fato, a maior parte das coisas que ele menciona não o distinguiria de outros cristãos verdadeiros. Mas essas coisas realmente o distinguem dos servos de Satanás, os falsos apóstolos que não são em absoluto cristãos: suas vidas não são marcadas pela humildade, mas pelo orgulho; não pelo desprendimento, mas pelo egoísmo; não pela generosidade, mas pela ganância; não por buscar o benefício dos outros, mas por tirar sua força natural; não por suportar o sofrimento e as dificuldades, mas por buscar o próprio conforto e bem-estar.

Os sinais dos apóstolos brasileiros...
não pela humildade, mas pelo orgulho
Na convenção internacional da qual faz parte, ele [Miguel Ângelo] tem a incumbência de ser o apóstolo para as igrejas de língua portuguesa. “Sou a voz de Deus em português para o mundo. Tenho coberto com o manto apostólico diversos ministérios pastorais na África e em outros continentes”, afirma, esbanjando convicção.
Revista Enfoque sobre os apóstolos brasileiros (2006).




não pelo desprendimento, mas pelo egoísmo
Subiu ainda mais o tom quando o assunto foi o tema “Pai Espiritual”. Estevam expressou seu enorme descontentamento com as discussões internas diante da adoção / orientação acerca desta nova forma dos membros se dirigirem a sua ilustre pessoa.[...] e encerrou a questão: “… eu tenho direito, em vocês, para ser chamado de pai, pois a Palavra foi ministrada a vocês por mim, o apóstolo…”.
Reportagem do Genizah sobre Estevam Hernandes (2010).



não pela generosidade, mas pela ganância
Apesar do perfil pobre do público, os pregadores não hesitam em estabelecer valores altos para as contribuições. Valdemiro já pediu até 30% da renda do fiel, o que foi batizado de “trízimo” : “Você vai dizer para Deus o seguinte: ‘Senhor, 70% de tudo o que o Senhor me der neste mês é meu. E 30% são da sua obra’”, disse. Depois, associou o “30” à “Santíssima Trindade”. 
Revista Época em reportagem sobre a IMPD (2010).



não por buscar o benefício dos outros, mas por tirar sua força natural
“Herodes questionou a identidade de Jesus e foi comido por bichos. João Batista questionou a identidade de seu líder Jesus e por isso perdeu a cabeça. Todo aquele que duvida da identidade do líder perde a legitimidade e o legado da liderança de Jesus”, disse o Apóstolo. [...]
"Então não questione o EU SOU na sua vida, não questione a identidade do seu líder , e não questione a sua identidade de nova criatura em Cristo”, finalizou o Ap. Renê Terra Nova.
Rene Terra Nova em seu blog (2009)


não por suportar o sofrimento e as dificuldades, mas por buscar o próprio conforto e bem-estar
“Eles costumavam gastar mensalmente entre R$ 500 mil e R$ 600 mil só com despesas pessoais”, diz o promotor Marcelo Mendroni. Eram freqüentadores de restaurantes como Fogo de Chão e Rubaiyat e clientes de lojas de grife como a Ermenegildo Zegna, do Shopping Iguatemi, e a megabutique Daslu.
Revista Época sobre os Hernandes (2007).

Fonte: Nani e a Teologia

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