Por Vera Siqueira
A TV foi invadida pelos reality shows, programas onde mostram o dia-a-dia de pessoas comuns ou celebridades, uma espécie de zoológico humano. Na Globo temos o famigerado BBB em sua décima edição, na Record temos o Ídolos e A Fazenda, no SBT o Esquadrão da Moda, e temos até canais por assinatura especializados em reality's, como o Discovery Home and Health e o People and Arts (confesso que, nesse meu período "preferencial", tenho assistido a muitos programas sobre bebês e babás, para ver se ganho alguma experiência).
Porém, a novidade do momento em termos de reality shows ocorrerá dia 6 de março na Rede TV, com o Desafio da Música Gospel, uma espécie de Ídolos ou Fama para crentes. Apresentado pelo casal neoevangélico Andréia Sorvetão e Conrado, seguirá o mesmo formato de seus antecessores seculares: provas para qualificação dos candidatos e depois treinos, ensaios, aulas de música que aperfeiçoarão seu dom, culminando em apresentações com caráter eliminatório, onde a cada dia um participante deixará o programa, restando um vencedor final. O programa promete distribuir cerca de R$ 5 milhões em prêmios. Segundo o site O Fuxico, a inscrição de cada participante será de R$ 70,00.
Mas e aí? Algum problema?
Todos.
A questão é: quem estará participando? Simples apreciadores do gênero gospel, ou crentes que adoram a Deus através de sua música? Com certeza, serão crentes, e para esses fica a pergunta: é lícito comercializar com um dom que Deus nos deu para Sua adoração? É lícito buscarmos fama e dinheiro em nome de Deus (pois as músicas a serem cantadas serão em Sua homenagem)? Na Bíblia descobrimos que Deus não divide Sua glória com ninguém. Por que queremos agradar a Deus por um lado, mas buscar glória pessoal por outro?
Outra coisa: como selecionar o melhor "adorador"? Será que cantar afinado e bonito significa estar fazendo o melhor para Deus? E se o quesito em questão é apenas o talento musical, não seria mais honesto deixar o nome de Deus bem longe disso tudo?
Infelizmente, Deus hoje tem sido para muitos apenas meio de se obter privilégios. Seja através da luciferiana teologia da prosperidade, seja através de reality shows gospel, o nome de Deus serve apenas como desculpa para sermos mais abençoados financeiramente, o que nos faz mais amigos do mundo, quando na verdade deveríamos, como povo de Deus, ser estrangeiros nele.
Viver nesse mundo não significa adotar os valores desse mundo; ao contrário, Jesus nos chama para ser sal e luz, para dar gosto e iluminar o ambiente, não para aceitarmos passivamente o que nos é apresentado. Porém, cada vez mais os crentes trocam Cristo pelas benesses que esse mundo que jaz no maligno pode nos oferecer.
Judas trocou Cristo por 30 moedas de prata. Nós o trocamos pelas bênçãos materiais e pelo sucesso pessoal. Em que nos diferimos? Em nada. Minto. Judas é muito melhor do que nós, pois este pelo menos se arrependeu e tentou devolver as moedas. Já nós, que também nos dizemos seguidores fiéis de Cristo, guardamos cada moedinha e ainda buscamos mais, sempre usando o nome de Deus da forma mais manipuladora possível.
Tenho nojo de artistas gospel, seja cantores ou pregadores. Me dá asco ver celebridades gospel usando do nome de Deus para justificar seus ganhos ilegais, a compra do jatinho particular, a venda de ingressos para que os meros mortais possam assisti-los ao vivo e a cores em congressos e shows, como se fossem popstars e não mensageiros do Evangelho. E pensar que Jesus, nosso exemplo maior, nunca buscou fama ou riquezas, ao contrário, buscava apenas nos mostrar o Pai através Dele. Mas quem hoje quer ver o Pai, se pode ver o crescimento de sua conta bancária particular?
Não temos mais o temor de Deus. Isso mostra que nem amor a Ele temos mais, pois Mamom já tomou conta dos nossos corações. A porta está ficando cada vez mais estreita, e cada vez menos cristãos buscam passar por ela. Por outro lado, Mamom está de braços abertos, distribuindo fama e dinheiro para todos os seus filhos odiados, mas que se sentem amados por ele. Mamom não se importa que lhe chamem de Jesus, o nome a que se dirigem é o de menos, o que realmente importa é o que está no coração, e nosso coração está a cada dia mais cauterizado em adoração ao deus desse mundo que tanto amamos, e no qual queremos ter primazia.
Não sei onde fica a Rede TV, sei que é em São Paulo, e sinceramente gostaria de estar lá, na estréia do programa, com uma faixa a ser estendida (mas que sei que não durará 10 minutos):
"VOLTEMOS AO EVANGELHO PURO E SIMPLES. O $HOW TEM QUE PARAR"
Fonte: Púlpito Cristão
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